Quando se fala em pandemia, um dos primeiros assuntos que vem à cabeça é sobre ficar em casa e seguir as medidas preventivas contra o coronavírus. Em virtude das mudanças diárias na vida dos brasileiros, muitas emoções negativas são despertadas, principalmente quando vêm acompanhadas do aumento no número de casos e de mortes causadas pela doença. Por isso, é comum que as pessoas enxerguem a alimentação como uma válvula de escape.

Além da pandemia, estamos em período de páscoa, que significa alguns ovos de chocolate a mais na geladeira. Hoje, 31 de março, é o Dia Nacional da Saúde e Nutrição e para entender a relação da pandemia, da páscoa e conciliar uma boa alimentação, a nutricionista Graziela Rezende Guttner, formada pela Universidade de São Paulo (USP), compartilha seus métodos de atendimento.

“As pessoas podem ter dificuldades no ato de comer por conta do emocional, geralmente quando estão preocupadas ou nervosas, acabam exagerando na quantidade de doces ou fast food e aí pode vir a culpa”, explica Graziela. A profissional acredita que a boa nutrição valoriza o prazer em comer e que deve estar de acordo com os sinais internos de fome e saciedade. “Não adianta falar ‘esse nutriente serve para isso, outro alimento serve para aquilo’ se você não consegue respeitar o limite. A boa nutrição respeita a individualidade de cada pessoa e seus sinais internos”.

Graziela Rezende Guttner, nutricionista (Foto: Arquivo pessoal)

Conciliar pandemia, páscoa e boa alimentação pode parecer difícil, mas a nutricionista acredita que o segredo é estabelecer limites. “Para muitas pessoas parece difícil porque aprendemos que para ter uma boa nutrição é muito caro e que precisamos abdicar dos alimentos que gostamos. A partir do momento que quebramos esses pensamentos sabotadores e entendemos que podemos comer de tudo, com consciência, isso fica muito natural”, destaca Graziela. O método de atendimento que ela utiliza é a nutrição comportamental, para que os pacientes busquem novos hábitos sem seguir uma dieta restrita e ressalta a importância de deixar o prato colorido com alimentos ricos em vitaminas, como legumes e verduras, de acordo com seu poder aquisitivo.

Graziela cita que é preciso ressignificar as questões com o alimento e é importante que a família tenha seus momentos enquanto prepara uma refeição e que estejam juntos à mesa, “cuidar da saúde é cuidar de você, com amor e com carinho”. Manter a boa alimentação resulta em disposição e energia para trabalhar em casa, cuidar dos filhos e da família, além de aumentar a imunidade e retomar os cuidados com o bem mais precioso, a saúde.

Como agir com a alimentação na páscoa?

“O chocolate também faz parte da alimentação, só que sempre lembrando que apesar da páscoa, tudo tem limite. A criança não precisa ganhar dez ovos de páscoa, mas na quantidade que ela ganha, deve definir uma porção por dia e está tudo certo” destaca a nutricionista. Ela alerta ainda que as crianças devem aprender, com os responsáveis, sobre o equilíbrio de comer fruta ou doce, por exemplo. “Nenhum alimento é pior que outro. Só tem momentos específicos para cada um. Saborear o alimento, com calma, é fundamental para esse processo“, completa.

Quando buscar ajuda nutricional?

Na pandemia, buscar ajuda profissional deve ser feita quando a relação com o alimento fica difícil e a pessoa não sabe como melhorar. Por meio de ajustes, trocas e orientação, o nutricionista ajuda a comer bem, sem restrição.

Graziela Guttner tem consultório no bairro Bela Vista, em Jundiaí, mas desde o ano passado segue com atendimentos online. “Percebi nas consultas online que a busca pela orientação continuou alta e a grande dificuldade dos pacientes foi o de conter o emocional. Os atendimentos têm sido bem efetivos, com o novo olhar para a comida”, finaliza.