Lula é ciente da importância estratégica da Petrobras para o Brasil
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Opinião

Lula é ciente da importância estratégica da Petrobras para o Brasil

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Foto: Ricardo Stuckert/PR

A Petrobras foi fundada no governo de Getúlio Vargas para fugir dos abusos do oligopólio das Sete Irmãs, que dominavam o mercado no mundo. Avançou a passos largos atendendo a crescente demanda, sendo uma das bases para o crescimento econômico do País. Com os embargos da OPEP na década de 1970, estimulou o então Presidente Ernesto Geisel a buscar alternativas para diminuir a dependência do óleo estrangeiro investindo na prospecção de petróleo em águas profundas, feito inédito no mundo.

Geisel também estruturou grandes parques de beneficiamento de hidrocarbonetos, o que deu alguma autonomia na oferta de energia e outros derivados estratégicos para o avanço da Nação. A Companhia passou a ser tratada como a joia da coroa, mas durante as crises econômicas na década de 1990, foi quase abandona, enfrentando dificuldades com afundamento de plataformas marítimas e queda na produção.

O então Presidente Fernando Henrique tentou convencer a sociedade de que a única alternativa para salvar era entregando a preciosidade para as companhias estrangeiras. Houve muita resistência da sociedade, dos partidos políticos de oposição e até das Forças Armadas, exatamente pela relevância estratégica da empresa, o que comprometeria a soberania nacional.

Lula assume o comando do País em 2002 e rompe com o modelo privatista imposto pelo Consenso de Washington, e ciente da importância da Petrobras para seu projeto de Nação, reestruturou a Companhia apostando na prospecção de petróleo abaixo da camada de sal nas profundezas dos mares. O projeto foi muito criticado pela grande imprensa, a qual tem um histórico de combater o que é promissor para o Brasil. O ano de 2007 foi marcante para o setor de petróleo e gás brasileiro, com a confirmação das reservas de óleo de qualidade nas bacias do pré-sal.

A Petrobras desenvolveu tecnologias para explorar a riqueza, com a grana que captou em uma “operação de subscrição” de sucesso nos mercados de capitais, foi a maior captação de recursos financeiros de uma empresa na historia das bolsas de valores no mundo, uma demonstração de confiança dos mercados na sustentabilidade do projeto brasileiro. As novas fontes de petróleo e o domínio dos métodos para exploração provocaram o interesse de muitas companhias estrangeiras em investir na cadeia produtiva comandada pela gigante nacional.

A Corporação buscou parceiros para apressar o negócio e mesmo sendo impedida de avançar por um juiz trapalhão com intenções distorcidas, embargando grandes obras como o Comperj no Rio de Janeiro e a Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, não apagou o brilho da joia. É inegável a necessidade da varredura na Companhia para melhorar a governança e punir os criminosos, entretanto com responsabilidade para não prejudicar a empresa, o País e os consumidores.

A história de sucesso da Petrobras não evitou as agressões durante o governo do Presidente Jair Messias, o então ministro da economia tentou por diversas vezes liquidar a empresa, com a narrativa assustadora de que em pouco tempo os valiosos ativos, não teria valor algum. E mais uma vez a gigante resistiu às ameaças, apesar de perder algumas estruturas para os gananciosos do mercado, negando a previsibilidade de caos do perverso ministro Paulo Guedes. A turbulência era enorme, basta analisar as constantes trocas de Presidentes da companhia e as oscilações bruscas nas cotações das ações nas bolsas de valores, ocorrendo até suspensões temporárias nas negociações em diversos pregões da B3, campo fértil para insider trading uma especialidade do Guedes.

As elevações nos preços dos combustíveis e os pagamentos absurdos de dividendos aos acionistas serviram como demonstração de qual era a verdadeira estratégia do governo Bolsonaro, enriquecer uma minoria empobrecendo a sociedade e levando a economia a estagnação permanente. Uma companhia estatal de petróleo com tecnologia própria e reservas de óleo é um esteio no projeto estratégico de governantes sérios em qualquer parte do globo terrestre, mas por aqui alguns enxergam como maldição, como o ex-presidente Bolsonaro quando afirmou que a empresa atrapalhava a missão do seu governo.

Justamente quando era cobrado pela alta nos preços dos derivados e a justificativa era que não podia intervir, pois respeitava a liberdade de mercados, apenas exclusivamente nesse caso. A volta de um governo progressista em 2023 modificou a politica de preços dos combustíveis, evitando pressão sobre os consumidores e nos orçamentos dos governos estaduais, recuperando a confiança dos investidores, que percebem a importância e seriedade do trabalho feito na companhia, indicando principalmente lucratividade do portfólio, fortemente composto por projetos de petróleo e gás, principal área de atuação da empresa, além do reforço com responsabilidade em áreas de novas energias, conforme pode ser observado nos relatórios da empresa.

Os números não mentem jamais e valor de mercado da Petrobras atingiu R$ 569 bilhões na B3, a Bolsa de Valores brasileira e, com isso, a empresa registrou mais um recorde histórico, aumentando em torno de R$ 200 bilhões o valor de mercado nos últimos 12 meses. A pujança da companhia tem reflexos positivos no produto interno bruto, nas cinco variáveis da equação, e o consumo das famílias dando sinais de que em breve será o promotor do crescimento econômico o que garante estabilidade em longo prazo no mercado.

Se existe alguma maldição na geografia do petróleo não é causada pela fortuna que está no subsolo e sim pela ganância dos que administram as economias na superfície. Olhando para o Brasil apesar das inúmeras criticas a empresa estatal que explora o cabedal, desde metade do século passado, tem um histórico de competência e eficiência inclusive por superar as dificuldades na exploração em águas profundas e distribuir os derivados pelo território continental.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Everton Araújo é brasileiro, economista e professor

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Os efeitos da escravidão promovida pelos colonizadores continuam impedindo o avanço da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

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Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

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Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

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Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

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Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

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‘Policiais são, talvez, os profissionais mais fiscalizados e não saem às ruas para cometer excessos’, diz especialista

Opinião de André Santos Pereira, Presidente da ADPESP, Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo

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Policiais Militares de SP
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

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