No dia 15 de novembro de 1889, há exatamente 130 anos, os militares realizavam a Proclamação da República, destituindo Dom Pedro II do poder e proclamando um novo sistema para o Brasil, que passou de Monarquia para República. Eles eram liderados por Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente do Brasil.
O cientista social jundiaiense, Samuel Vidilli, conta que o movimento foi muito centrado no Rio de Janeiro e, portanto, o resto do Brasil não esperava pela destituição do Monarca. “A ideia inicial do Marechal não era derrubar a Monarquia, mas republicanos mais exaltados resolveram entrar nesse momento para fazer a República acontecer”, conta.
Samuel diz que na época não houve resistência e os fazendeiros e a elite brasileira apoiavam os republicanos. Eram dois os motivos: primeiro, por não concordarem com quem sucederia Dom Pedro II, a Princesa Isabel, que seria Imperatriz ao lado do seu marido, um francês. Havia uma resistência muito grande ao marido dela, por ser estrangeiro. O segundo motivo é que a escravidão havia sido abolida há pouco tempo e os fazendeiros estavam descontentes por não terem recebido nenhuma indenização ao perderem os escravos.
O Brasil, naquela época, tinha como capital o Rio de Janeiro. Dom Pedro II tinha o poder de Moderador, ou seja, moderava os outros poderes. Quem governava de fato, até então, era o Visconde de Ouro-Preto, com o cargo de primeiro-ministro.
Mas em Jundiaí, como era?
“Em Jundiaí existia a Câmara Municipal, onde homens decidiam com o Juiz Local e o Sargento Mor as questões burocráticas e as questões governamentais. Existia também uma grande gerência da igreja, que fazia registros, batizados, casamentos e óbitos. A saúde era cuidada pela Igreja. Existia esse trabalho conjunto”, continua Samuel.
A igreja da cidade era a atual Catedral Nossa Senhora do Desterro, que na época anterior havia sido reformada para os moldes atuais. A cidade se desenvolveu nos seus arredores, conforme mostra mapa de 1888.
Desde 1850, a produção cafeeira havia ganhado força na província de São Paulo, o que promoveu o crescimento de Jundiaí. Com o café vieram a ferrovia e as primeiras indústrias, incluindo a tão importante Ferrovia Santos-Jundiaí, inaugurada em 1867.
Foi nessa época que começaram a chegar também os primeiros imigrantes, para substituir a mão de obra após a abolição da escravatura, em 1888. Em Jundiaí, a maior parte desses imigrantes eram italianos.
“Os primeiros chegaram no fim da década ao bairro da Colônia, no chamado Núcleo Colonial Barão de Jundiaí, implantado pelo Conde da Parnaíba, filho do Barão de Jundiaí e presidente da Província de São Paulo naquela época”, continua o cientista social.
Lentamente, outros europeus foram instalados no comércio e na lavoura. Alguns passaram de colonos a proprietários, incrementando a atividade agrícola de Jundiaí e estimulando o crescimento comercial e industrial da cidade.
Enquanto isso, Jundiaí já se destacava como uma cidade estratégica no setor ferroviário, com a instalação da Ferrovia Santos-Jundiaí (em 1867), a Cia. Paulista de Estradas de Ferro (em 1872), da Cia. Ituana (em 1873), da Cia. Itatibense (em 1890) e a Cia. Bragantina (em 1891).
Outras curiosidades
Faziam poucos anos que o abastecimento de água tinha sido implantados em Jundiaí, contando com bicas públicas. A iluminação era feita por candeeiros de querosene.
Um dos pontos comerciais mais movimentados de Jundiaí era o Largo do Rocio, que deu lugar a atual Praça da Bandeira, na atual região central – local onde se desenvolveu inicialmente a cidade.
A Companhia Jundiana de Tecidos funcionava na época e tinha sido fundada pouco tempo antes, em 1874, por incentivo do Barão de Jundiaí. Dentre as atividades agrícolas, a cana-de-açúcar era destaque na cidade.
Foi nessa época também que a população começou a crescer, justamente pela libertação dos escravos, a vinda dos imigrantes, a Proclamação da República e o ‘boom’ das estradas de ferro. Em 1920, a população jundiaiense era de 44.437 habitantes.