Coragem para quebrar padrões: mulheres cervejeiras da região mostram a que vieram
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Coragem para quebrar padrões: mulheres cervejeiras da região mostram a que vieram

Conversamos com colaboradoras das cervejarias Dádiva, Prisma e StartUp Brewing sobre o papel da mulher no mercado cervejeiro da região; um bate-papo franco e cheio de histórias de vida

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Da esquerda para direita, Marjorie Inove, Bianca Barbarini, Juliana Behr e Aline Tiene, segurando copos de cervejas
Marjorie Inove, Bianca Barbarini, Juliana Behr e Aline Tiene são sommeliers da cervejaria StartUp Brewing, de Itupeva. (Foto: Larissa Knupp/Tribuna de Jundiaí)

Em 1978, Milton Nascimento lançava “Maria Maria”, música escrita por ele em parceria com Fernando Brant. Há 40 anos, a quantidade de mulheres no mercado de trabalho não era, nem de perto, a que existe hoje. Mesmo assim, há de se suspeitar que o trecho em que o cantor diz que Maria é o som, é a cor, é o suor, foi inspirado nas mulheres cervejeiras.

No calor dos grandes galpões que produzem as cervejas artesanais da região, elas mostram que é possível empreender, ter cargos de liderança e ser cor em um mercado, muitas vezes, tão heterogêneo.

“Se fortaleça com mulheres que apoiam”

Luiza Tolosa conhece de perto os desafios de ser uma empresária em um mercado dominado por homens.

Inspirada pelo pai, a fundadora da Cervejaria Dádiva, de Várzea Paulista, foi entender de cerveja depois que havia tomado a decisão de empreender no mercado de bebidas artesanais. Mas, logo de cara, percebeu que não seria fácil.

“No início, tive problemas com colaboradores, com fornecedores e até clientes”, relembra. Foi nessa época, entre 2013 e 2014, que Luiza percebeu a importância das mulheres sempre se fortalecerem e, juntas, construírem uma rede de apoio.

Luiza Tolosa segurando copo com cerveja dádiva; atrás, maquinário da cervejaria

Luiza Tolosa é fundadora da Cervejaria Dádiva, de Várzea Paulista. (Foto: Divulgação)

“Somos quatro sommeliers”

O Coletivo ELA, grupo formado por mulheres que ocupam o mercado cervejeiro no país, é um exemplo de como encontrar parceiras enriquece a caminhada em busca de mais espaço e valorização. As 100 mulheres que se reuniram em um evento promovido em 2016, criaram juntas, uma cerveja que vai contra os padrões quando o assunto é consumo feminino: era escura, forte e de alto teor alcoólico.

Aline Tiene, responsável pelo desenvolvimento de marca e eventos, Bianca Barbarini, pela produção e qualidade, Marjorie Inove, coordenadora de logística e Juliana Behr, gerente comercial, todas colaboradoras da StartUp Brewing, cervejaria da Itupeva, estavam no evento da ELA e acompanham essa discussão de perto.

“Já houve momentos em que estava palestrando e homens interrompiam, querendo falar no meu lugar”, lembra Juliana. “Ou, nos eventos, eles nos diziam que preferiam falar com quem entendesse de cerveja”, ressalta Aline.

Hoje isso vem mudando.

Nos encontros promovidos pela empresa, no mercado desde 2018, já é possível ver grupos de mulheres formados não necessariamente por aquelas que acompanham os parceiros. O consumo entre mulheres também aumentou e, aos poucos, os garçons dos restaurantes são instruídos a perguntar de quem é a cerveja e a quem pertence a água, em vez de simplesmente oferecer a bebida alcoólica ao homem sentado à mesa.

Movimento similar acontece no mercado, entre profissionais.

Bianca foi a primeira a ser contratada na cervejaria e disse que o desejo de deixar o ambiente com mais mulheres, era, desde o começo, um objetivo dos fundadores.

“As mulheres trazem mais organização”, defende ela.

“Nós temos uma visão do todo, sabemos que se essa etapa atrasar, toda uma cadeia de processos vai ser prejudicada”, ressalta a coordenadora de logística, Marjorie.

Mais taxativa, Aline afirma: “Eu não acho que precisa ter uma diferença. Todo mundo que estudou, trabalhou e se desenvolveu merece uma oportunidade e não tem que ser excluída por ser mulher”.

Hoje, a StartUp Brewing tem um terço da equipe formada por mulheres – e a receita tem dado certo. A cervejaria alcançou em um ano e meio, 130 mil litros de produção/mês e exporta suas marcas para todo o Brasil.

Mulheres colaboradoras da cervejaria StartUp Brewing, sentadas em meio ao maquinário da cervejaria

Um terço dos colaboradores da Cervejaria StartUp Brewing é composto por mulheres. Elas ocupam diferentes cargos e funções. (Foto: Larissa Knupp/Tribuna de Jundiaí)

Mil e uma funções

Assim, poderia ser definido o cargo ocupado por Aline Devecchi Manoel na Cervejaria Prisma, de Campo Limpo Paulista.

“Eu auxilio nas brassagens, moo o malte, peso os sais e faço a parte administrativa também. Eu estou envolvida em todos os processos da cervejaria”, conta.

A vontade de trabalhar com cerveja veio de casa. Consumidora assídua, ela via o pai e o tio criando novos estilos da bebida como hobby e foi assim que ela e o namorado criaram a Prisma, hoje com 10 estilos de cerveja on tap – aquele que vai da torneira direto para o copo do consumidor.

Nos eventos promovidos pela cervejaria, metade dos visitantes é mulher. “E digo mais: às vezes são elas quem trazem os amigos, namorados e maridos. São elas quem buscam, se interessam e trazem os homens”.  No corpo de colaboradores, de sete, cinco são mulheres.

À frente dos negócios, ela diz que o preconceito contra a mulher no mercado cervejeiro ainda existe, especialmente entre homens mais velhos. “Nos eventos, eles direcionam a conversa aos cervejeiros e ignoram minha presença ali, buscam palavras e termos mais técnicos porque eles acham que eu não vou saber do que estão falando, mas eu respondo à altura, no mesmo nível”, afirma orgulhosa.

Aline segurando admirando um copo de cerveja Prisma

Aline Devecchi Manoel está em todos os processos da Cervejaria Prisma. (Foto: Divulgação)

É preciso coragem

Isadora Cunha Salum largou casa em São Paulo e profissão para ingressar no mercado cervejeiro. Se formou sommelier e, em Blumenau, mestre em estilos. Foi na cidade catarinense que ela se deparou com os primeiros desafios.

Na sala de 35 homens, sete eram mulheres, mas a competitividade tinha gênero. Mulheres eram consideradas “café com leite”.

Na sala ou nas empresas que buscavam por estagiários, nunca soube de um caso de discriminação, mas depois de um tempo descobriu que algumas cervejarias entravam em contato com a escola pedindo indicação de funcionários. Um dos requisitos para a contratação era “ser homem”.

Contratada pela Dádiva, cervejaria da fundadora Luiza, ela viu um novo ambiente de trabalho. Dos 40 funcionários da empresa, pelo menos 20 são mulheres e elas estão nos mais diferentes cargos e funções.

Isadora posada em frente à panela do galpão da cervejaria

Isadora Cunha Salum é sommelier e mestre em estilos da Cervejaria Dádiva. (Foto: Larissa Knupp/Tribuna de Jundiaí)

Júlia Pincinato é uma delas. Gerente financeira, trabalhar em uma cervejaria nunca foi seu foco, mas ela vê a importância da mulher ganhando cada vez mais espaço, especialmente no mercado de trabalho. “Muitos homens se sentem desconfortáveis em serem liderados por uma mulher, essa é uma verdade. Mas aqui eles já entram sabendo que muito provavelmente isso vai acontecer”, diz.

Júlia posada atrás de balcão de atendimento da lojinha Dádiva

Júlia Pincinato é gerente financeira da Cervejaria Dádiva. (Foto: Larissa Knupp/Tribuna de Jundiaí)

Luiza Tolosa, a fundadora, depois de provar na pele como o mercado pode ser duro com as mulheres que buscam o seu lugar no mercado, decidiu cavar o seu próprio espaço de oportunidade.

“No início foi muito difícil porque realmente não havia mulheres. Nós passamos então a chamar todas para entrevista. A triagem acontecia apenas pessoalmente. Antes disso, nenhuma mulher era descartada do processo seletivo. Isso foi se espalhando, até que muitas começaram a aplicar para as vagas”, conta Luiza.

Segundo a fundadora, pesquisas comprovam que ambientes com equidade de gênero são mais interessantes de se trabalhar. Além disso, as empresas vêm acompanhando a discussão sobre empoderamento feminino.

“Eu já vejo muitas mulheres trabalhando com cerveja, ainda bem, mas também vejo muitas sofrendo preconceito”, fala Luiza.

Próxima geração

– O que eu diria para quem hoje enfrenta discriminação no ambiente de trabalho? – se pergunta Aline Tiene.

– Que não se intimide em ambientes masculinos – completa Marjorie Inove.

– Que não desista, porque um dia, dá certo – defende Bianca Barbarini.

– E depois, a sensação que fica pra gente é a de “passei mais uma pro lado de cá” – conclui Juliana Behr.

A pequena Aurora, de 2 anos e 7 meses, ainda está longe de ser contratada. Mas ela já é uma homenagem à bebida que agrupa mulheres e quebra preconceitos.

Filha de Isadora Cunha Salum, Aurora também é nome de um lúpulo utilizado na produção de alguns estilos de cerveja. No batizado da pequena, a família criou uma nova marca, utilizando o elemento homônimo, e distribuiu entre os convidados.

Essa é a prova de que, mais do que representar um único grupo, apreciar – e produzir – uma boa cerveja pode unir tribos, pessoas e famílias.

Sommeliers da StartUp Brewing brindam

Um brinde! Colaboradoras da StartUp Brewing comemoram: que bom ter mulheres no mercado cervejeiro! (Foto: Larissa Knupp/Tribuna de Jundiaí)

Jundiaí

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Jundiaí

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