A Unidade de Saúde da Família (USF) Vila Ana, em Jundiaí, iniciou nesta terça-feira (15) o projeto Estrelas Cintilantes da Comunidade, de apoio psicológico a quem perdeu pessoas queridas durante a pandemia. Com foco em trabalhar o luto e confortar as famílias, o programa reuniu cerca de 40 pessoas e contou com apresentação musical, imagens projetadas daqueles que partiram e uma breve palestra da psicóloga Juliana Pessotti Gomes.

Neste primeiro encontro, um painel foi montado com 30 estrelas, cada uma levando o nome de alguém que veio a falecer durante os últimos dois anos. Uma rápida apresentação foi realizada pela psicóloga Juliana, em que ela explica a importância do período de luto para quem perdeu alguém querido. “Os dois pontos mais importantes a trabalhar são que o luto é algo individual, sentido de maneira única por cada pessoa, e que esse é um período de reorganização da vida”, comenta.

Segundo a especialista, a pessoa deve permitir passar por esse sentimento, e não negá-lo. “Nestes anos de pandemia, presenciamos o chamado luto coletivo, por conta do grande número de mortes simultâneas. Perdemos os importantes rituais de despedida – como os velórios – por conta do isolamento, mas devemos saber que os sentimentos de tristeza, raiva, e até de alívio são normais. Algumas pessoas tentam ainda descontar tudo no trabalho, para ocupar a cabeça, mas essa não é a única solução”, aponta.

O encontro durou pouco mais de uma hora e foi repleto de emoção, choro e apoio entre as participantes. Após a apresentação do vídeo com fotos daqueles que partiram, duas músicas com letras reconfortantes foram tocadas, seguidas de muitos aplausos. No final, ainda foram lidas algumas cartas dos familiares àqueles que se foram.

A gerente da USF Vila Ana, Ana Cláudia Morandini Sanchez, falou um pouco sobre o serviço prestado. “Tudo foi feito com muito respeito, cuidado e carinho. Muitos sequer tiverem tempo de se despedir, por conta da pandemia, e por isso o acolhimento se torna ainda mais importante”, descreve.

Segundo ela, a ideia principal foi de prestar um tributo aos que nos deixaram. “Nos empenhamos bastante na preparação para trazer algo que realmente fizesse a diferença na vida das pessoas. Nós aqui da USF somos muito próximos à população e quando alguém da comunidade se vai, é como se nós também perdêssemos alguém na família”, finaliza.  

A diretora do Departamento de Atenção Básica à Saúde da Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS), Andreia Pinto de Souza, lembra que, durante a pandemia, a Atenção Primária viu a mudança nas necessidades de saúde da população e se reinventou para fazer a oferta mais adequada possível a essa demanda. “Entre elas, vemos a necessidade de cuidar dos que perderam entes queridos e a crescente necessidade de ofertas voltadas para a saúde mental dos nossos munícipes. Temos muito carinho por esse projeto por ir ao encontro da necessidade da população”, afirma.