Mães de prematuros e a dura rotina na UTI: "vou embora chorando todos os dias"
Conecte-se conosco

Saúde Pública

Mães de prematuros e a dura rotina na UTI: “vou embora chorando todos os dias”

Mães de bebês prematuros falam sobre a rotina com os filhos internados na UTI Neonatal do Hospital Universitário de Jundiaí

Publicado

em

Atualizado há

Mãe de prematuros falam sobre a UTI do Hospital Universitário de Jundiaí
Gabriela Siqueira com sua filha Eloísa, que ficou 39 dias na UTI, prestes a ir para casa (Foto: Tribuna de Jundiaí)

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 10% dos bebês nascem antes do tempo. Os bebês prematuros, ou pré-termos, são aqueles que vêm ao mundo antes de completar 37 semanas de gestação.

Em Jundiaí, de acordo com dados do Hospital Universitário (HU), dos 335 partos realizados mensalmente em 2018, 8,93% deles foram prematuros. Essa taxa mantém, todos os meses, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e a Unidade Semi-Intensiva Neonatal do hospital sempre ocupada.

São 10 leitos na UTI e outros 10 na Semi-Intensiva. Por lá, mães que não puderam, na hora do parto, dar a atenção devida aos bebês, que por conta das complicações do parto adiantado tiveram que rapidamente serem levados para receber os cuidados necessários.

Sem poderem ir com os bebês para casa, o hospital vira a segunda casa dessas mães. Para todas,  a vontade de vê-los com saúde é a maior motivação para lidar com o momento.

“Aqui, com as outras mães, nós temos uma espécie de segunda casa. Almoçamos, tomamos café, todas juntas. Nesse período convivo mais com elas e com o pessoal do hospital do que com meus familiares”, contou Gabriela Siqueira, mãe da Eloísa, de 44 dias.

A pequena Eloísa ficou 39 dias na UTI e agora está prestes a ir para casa. Com a filha no colo, no Alojamento Conjunto Tardio, espaço onde as mães dos bebês que já saíram da UTI podem ficar até que eles ganhem mais peso e sejam liberados, Gabriela falou sobre a filha estar quase recebendo alta.

“Estou muito feliz. Não vejo a hora”, continuou Gabriela, que teve Síndrome de HELLP, uma complicação grave de pressão arterial durante a gravidez. Por conta disso, Eloísa nasceu de 30 semanas.

“Foi um susto muito grande, não tinha preparado quase nada. Demorei para digerir tudo que aconteceu. No começo foi assustador, ficamos apreensivos acompanhando cada grama que aumentava, torcendo para que não tivesse nenhuma intercorrência. Mas, aos poucos, ela foi melhorando. Com 30 dias eu amamentei ela pela primeira vez, era um momento que eu esperava desde o início. Foi muito emocionante”, relembrou a mãe.

Luciene Gutibasso ainda convive com a rotina do filho na UTI. Seu filho, Álvaro, nasceu de 35 semanas com desenvolvimento de apenas 33, por conta de uma intercorrência na placenta, que não forneceu os nutrientes necessários para sua formação.

Com seu filho no colo, fazendo o chamado “Método Canguru”, uma das medidas de humanização do Sistema Único de Saúde (SUS), ela falou sobre a dificuldade de ir embora todos os dias, deixando Álvaro ali.

Luciene segura seu filho no colo, por meio do chamado “Método Canguru” (Foto: Tribuna de Jundiaí)

“Na hora de ir embora é muito difícil, eu vou embora chorando todos os dias. E a rotina é cansativa, passo todos os dias aqui. Mas não deixo de vir”, contou a mãe. Agora o foco é que seu filho ganhe peso, para que seja liberado da UTI e vá para casa.

A pequena Elisa, de 1 mês e 3 dias, está na UTI durante todo esse período. Ela nasceu de 29 semanas e, desde então, a mãe, Jéssica Cipriano da Silva, também vai diariamente ao hospital, visitar a filha e pegá-la no colo, fortalecendo o vínculo entre mãe e filha.

E, em meio a toda essa situação, Jéssica não tem dúvidas: “É minha filha que me dá forças. Ver o rostinho dela que me motiva”, disse.

Para Jéssica, é sua filha que dá forças para lidar com o momento (Foto: Tribuna de Jundiaí)

Prematuridade

A prematuridade é dividida em três faixas: a dos prematuros extremos, que nascem antes das 28 semanas e correm mais rico de vida do que os que nascem um pouco depois; os prematuros considerados intermediários, que nascem entre 28 e 34 semanas; e os prematuros tardios, que nascem entre 34 e 37 semanas.

Apesar do prematuro extremo demandar mais preocupação e cuidados, todos necessitam de um cuidado intensivo que acompanha todas as etapas do desenvolvimento após nascimento, especialmente cuidados com o pulmão, coração e peso.

“O pulmão é um dos últimos órgãos que se formam. Também tem a questão do peso, já que eles nascem com um peso menor que o recomendado. São cuidados variados. A primeira coisa que tentamos fazer é manter a temperatura do corpo deles estável. Também fazemos monitoração cardíaca, a saturação do oxigênio e a pressão arterial. Eles ficam entubados, com cateteres e sondas de alimentação. Em alguns casos precisam de oxigênio para respirar”, explicou a supervisora de enfermagem da UTI Neonatal, Cristina Hauk.

Para a pediatra Aline Nunes Neves Ranielli, nota-se, com o avanço da medicina e métodos de humanização, o aumento da sobrevida dos bebês prematuros extremos.

A supervisora de enfermagem, Cristina Hauk, e a médica pediatra, Aline Nunes Neves Ranielli (Foto: Tribuna de Jundiaí)

“Estamos notando esse número crescente. Mas a medicina não é uma ciência exata e existem muitos fatores interligados na avaliação da saúde de cada um desses bebês”, pontuou.

Humanização

Caso o bebê precise ficar internado após o parto, é direito do pai e da mãe ter livre acesso ao recém-nascido durante todo o período de internação, 24 horas por dia, mesmo no caso de recém-nascidos críticos que estejam internados na UTI Neonatal.

Outra medida é o “Método Canguru”, estimulado pelo SUS e adotado pelo Hospital Universitário. “É o momento pele na pele, em que a mãe e o bebê criam vínculos. Isso também contribui com o desenvolvimento neuropsíquico do bebê. É fundamental para a saúde do bebê e é bom para as mães, que podem ficar com eles e não apenas olhá-los pela ‘caixinha'”, reiterou a médica pediatra.

A UTI Neonatal do Hospital Universitário (Foto: Tribuna de Jundiaí)

Outra medida é o “Momento Psiu”, em que, por 4 vezes durante o período de 24 horas, os médicos desligam todas as luzes por 1 hora e não fazem absolutamente nada com os bebês.

“Isso proporciona uma diferenciação de ambiente para eles, funciona como um momento de relaxamento. Também colocamos um pano com blackout em cima da incubadora, que junto com esse momento simula o útero da mãe, quente e escuro”, continuou.

Além desse método, dentro da incubadora os bebês são colocados dentro de “ninhos”, que fazem com que eles não se espalhem dentro do ambiente e fiquem aconchegados em um espaço menor, o que dá a sensação de estarem acolhidos.

“Essas três medidas fazem parte do processo de humanização e trazem resultados muito positivos. E acreditamos que esses projetos de humanização ainda contribuíram com a diminuição do índice de taxa de mortalidade aqui no hospital”, finalizou a pediatra.

Saúde Pública

Programa gratuito em Jundiaí ajuda fumantes a largar o vício. Participe!

Saiba como o PAIT ajuda na luta contra o tabagismo com encontros semanais e suporte médico completo.

Publicado

em

Aproximadamente 10 mil pessoas foram auxiliadas pelo PAIT em Jundiaí (Foto: Prefeitura de Jundiaí)

O Programa de Assistência Intensiva ao Tabagista (PAIT), uma iniciativa da Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS), anuncia a abertura de quatro novas turmas a partir de segunda-feira, dia 13 de maio. Este programa, que é completamente gratuito, oferece um acompanhamento integral para aqueles que estão determinados a cessar o hábito de fumar. O primeiro grupo iniciará suas…

Continuar lendo

Saúde Pública

SAMU Jundiaí: quando chamar e como funciona o atendimento?

Entenda o papel do SAMU e como suas ações salvam vidas diariamente em situações críticas.

Publicado

em

Por

Unidade de resgaste do SAMU com 3 socorristas em Jundiaí
A equipe precisa do apoio da população em relação aos chamados desnecessários (Foto: Prefeitura de Jundiaí)

A Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS) orienta sobre o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Das cerca de 2,2 mil ligações mensais recebidas pela Central de Regulação Operacional (CRO) de Jundiaí, em torno de 36% não se enquadram no âmbito de urgência e emergência. O SAMU é um serviço gratuito e funciona 24 horas por dia,…

Continuar lendo

Saúde Pública

Jundiaí amplia projeto de Saúde Bucal nas Escolas

O Tratamento Restaurador Atraumático é uma técnica que permite a restauração de dentes sem a necessidade de equipamentos como o motor odontológico.

Publicado

em

Por

A iniciativa visa ampliar o acesso das crianças ao cuidado odontológico e promover a saúde bucal desde a infância (Foto: Prefeitura de Jundiaí)

A Saúde e Educação de Jundiaí firmaram uma parceria para ampliar o projeto de Saúde Bucal nas escolas municipais da cidade. A nova iniciativa implantará o Tratamento Restaurador Atraumático (ART) e ampliará o acesso das crianças ao cuidado odontológico. O ART é uma técnica inovadora que permite a restauração de dentes sem a necessidade de equipamentos tradicionais, como o motor…

Continuar lendo

Saúde Pública

Vacinação contra gripe continua nas UBSs de Jundiaí

Publicado

em

Por

Vacinação de gripe em Jundiaí
A meta é vacinar 90% de cada grupo prioritário (Foto: Prefeitura de Jundiaí)

A campanha de vacinação contra a gripe em Jundiaí segue ativa. A Prefeitura, por meio da Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS), reforça a importância da imunização para todos a partir de seis meses de idade, especialmente para os grupos prioritários: crianças, idosos e gestantes. Vacina disponível nas UBSs: Doses disponíveis de segunda a sexta-feira, no horário de…

Continuar lendo

Saúde Pública

Prefeitura de Jundiaí orienta sobre atendimento médico de crianças em caso de urgência

Publicado

em

Por

Clínica da Família Hortolândia em Jundiaí
Saiba onde buscar atendimento pediátrico e de urgência em Jundiaí (Foto: Prefeitura de Jundiaí)

A Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS) orienta a população sobre onde buscar atendimento pediátrico no município, em caso de necessidade. Em caso de urgência e emergência, as crianças podem ser encaminhadas ao Pronto Atendimento Hortolândia (rua Campinas, 58, Vila Hortolândia), das 7h às 22h (fechamento dos portões às 21h), aos PAs Ponte São João (rua Santo Antônio,…

Continuar lendo
Publicidade