O desenho fiscal de Haddad é compatível com a natureza da economia
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Opinião

O desenho fiscal de Haddad é compatível com a natureza da economia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Fernando Haddad
Foto: José Cruz/Agência Brasil

A Escola de Viena enfatiza que o capitalismo é um processo de destruição criativa, no entanto é preciso reconhecer que o sistema continua maravilhosamente produtivo. O problema central é que entre as coisas que foram destruídas no processo de transformação capitalista, está também o estilo de vida. Como a devastação é um processo continuo de sobrevivência da ordenação em questão e apontada por Karl Marx como autodestrutiva esse pode ser o ultimo estágio desse modelo de organização social da produção se não corrigir a rota e os sobreviventes vão carregar sequelas graves. As insatisfações coletivas e individuais principalmente no ocidente são sinais claros de que é urgente a necessidade de repensar o contrato social para o capitalismo, de modo que ele se torne mais inclusivo de um conjunto mais amplo de interesses muito além do que já temos.

As cobiças individuais tem estimulado o surgimento de grupos antagônicos, defendendo posições muitas das quais perigosas para estabilidade social. Faz-se necessário recorrer ao pensamento de Rousseau para entender os apelos de grupos ditos liberais que agridem o Estado de Direito apontando como solução a queda da soberania popular e a imposição de regras excludentes impostas por um suposto rei absolutista representante de suas posições rudes.  Isso vai rasgar o contrato social ao invés de melhorar o que pode evitar a profecia de Marx. Será a subversão do papel do Estado pra fazer valer a vontade de um individuo, com apoio de uma parcela da coletividade, o que exatamente levará ao arrebentamento dos pilares da democracia para satisfazer a poucos integrantes da sociedade, como apontado pelo Pensador francês. Não faltam exemplos de modelos políticos totalitários sustentados por sistemas econômicos excludentes, praticados sem sucesso coletivo em alguns cantos do planeta.

Acredito que Lula deu total liberdade a Fernando Haddad para conduzir seu terceiro mandato, por entender que apenas a democracia garante alguma liberdade aos indivíduos, diante de um sistema capitalista que vem devastando ecossistemas sociais como furação e se utilizando ate da ingenuidade da maioria manipulada com forte apelo de ascensão social imediata. Essa narrativa não passa de uma forma de controle e exclusão das massas que acreditam na santidade do mérito e assumem a culpa plena pela própria desgraça. Haddad um estudioso que já revisou uma infinidade de literaturas pode amenizar os problemas sociais que a economia dita moderna naturalmente vai causar.

O esqueleto fiscal que apresentou para os agentes econômicos foi bem avaliado por quem tem interesses diretos como, os manufatureiros, comerciantes, financiadores e financistas. Cabe lembrar que uma parte da oposição radical e os desenvolvimentistas da base de apoio do governo até tentaram tumultuar, porem dada a seriedade na confecção das bases do arcabouço fiscal, perderam força. No entanto a primeira etapa foi de sucesso e os próximos passos dependem das articulações nas casas de Leis.  Acredito que será necessário cobrar responsabilidades aos agentes públicos para que a economia brasileira possa avançar se adaptando as transformações naturais do capitalismo. A sociedade necessita apenas de oportunidades para conduzir suas vidas com dignidade, e inclui-los no orçamento seja através do fornecimento de serviços públicos de qualidade para não depender dos auxílios permanentes de rendas. Infelizmente os filhos da “bolsa família” já estão compondo a lista de dependentes, o que não era esperado. Espero um governo responsável que possa atender as expectativas de todos os brasileiros, sem distinção e espante de vez essa sanha antidemocrática que é filha legitima da ausência de homens e mulheres de Estado. Chega de planos de governos, precisa de projetos permanentes de Estado,

“Nosso egoísmo é, em grande parte, produto da sociedade”. Émile Durkheim

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

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Opinião por Miguel Haddad: Inundações no RS e o papel das cidades na luta contra o desequilíbrio do Clima

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Visão aérea de Porto Alegre - RS alagada
Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

O Rio Grande do Sul sofre nos últimos dias pela série de inundações devastadoras, resultantes das incessantes chuvas que assolaram a região. Com mais de uma centena de vítimas fatais e milhares de desalojados, estas enchentes se tornaram o pior evento climático da história do estado, desencadeando uma discussão urgente sobre os fatores que contribuíram para essa catástrofe e como…

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A corrupção é uma tempestade permanente e contribui diretamente com o caos provocado pelos desastres naturais

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

Os Desastres Naturais são fenômenos que geram impactos nas sociedades humanas trazendo consequências graves para as pessoas. Obviamente muitos desses representam o ciclo natural da terra e ainda a ciência não desenvolveu instrumentos precisos de previsibilidade, para ajudar a amenizar os impactos sobre a vida e a economia. Atualmente, alguns eventos climáticos têm aumentado de maneira significativa, e os cientistas levantam hipóteses…

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Agência Moody’s confirma a recuperação da credibilidade da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

As últimas décadas do século XX foram determinantes para a modelagem da ordem mundial vigente e a acumulação financeira condicionando à produtiva e dando origem a um tipo de capitalismo com menor dinamismo e maior instabilidade quando comparado ao sistema vigente no pós-guerra e, além disso, inverteu o sentido de determinação das crises que passaram a originar-se na órbita financeira…

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Planejar a cidade

Artigo por Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí

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Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
Foto: Arquivo pessoal

Ao construirmos uma casa, necessitamos de planejamento e fundações sólidas. Assim também funciona com uma cidade: não há espaço para projetos desorientados, baseados em proposições meramente empíricas e desprovidas de sustentação orçamentária, sem unidade estratégica. O governador Mário Covas dizia que governar exige dizer sim, mas também dizer não. Acrescento que o que se diz, na prática, deve reverberar os…

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Opinião

Os efeitos da escravidão promovida pelos colonizadores continuam impedindo o avanço da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

O Brasil em pleno século XXI ainda enfrenta distorções na economia e desigualdade social por causa do longo período escravocrata e pela maneira como ocorreu o processo de abolição. As deformações na economia brasileira foram criadas a partir do momento em que a escravidão foi mantida, pois era a base do sistema legal desprezando o capitalismo como sistema de organização…

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