A ilusão da concorrência na era dos poderosos monopólios globais
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Opinião

A ilusão da concorrência na era dos poderosos monopólios globais

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Atualizado há

Foto: Canva Pro

A ciência econômica define a concorrência até como perfeita e aponta algumas características as quais são nocivas para os empresários em um ambiente de mercado competitivo e com necessidade constante de inovação. Entre as particularidades dessa estrutura de negócios está em ter um número grande de empresas que ofertampara uma boa quantidade de consumidores. Por haver diversas opções, os compradores tem o poder de escolher o produto/serviço que mais lhe convém, enquanto a empresa é obrigada a trabalhar em sintonia de qualidade e preço com as concorrentes, realmente é um sonho.

Na realidade acontece que empresas vencedoras,estabelecem elevadas barreiras de entrada e saída, o que é determinante para a sua sobrevivência em ambientes instáveis. Conquistar um elevado poder de barganha na cadeia de fornecimento é o objetivo de todas as companhias, e usar como estratégia para dificultar a possibilidade de novas entrantes. A inovação tecnológica pode ser uma via para romper esse muro, porem as corporações empresariais ativam seus pentágonos de poder e estrategicamente se tornam orientadores das cadeias de produção em todo o globo, mantendo o fluxo de bens e serviços na sua órbita. Dificultando acesso as fontes de matérias primas, delineando a regulação estatal, determinado politicas de preços e até adotando a narrativa de sustentabilidade social e ambiental.

O economista e professor da Universidade de Toulose, na França, Jean TirolePrêmio Nobel de Economia de 2014 por seu trabalho sobre análise do poder e regulação de mercado é um grande defensor da mão visível do Estado na economia.Para Jean “Muitas indústrias são dominadas por um pequeno número de grandes empresas ou apenas por um simples monopólio. Deixados sem regulação, esses mercados frequentemente produzem resultados sociais indesejáveisNessa direção muitos são os exemplos, as big techs americanasApple, Google, Facebook e whatsapp que vem influenciando o comportamento das pessoas e provocando fortes debates sobre a necessidade de regulação.

Nesse inicio de século está evidente a conduta de grandes conglomerados impondo suas estratégias de dominação, ao pressionar países periféricos a privatizar suas estruturas empresarias estratégicascom a promessa de serviços melhores motivados pela possibilidade de concorrência, algo impossível em determinados segmentos econômicos. Os bense serviços sem sensibilidade à variação de preços podem ser uma arma letal se controlados por grandes empresas privadas. Outra prática erigosa desses monopólios/monopsônios são as exigências constantes de reformas nas estruturas do Estado, que passa a ser o principal carregador de riscos com impactos negativos na sociedade em geral. Algumas até se beneficiam diretamente da deterioração do tecido social e estabelecem suas próprias relações entre o patrão e o empregado, basta observar os aplicativos de transportes e de vendas online, que pouco oferece em compensação ao trabalhador. 

Essa nova ordem mundial vai promover em nações sem identidade com a resistência social, uma pobreza sem precedentes, elevando os níveis de violências e de dependências estatal, que por sua vez serão forçados a aumentar seus orçamentos para segurança policial e assistencialismo permanente.

Especificamente no caso do Brasil precisa de um movimento urgente de mudanças de rota, com um pacto principalmente entre os Poderes da República. Esse alinhamento ao Consenso de Washington continua nos levando a uma concentração derendas jamais percebido na curta historia do sistema de organização social da produção capitalista. Isso posto é uma negação a visão de Adam Smith quando afirmou que a riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes. E por vez mostra que Karl Marx foi assertivo ao afirmar que o modelo defendido pelo economista escocês a concentraçãode riquezas é natural. 

A ruptura de um modelo endógeno que apesar de algumas imperfeiçoes era possível ver a linha do horizonte, levou a economia brasileira a um beco quase sem saída, servindo de banquete para os especuladores. Como exemplos a entrega de empresas estatais de base aos fundos públicos árabes, canadenses e chineses e a politica monetária tendenciosa do Banco Central desalinhada com os fundamentos macroeconômicos, desde 2016, prejudicando o desenvolvimento do país e sustentando os lucros dos bancos.

A economia já ultrapassou a barreira da inflação de custos e a moeda doméstica se valorizando e reformas sendo bem conduzidas, pois bem, a única explicação para a manutenção da taxa de juros é a ausência de compromisso com quem verdadeiramente produz e sustenta uma estrutura estatal infestada de agentes sem compromissos com a coletividade a alinhado com oligopólio das casas bancárias.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

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O futuro dos idosos: desafios e soluções

Artigo escrito por Miguel Haddad

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Idosos dançando em par
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O envelhecimento populacional é uma realidade inegável, e suas repercussões já são percebidas de maneira contundente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2050, cerca de 2 bilhões de pessoas terão mais de 60 anos, representando um quinto da população global. No contexto brasileiro, dados do Ministério da Saúde alertam para a crescente proporção de idosos, prevendo…

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Opinião

A direita antipatriota continua vendendo o Brasil para a China comunista

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Dois homens iniciando um aperto de mãos com uma bandeira da China e uma bandeira do Brasil em cima de uma mesa
Foto: Canva Pro

Uma suposta ameaça comunista no Brasil é frequentemente levantada pela direita para, com frequência, justificar ações autoritárias e ameaças à democracia. Essas ideias vagas ainda têm força, mesmo sem histórico de um “projeto comunista” que tenha chegado a ameaçar o Estado brasileiro. Diante da dificuldade de construir planos consistentes para avançar o Brasil, usam a pecha do anticomunismo como um ponto de unificação das direitas na sua diversidade.  O discurso…

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Opinião

Privatização de setores estratégicos, ameaça à democracia, o desenvolvimento e a liberdade

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Foto: Canva Pro

O professor e historiador Donald Cohen, lançou a obra "Privatization of Everything" com uma forte reflexão sobre o papel do setor privado na sociedade global.  Para ele a privatização de empresas estratégicas nada mais é que entregar à iniciativa privada a autoridade, o controle e o acesso a bens públicos, muitas vezes extremamente necessários à população. O especialista também mostrou…

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Opinião

Dia da Indústria: CIESP Jundiaí alerta para desafios e destaca importância da educação

O Dia da Indústria reflete a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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Marcelo Cereser, diretor do CIESP Jundiaí, durante evento oficial, vestindo um terno escuro e camisa clara, expressando seriedade.
Foto: Divulgação/CIESP Jundiaí

No próximo sábado, 25 de maio, o CIESP Jundiaí comemora o Dia da Indústria, uma data que convida todos os empresários a refletir sobre a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. “A indústria é um dos pilares fundamentais da economia nacional, gerando empregos, inovação e crescimento. No entanto, enfrentamos, diariamente, desafios significativos que precisam…

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O petróleo não é o excremento do diabo e sim uma Dádiva de Deus

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Foto: Canva

Países do Oriente Médio, Nigéria, Venezuela, Irã, Angola, Congo, Argélia e Rússia são grandes produtores e exportadores de petróleo. Pertencem ou apoiam a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um organismo com viés monopolista e autoritário. Mas além da terra rica, essas nações têm outras características similares como pobreza, concentração de rendas, aversão a institucionalidade democrática e são dominados…

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