Jundiaí está na final da 19ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) com o projeto técnico científico da estudante Rafaela Curcio, 18 anos. Ela criou um drone de baixo custo para análise simples da água, como parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do ensino médio integrado em química da Escola Técnica Benedito Storani (EtecBest).
Neste ano, a feira ocorre de forma virtual e a estudante de Jundiaí faz a apresentação à bancada nesta segunda (22) – coincidentemente no Dia Mundial da Água. A mostra é promovida anualmente pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), por meio do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI-Epusp).
O projeto finalista de Rafaela Curcio está precisando de “curtidas” na votação popular de seu vídeo no site da Febrace. Dá para votar, compartilhar e ajudar a estudante de Jundiaí através do link https://febrace.org.br/virtual/2021/ENG/135/.
O projeto de Rafaela tem relação com a área ambiental do curso de química, comandad0 pelo professor Ricardo Murilo de Paula. Ele convidou os alunos a desenvolver um projeto de intervenção ambiental com base nos 17 indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Rafaela formou um grupo para realizar a investigação científica da qualidade da água do córrego Bertioga, em Várzea Paulista, com base do indicativo número seis da ODS: água potável e saneamento.
Porém, o professor Ricardo Murilo – que virou coorientador do projeto – destaca as habilidades em engenharia da jovem estudante, que quis aprofundar o projeto e construir um drone para realizar o monitoramento dos parâmetros da qualidade da água do córrego. Foi então que a jovem pediu auxílio ao professor de física, José Roberto Cunha Jr, o Jota, do cursinho para vestibular que ela frequentava na época. Ele aceitou o convite e virou o orientador da estudante, ajudando-a no desenvolvimento da parte de engenharia e mecatrônica.
“Começamos construindo um drone no modelo de um catamarã, mas foi preciso fazer diversas evoluções até chegarmos ao modelo atual, que eu própria desenhei. Ele possui uma esfera em isopor com os circuitos elétricos na parte interna. Nossa ideia original era desenvolver um dispositivo simples para análise da água e de baixo custo, e conseguimos”, comemora.
Durante esse período de desenvolvimento do projeto, Rafaela também teve que conciliar o tempo com os estudos para o vestibular, além de superar o contratempo causado pela pandemia do novo coronavírus, que inviabilizou diversas reuniões e ajustes do projeto.
De química à engenheira
Rafaela sempre gostou das disciplinas de exatas, como matemática, física e química, mas o lado engenheira vem pelo gosto de montar coisas que podem ser úteis. O modelo do drone que ela desenvolveu possui um microcontrolador e dois sensores para análise do PH e a temperatura da água. O PH é importante para analisar se substâncias contaminantes estão sendo despejadas na água e o nível de gás carbônico do afluente. Todos são fatores determinantes para saber se o leito possui vida.
Toda a transmissão dos dados e controle da máquina é feito através de um software instalado no computador. Ela acredita ter gasto cerca de R$ 50o para construir a invenção. A jovem pretende aperfeiçoar a máquina, instalando um aparelho GPS e câmera em 360º para capturar imagens. “Com o tempo vou melhorar o drone, espero que a banca goste do projeto. Mas, se não ganhar, já estou feliz dele ter sido relacionado entre tantos outros para a final”.
Quebrando barreiras
O coorientador e professor Ricardo Murilo elogia a determinação da jovem estudante. Segundo ele, o projeto de Rafaela é o primeiro da EtecBest a ser selecionado para a final da Febrace, na área de engenharia. “Temos orgulho de ver o projeto da Rafaela chegando à final da Febrace, pois é uma estudante de escola pública e numa área de engenharia predominantemente dominada por homens. Ela merece por ser uma aluna organizada e disciplinada”, destaca o educador.
Além de estar ansiosa para a apresentação do projeto para a bancada da Febrace na próxima segunda-feira, Rafaela também aguarda o resultado do vestibular da Fuvest, previsto para ser divulgado no próximo dia 29. A estudante de Jundiaí prestou para o curso de engenharia mecatrônica para seguir carreira na área de robótica e programação. Boa sorte!