Roberto Antônio à esquerda, comemorando o aniversário da mãe em família. Máscara foi fabricada em homenagem ao irmão. (Foto: Reprodução/G1)
No último dia 28 de março, o empresário Ronaldo Isola, de 54 anos, perdeu o irmão mais velho para o coronavírus. Portador de diabetes e obesidade, Roberto Antônio Isola, de 63 anos, contraiu o vírus ao se internar em um hospital de Santo André, na Grande São Paulo, para realizar uma cirurgia do sistema digestivo.
Segundo o G1, em menos de uma semana, o quadro de Roberto piorou, evoluindo para a entubação em uma UTI e, poucos dias depois, ao óbito.
Naquele dia, o estado de São Paulo ainda vivia o início da pandemia do coronavírus, com 84 mortes contabilizadas. Os sistemas funerários de várias cidades ainda não tinham um protocolo de sepultamento de mortos pelo vírus e, portanto, hospitais e cemitérios de vários municípios ainda não sabiam como direcionar o enterro de vítimas da doença. A consequência é que Ronaldo Isola teve que enterrar o irmão apenas três horas depois de receber a notícia do falecimento dele.
“Foi uma experiência muito dolorosa. Eu tive que dar a notícia da morte para a minha mãe e correr para fazer o sepultamento dele sem ela saber, porque não podia participar, já que faz parte do grupo de risco. A minha própria cunhada, esposa dele, também não pode ir porque estava em casa de quarentena. Você imagina a dor dela, ao viver 24 anos casada e nem poder dar adeus ao esposo?”, lembra Ronaldo.
Por causa da pressa na realização do enterro, o caixão lacrado de Ronaldo não coube no jazigo destinado à família e o irmão teve que tomar a decisão de cremar o corpo.
“Voltei para casa, pedi autorização da Rose e cremamos ele. O mais duro foi ver que meu irmão, que era querido por tudo mundo, tinha muitos amigos em todos os lugares, no enterro dele só tinham oito pessoas da família. Aquilo me doeu muito porque, um mês antes, ele deu uma festa de aniversário de 63 anos para mais de cem pessoas, em comemoração também aos 90 anos da nossa mãe. O sepultamento dele com aqueles coveiros todos com roupas especiais, a família tendo que manter distância, sem nem poder se abraçar, vai ficar marcado para sempre como uma dor imensa na minha vida”, desabafa o empresário.
Luto e ação
A sucessão trágica de acontecimentos mergulhou a família Isola em um período duro de luto, que se materializou em ação para ajudar os profissionais de saúde que estão na linha de frente da luta de combate ao coronavírus na Grande SP.
Casado com uma médica intensivista que atua em UTIs infantis, Ronaldo teve a ideia de começar a fabricar máscaras de proteção facial para doar aos profissionais que estão nos hospitais da região.
“A minha esposa tinha comprado algumas dessas máscaras e estava feliz porque ia poder distribuir para os colegas de hospital, que estavam sem. Observei bem o modelo e pensei que daria para fabricar algo semelhante na minha gráfica, a um custo bem menor do que os R$ 30 que ela tinha pago por cada uma. Com ajuda de uma prima, criamos um grupo de whatsapp para receber ajuda do pessoal da saúde e fazer um modelo que fosse confortável, útil e fácil de usar para eles. Todo mundo se animou para querer ajudar”, lembra Ronaldo.
Após as primeiras doações, o boca a boca cresceu entre os profissionais de saúde do ABC paulista, que começaram a se mobilizar para pedir as máscaras e também fazer doações e ajudar na fabricação. Entre os próprios amigos da família, começaram a chegar doações, que vinham de várias partes do Brasil e do mundo e totalizaram mais de R$ 21 mil.
“Minha ideia era fabricar no máximo mil máscaras, mas as pessoas começaram a se apresentar para colaborar, todo mundo se animou, minha equipe se animou. As doações vieram da França, dos Estados Unidos, de outros estados do Brasil. Foi uma mobilização que eu não esperava”, afirma o empresário.
Com doze empregados, a gráfica Cartex conseguiu fabricar 6 mil máscaras em poucos dias, que foram distribuídas em cerca de treze cidades de São Paulo, além de Curitiba. Elas foram doadas, principalmente, para profissionais de UPAs e UBSs de cidades como Mauá, Guarulhos, São Caetano, Santos e também São Paulo.
“O que me deixa feliz é saber que a gente conseguiu salvar vida de heróis. Porque essas pessoas que estão saindo de casa todos os dias para trabalhar no sistema de saúde são heróis”, afirma.
Lembrança e corrente do bem
Das 6 mil máscaras fabricadas pela família Isola, cerca de 200 ainda estão disponíveis para doação. O empresário de Santo André diz que vai ceder o projeto do produto para quem quiser copiar o modelo e reproduzir em qualquer parte do Brasil, a fim de distribuir entre os profissionais que precisam.
“Esse processo todo me ensinou que muitas pessoas estão com vontade de ajudar de alguma forma e precisam de alguém para dar o pontapé inicial. Calhou da história do meu irmão, esse cara tão maravilhoso, ser a catalisadora desse movimento aqui em Santo André. Mas qualquer dono de gráfica que quiser me procurar, com interesse de fazer o mesmo, eu cederei o projeto com todo prazer. Porque são máscaras fáceis de reproduzir e fabricar e podem ser feitas em gráficas de pequenas cidades onde está faltando material de proteção”, comenta.
Ronaldo Isola diz que se esforçou para dar vazão ao projeto de fabricação das máscaras não apenas para ajudar médicos e enfermeiros mas, sobretudo, para honrar a memória do irmão.
“Essa mobilização me emocionou muito porque foi a cara do meu irmão, uma pessoa querida, cheia de amigos, que vivia rodeado de gente, que não media esforços para ajudar ninguém. Tenho certeza que se ele estivesse vivo, estaria fazendo exatamente a mesma coisa, indo atrás de gente para doar e entregando ele mesmo essas máscaras. Mesmo depois da passagem dele pro outro plano, continua ajudando as pessoas”, conta Roberto.
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