Ex-internos da Fundação Casa visitam adolescentes para mostrar que é possível recomeçar
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Jundiaí

Ex-internos da Fundação Casa visitam adolescentes para mostrar que é possível recomeçar

Dois jovens passaram pela unidade pelo mesmo motivo, mas decidiram superar esse passado e seguiram em frente

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à esquerda, o ex-interno William segura o diploma e sorri para a foto; à direita, jessé também sorri para fotografia
À esquerda, Willian segura seu diploma de curso de cabeleireiro; à direita, Jessé sorri para a foto (Fotos: Letícia Rodrigues/Tribuna de Jundiaí)

Dois ex-internos da Fundação Casa de Jundiaí estiveram na unidade nesta terça-feira (19) para um bate-papo com os funcionários e adolescentes, com o intuito de mostrar que é possível recomeçar a história de cada um.

Os dois jovens, um de 21 e o outro de 23 anos, passaram pela unidade pelo mesmo motivo – roubo -, mas decidiram superar esse passado e seguiram em frente. Willian Expedito Cezaretti hoje é cabeleireiro e dono do seu próprio espaço.

Já Jessé Estrela está em sua segunda faculdade e foi eleito, recentemente, conselheiro tutelar em Várzea Paulista.

De acordo com Márcio Valério Ruiz Alves, diretor da instituição, a ideia surgiu após ter recebido a visita de ambos. “Eles retornaram aqui por iniciativa própria, para me dizer que eles tinham conseguido superar os desafios. Então vi a necessidade de trazê-los aqui, para motivar a equipe e principalmente os adolescentes”, afirmou ao Tribuna de Jundiaí.

Atualmente, são 52 adolescentes internados na unidade de Jundiaí, dentre os que estão em internação e internação provisória. O espaço visa aplicar medidas socioeducativas para os menores que tenham cometido atos infracionais, atuando como um local que visa ressocializar e mostrar novos meios de vida aos adolescentes.

Na unidade de Jundiaí, além das aulas de disciplinas tradicionais, os internos participam de cursos de panificação, informática básica e DJ.

“Aqui, nós lançamos sementes e não sabemos se vai dar frutos ou não. Mas esses dois representam vários que têm hoje uma outra vida. Aqui o que nós fazemos é de coração, por amor à profissão”, afirmou a professora de português, inglês e artes dos internos, Célia Montero.

Dados estaduais mostram que o número de reincidência – ou seja, de jovens que saem da instituição e retornam – é de 23%. No entanto, Márcio diz que nem sempre a reincidência significa que aquele jovem está marcado para sempre para o crime.

“O Willian, por exemplo, passou duas vezes aqui e foi na segunda que ele conseguiu refletir a respeito. A partir disso, ele conseguiu alcançar todas essas conquistas. Temos outros exemplos que passaram por aqui mais de uma vez e tem uma vida totalmente diferente”, pontuou o diretor da instituição.

Ele ainda afirmou que, a maior parte deles, está na Fundação Casa pelo crime de tráfico de drogas. “A estrutura familiar é algo que conta muito, assim como a necessidade que a mídia coloca de conquistar dinheiro e muitas coisas. Isso chama a atenção, especialmente pela facilidade de conseguir dinheiro por meio do tráfico. Muitos também têm problemas com drogas, o que desencadeia muitas questões”, continuou.

Jessé e Willian com o diretor da Fundação Casa (Foto: Letícia Rodrigues/Tribuna de Jundiaí)

‘Divisor de águas’

“Eu tinha 16 anos quando vim para cá. A Fundação Casa foi um divisor de águas para mim. Foi aqui que eu comecei a pensar e refletir quem eu era e quem eu poderia me tornar. Quero dizer para esses adolescentes que, por mais que eles estejam desacreditados por muitos, eles precisam acreditar neles mesmos. Acreditando em si mesmo é possível dar a volta por cima”, contou Jessé Estrela.

Ele, que hoje está com 23 anos, saiu da instituição com 17, após passar oito meses na instituição por um roubo a uma pizzaria. Sem saber nem ler e nem escrever, decidiu arrumar um emprego como ajudante de mecânico em Várzea Paulista para poder pagar um supletivo. O salário, de R$ 600, servia para pagar os R$ 250 do Ensino Médio, além de pagar as contas da casa e alimentação. Morando sozinho, Jessé diz que muitas vezes passava fome.

“Eu tive propostas para voltar para o crime, mas eu tinha um foco e isso é muito importante. Não foi fácil, chorei muitas vezes, mas a partir do Ensino Médio foram surgindo mais oportunidades. Eu fiz um tecnológico em Gestão de Políticas Públicas, que me garantiu um estágio na Câmara Municipal. Depois disso fiz um intercâmbio no Peru e as coisas foram acontecendo. Agora estou fazendo Direito e fui o conselheiro tutelar mais jovem e segundo mais votado em Várzea Paulista”, contou.

Agora, seu intuito é levar políticas públicas aos jovens, especialmente os que passam pela mesma situação que ele passou. “Acredito muito na recuperação deles”, afirmou Jessé, que durante o bate-papo com os internos afirmou por diversas vezes o quanto eles eram capazes de buscar uma outra vida.

‘Acordei para a vida’

Willian Expedito Cezaretti, de 21 anos, passou duas vezes pela Fundação Casa, ambas por roubo. Em um dos crimes, se rendeu após a chegada da Polícia, mas o seu amigo que estava junto não – ele acabou sendo baleado e morreu.

“Eu me entreguei na hora, mas poderia ter sido eu ali, morto. Foi aí que eu acordei para a vida. O meu amigo morreu, mas vocês podem estar aqui. A vida ainda é longa”, disse aos internos durante o bate-papo.

Hoje ele é cabeleireiro e exibe, com orgulho, o certificado do curso que fez. A sua vontade de trabalhar com a profissão surgiu dentro da Fundação Casa e aprimorou os conhecimentos após sair. Hoje ele tem seu próprio salão, em Várzea Paulista.

“Faz 4 anos que tenho a barbearia. Hoje consigo tirar um bom dinheiro por dia. Já reformei a barbearia, mobiliei minha casa, comprei meu carro, minha moto, dirijo habilitado, tudo certinho… Por isso quero passar para eles que todo mundo tem potencial de mudar”, continuou ele, que hoje tem um filho de 1 ano e 7 meses e se sente orgulhoso em poder criar o garoto no caminho certo.

“Eu hoje tenho a maior gratidão por tudo que conquistei. Meu amigo está morto, a vida é uma só. Tem que acordar para a vida. Eu vim dirigindo com meu carro, com a janela aberta, sentindo o vento bater, sabendo que hoje é tudo diferente”, finalizou o jovem.

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