O impacto dos impostos na competitividade da indústria
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Opinião

O impacto dos impostos na competitividade da indústria

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Foto: Divulgação Ciesp

É preocupante constatar que, entre 2011 e 2023, o Brasil foi ultrapassado por 22 nações no ranking de competitividade do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Gerencial, instituição de educação executiva da Suíça. Caímos do 38º para o 60º lugar, ficando nas últimas posições. Como temos alertado há tempos, em congruência com economistas, empresários, associações e sindicatos representativos de todos os setores, é decisivo solucionar os gargalos que dificultam cada vez mais a concorrência das empresas nacionais na economia global.

O “Custo Brasil” está asfixiando o Brasil… Estudo do Boston Consulting, em parceria com entidades de classe, bem como dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) demonstram que operar em nosso país despende cerca de R$ 1,7 trilhão por ano a mais do que a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nessa conta, os impostos têm peso expressivo. Consulta pública feita recentemente pelo MDIC mostra que os tributos são responsáveis por 20% dos ônus que recaem sobre os setores produtivos.

Por isso, a reforma tributária sobre o consumo, sancionada no ano passado, é tão importante, principalmente para a indústria, setor mais apenado pelo atual sistema, arcando com mais de 30% dos impostos totais, embora represente apenas cerca de 11% do PIB. Esperamos que, na regulamentação da emenda constitucional e estabelecimento das alíquotas, sejam reduzidas as exceções e benesses, de modo que todos possam pagar menos. Não se admite um aumento da carga em relação ao muito que os brasileiros já recolhem hoje aos cofres da União, estados e municípios. Sem esquecer, claro, da reforma administrativa, reduzindo o tamanho do Estado.

É preciso lembrar que os efeitos práticos da reforma somente serão sentidos de modo pleno em 2033, numa lenta transição, que terá início em 2026. Até lá, precisamos chegar vivos. Assim, é fundamental não agravar os impactos dos impostos na competitividade de nossa economia, especialmente da indústria, que concorre nos segmentos de bens e produtos com os maiores valores agregados, disputando os mercados externo e interno, sendo este cada vez mais prospectado por fabricantes de todo o mundo, em especial da Ásia.

Fica claro ser necessário implementar políticas públicas capazes de atenuar o impacto tributário e reparar, sempre que possível, seus efeitos danosos. É o que temos defendido no Ciesp e na Fiesp perante o poder público. Um exemplo nesse sentido é o programa Acordo Paulista, lançado, na sede das entidades, pela Procuradoria-Geral de São Paulo, que permitirá o parcelamento em até 145 vezes e descontos de até 100% dos juros de mora dos débitos referentes a impostos estaduais inscritos na dívida ativa. A iniciativa estimula a criação de ambientes de conciliação para pessoas físicas, empresas micro, de pequeno porte e em recuperação judicial.

Com o mesmo empenho no sentido de evitar que os tributos sufoquem ainda mais as indústrias, estamos preconizando, perante o Governo Federal, a revogação da isenção do Imposto de Importação sobre vendas de até 50 dólares feitas pelas plataformas internacionais de e-commerce. O benefício, concedido desde agosto de 2023, estabelece uma situação de concorrência desigual para as empresas brasileiras, com claras consequências na produção e criação de postos de trabalho.

A indústria foi um dos setores que mais se mobilizaram para que o Brasil, depois de 30 anos de postergação, realizasse uma efetiva reforma tributária sobre o consumo, nivelando-se às economias mais avançadas nesse quesito tão decisivo para o crescimento sustentado e o desenvolvimento. Agora, precisamos garantir que o novo sistema tenha pleno êxito e que, durante a demorada transição, o País, suas empresas e sua indústria mantenham-se com um mínimo de capacidade de concorrer com fabricantes e exportadores de todo o mundo, inclusive de países que concedem subsídios e têm custos muito menores do que os nossos nas áreas trabalhista e ambiental.

É uma questão determinante para nosso futuro. Queremos construí-lo com respeito à sustentabilidade socioambiental, trabalho digno, valorização da diversidade, equidade e inclusão. Por isso, precisamos ser competitivos.

*Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

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Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

As projeções para a economia brasileira são positivas e o governo aproveita para promover as suas conquistas dando publicidade para a posição do Brasil no ranking das maiores economias global, e com isso vai camuflando o problema endêmico da distribuição de rendas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024…

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Opinião

Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

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Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

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Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

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Opinião de André Santos Pereira, Presidente da ADPESP, Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo

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Policiais Militares de SP
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

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A destruição criativa é o grande desafio para os gestores públicos e privados

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Foto: Canva Pro

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