Depois do câncer de mama, uma gravidez improvável: “foi um milagre”
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Saúde

Depois do câncer de mama, uma gravidez improvável: “foi um milagre”

Milena passou por sessões de quimioterapia, radioterapia e pela mastectomia; hoje, sua preocupação é dar muito amor à pequena Liz

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Milena e Leandro no ensaio da gravidez e ainda no hospital, depois do nascimento da filha Liz. (Foto: Arquivo pessoal)

Ainda com os resquícios da radioterapia no corpo, Milena Mendes descobriu uma gravidez improvável seis meses depois da última dose do tratamento contra um câncer de mama.

Sem acreditar, ela comprou quatro outros testes. Todos positivos.

O parceiro Leandro Dalarte, ainda desconfiado, a levou para realizar um exame de sangue. Não havia mais dúvida: Milena estava grávida.

A improbabilidade acompanhou a mulher de 34 anos durante toda sua trajetória enfrentando a doença e não foi diferente após o tratamento. “Quando fui diagnosticada, o médico disse que se eu quisesse ainda ser mãe, precisaria congelar meus óvulos. Não foi possível e isso me deixou arrasada. Precisei lidar com o diagnóstico e com a certeza que meu sonho da maternidade não seria mais possível”, conta hoje, com a neném nos braços.

O mesmo médico oncologista foi um dos primeiros a saber sobre a gestação. “Ele me disse que eu podia me sentir abençoada, que era um milagre”.

Diagnóstico

Milena descobriu o câncer, ocasionalmente, em um autoexame durante o banho no dia do seu aniversário de 34 anos. Com histórico na família, apalpar as mamas diversas vezes no mês fazia parte de sua rotina.

“Eu coloquei o braço atrás da cabeça e o nódulo pulou para fora. Eu senti que aquele corpo estranho era maligno e saí do banheiro com a certeza de que era câncer”.

Em poucos dias, com exames de ultrassom, punção, biopsia e avaliação clínica, a certeza foi confirmada. O nódulo tinha 6 cm e era um triplo negativo, tipo raro, presente em apenas 12% das mulheres diagnosticadas.

“Eu não estava preparada para receber a notícia. Me puni muito. Na volta pra casa, eu gritava, chorava e questionava a mim mesma: ‘por que eu?’”.

Milena enfrentou o tratamento: foram sessões de quimioterapia, rádio e a mastectomia. (Foto: Arquivo pessoal)

Tratamento

A reação de revolta não durou muito. Milena entendeu que precisava encarar tudo isso e que suas emoções e crenças definiriam o sucesso do tratamento.

“Eu disse a mim mesma: ‘Eu tenho só 34 anos. Eu quero viver’”.

No bom-humor ela encontrou uma válvula de escape para encarar as primeiras 16 sessões de quimioterapia, dos tipos vermelha e branca. “Eu brincava com as enfermeiras. Dizia que aquele suco de tomate estava muito ruim, para trazer a vodka que era melhor”, lembra aos risos, se referindo aos líquidos injetados na corrente sanguínea, o primeiro com coloração avermelhada e o segundo, transparente.

As brincadeiras também eram uma forma de acalmar Leandro e sua mãe. Como a avó tinha falecido aos 40 anos de idade, vítima da doença, a mãe de Milena sofreu junto com a filha quando o diagnóstico foi confirmado. “Eu levei na esportiva por eles, e por mim também. Eu proclamei dentro de mim que o câncer não iria me vencer”.

A queda do cabelo

Quatorze dias após a quimio, já acreditando que seus cabelos não cairiam mais, Milena estava na praia com a família, com quem se comprometeu a viver intensamente cada minuto de vida, quando, durante o banho, ela entrou em pânico ao sentir a mão encher de fios.

“Fui em um salão na rua do apartamento em que nós estávamos. Eu cheguei e disse que queria raspar. A cabeleireira não conseguiu, a dona precisou vir para cortar todo o meu cabelo e eu decidi doar”. Triste em se despedir das madeixas, Milena quis que outra pessoa tivesse um sentimento contrário ao receber uma peruca confeccionada a partir dos seus fios.

A careca foi assumida por inteiro. De vez em quando, optava pelo lenço para trazer mais cor ao visual, mas Milena decidiu enfrentar a doença como ela é: dolorosa, verdadeira e com todas as suas marcas.

Depois da quimio, ela precisou passar ainda pela retirada da mama direita e o esvaziamento axilar, região também afetada pela doença. “Não vou dizer que é fácil, não é. Eu sempre tive os seios grandes, então, mesmo com roupa as pessoas percebem a ausência da mama. Elas olham, riem. Podem ser muitos preconceituosas”, confirma.

Enquanto ela não reconstrói o seio, uma prótese que se assemelha ao tamanho e formato é colocada dentro do sutiã.

A descoberta da gravidez

O tratamento foi concluído em 25 de abril de 2018, depois de 25 sessões de radioterapia.

No último dia, amigos e familiares foram ao centro em que Milena recebia o remédio e fizeram uma festa, comemorando a ‘última dose’.

A última dose do tratamento foi comemorada pelos familiares; na foto, a mãe, o esposo, e as primas de Milena. (Foto: Arquivo pessoal)

A mulher de 34 anos havia enfrentado a doença, sem qualquer efeito colateral além da queda de cabelo. Seis meses depois, a recompensa. “Gravidez confirmada”.

Mesmo com a radioterapia ainda no organismo, a pequena Liz de cabelos claros e olhos azuis nasceu esbanjando saúde, contrariando os médicos e surpreendendo os pais, que não esperavam por uma gravidez. A bebê, que completa quatro meses no próximo mês, é a primeira neta, bisneta, prima e sobrinha da família.

Mensagem

Milena ainda não pode ser considerada curada do câncer de mama. Ela realiza exames a cada três meses para se certificar que a doença não voltou ou afetou outra parte do corpo. Ainda assim, o sentimento de vitória e alívio a acompanham diariamente.

Ela compartilha sua história com outras mulheres pelas redes sociais e encontros, para inspirá-las a não desistir, lutar incansavelmente e não abrirem mão de seus sonhos depois de enfrentarem o câncer.

“É impossível não pensar no pior, não ter medo, não sentir dor. Mas uma mensagem me acompanhou durante o tratamento: eu quero, eu posso, eu vou conseguir. Me agarrei a isso e enfrentei”, conta.

Emocionada, ela relembra que a fé e a família foram essenciais nesse processo. “Acreditar, manter o pensamento positivo, é 70% do sucesso no tratamento. Além do diagnóstico precoce que é muito importante”, reforça.

Leandro também contrariou as estatísticas. Em uma realidade em que os parceiros abandonam suas companheiras em 70% dos casos de diagnósticos de câncer de mama, ele se manteve ali, lado a lado. “Ela me perguntou se eu continuaria com ela e eu a questionei: ‘por que não continuaria? Nós estamos juntos nessa”. Eles estavam há um ano juntos quando descobriram a doença.

Muito se diz sobre tirar lições depois de momentos desafiadores da vida. Eles acreditam nisso e, hoje, conseguem assimilar os aprendizados. “Se cuide, pense na sua saúde, faça o seu autoexame. A parte estética é importante, mas não é a coisa mais importante do mundo. E viva intensamente, sempre. Hoje, eu levo o meu dia como se ele fosse o último”. Leandro concorda e reforça “Não se mate de trabalhar. Pise no freio e breque a ansiedade. O importante é viver”.

Família completa: Leandro, Milena e a pequena Liz. (Foto: Arquivo pessoal)

 

Liz conheceu o médico oncologista que atendeu a mãe: “Sinta-se abençoada”. (Foto: Arquivo pessoal)

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