Bolsonaro pede a donos de supermercados que baixem preços por patriotismo
Conecte-se conosco

Brasil

Bolsonaro pede a donos de supermercados que baixem preços por patriotismo

Presidente Jair Bolsonaro está com receio do risco de inflação e buscou associações de supermercados para tentar baixar os preços de produtos que compõem a cesta básica

Publicado

em

Bolsonaro patriota. (Foto: Divulgação)
Presidente Jair Bolsonaro diz que vai pedir sacrifício dos donos das redes de supermercados. (Foto: Divulgação)

Com receio do risco de inflação, o presidente Jair Bolsonaro afirmou na sexta-feira (4), que tem buscado associações de supermercados para tentar baixar os preços de produtos que compõem a cesta básica. Ele ponderou que não pretende dar “canetada em lugar nenhum”, nem interferir na área econômica. O comentário foi feito durante viagem a Registro (SP).

“Está subindo arroz, feijão? Só para vocês saberem: já conversei com intermediários, vou conversar logo mais com a associação de supermercados”, disse o presidente. “Estou conversando para ver se os produtos da cesta básica aí… estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro.”

Na mesma conversa, Bolsonaro indicou que tem receio do risco de inflação. “Não é no grito, ninguém vai dar canetada em lugar nenhum… porque veio o auxílio emergencial, o pessoal começou a gastar um pouco mais, muito papel na praça, a inflação vem”, declarou. “A melhor maneira de controlar a economia é não interferindo. Porque se interferir, dar canetada, não dá certo.”

Na quinta-feira (3), a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) disse que o setor supermercadista tem sofrido forte pressão de aumento nos preços. “Conforme apuramos, isso se deve ao aumento das exportações destes produtos e sua matéria-prima e a diminuição das importações desses itens”, disse a associação, em comunicado. “Somando-se a isso a política fiscal de incentivo às exportações, e o crescimento da demanda interna impulsionado pelo auxílio-emergencial do governo federal.”

A Abras comunicou à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, sobre os reajustes de preços de itens como arroz, feijão, leite, carne e óleo de soja. A associação afirmou que a motivação foi de buscar soluções junto a todos os participantes da cadeia de fornecedores.

Segundo a Abras, a alta de preços tem acontecido de forma generalizada e repassada pelas indústrias e fornecedores. “A Abras, que representa as 27 associações estaduais afiliadas, vê essa conjuntura com muita preocupação, por se tratar de produtos da cesta básica da população brasileira.”

Fabricantes

A Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos) diz também em nota que, por se tratar de variável concorrencial, os preços não são discutidos no âmbito da associação, mas sim individualmente entre empresas e as cadeias varejistas.

Ainda assim, a entidade cita dados mundiais para dizer que a alta de preços de alimentos básicos é um fenômeno mundial. “Conforme relatório publicado na quinta-feira (3) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Índice de Preços de Alimentos da FAO atingiu a média de 96,1 pontos, revelando que a alta nos custos dos alimentos que compõem a cesta básica é um fenômeno que se constata em todo o mundo”, diz a instituição.

“No Brasil, a desvalorização cambial de mais de 30% pressiona os custos de produção da indústria. É importante ressaltar que o aumento provocado pela alta do dólar não é linear para o setor de alimentos e bebidas, pois atinge de modo diferente cada cadeia de produção”, diz a Abia.

A instituição diz ainda que não há risco de desabastecimento no mercado interno. “As indústrias de alimentos têm trabalhado, sem parar, desde o início da pandemia para que não falte alimento na mesa do consumidor brasileiro. A alta de preços, infelizmente, tem afetado em maior intensidade a cotação de algumas matérias-primas agrícolas, devido aos movimentos mundiais de oferta e demanda”, conclui.

Preços e inflação

O economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, selecionou sete produtos básicos e verificou que, em 12 meses até agosto, esses produtos subiram, em média, 28,9% no atacado e 23,8% no varejo.

A cesta selecionada para a análise foi composta por arroz, farinha de trigo, açúcar, frango, carne bovina, suína e óleo de soja. “Para esses itens básicos, o repasse ao consumidor foi praticamente integral”, diz o economista. Braz explica que a diferença de cinco pontos porcentuais que ainda não chegou às prateleiras dos supermercados pode ser um atraso por conta de estoques, mas inevitavelmente será repassada ao consumidor.

Os aumentos de preços dos alimentos neste momento ocorrem sobretudo por causa da desvalorização do real em relação ao dólar, que baliza os preços desses produtos no mercado internacional. Esse movimento também é impulsionado pela forte demanda externa por alimentos, sobretudo por parte da China. Para o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar), Claudio Felisoni, os argumentos expostos pela Abras fazem sentido.

Além da alta do dólar, a associação mencionou incentivos fiscais às exportações e o crescimento da demanda interna impulsionada pelo auxílio emergencial. “É um fato, mas vivemos uma economia de livre mercado, não há como controlar preços”, diz Felisoni.

Nos bastidores, a briga seria em torno das perdas de margens e quem repassaria menos as altas. “O setor supermercadista tem se esforçado para manter os preços normalizados e vem garantindo o abastecimento regular desde o início da pandemia nas 90 mil lojas de todo o País”, disse a Abras no comunicado.

Na opinião de Braz, da FGV, os supermercados têm razão de reclamar de aumentos de preços e essa pressão não é de hoje. “A questão é que, gradualmente, os varejistas vêm reduzindo as margens até um ponto que não conseguem mais absorver os reajustes. Por isso, têm de aumentar os preços ao consumidor.”

Patriotismo

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro diz que vai conversar com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e pedir sacrifício dos donos dessas redes, as empresas do ramo já travam uma queda de braço de mais de 15 dias com seus fornecedores. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, os supermercados têm represado suas compras e vendido seus estoques para tentar negociar preços menores.

“Nos últimos 15 a 20 dias o varejo está discutindo preço. A palavra certa é essa mesma: queda de braço”, diz Terra. Ele explica que a pressão veio à tona agora, com o recente comunicado da Abras sobre os preços da cesta básica. Além disso, alguns supermercados já começam a restringir a compra de produtos básicos por cliente. “Como o aumento (nos preços dos fornecedores) é abrupto, há represamento da compra (dos varejistas). O varejo tenta postergar tabela de preços”, diz.

No entanto, essa briga para ver quem mais diminui suas margens de lucro deve ter pouco sucesso na formação geral dos preços. Terra avalia, como é consenso entre economistas, que a razão central dos aumentos é a alta do dólar e o consequente aumento das exportações. Somado a isso, o aumento de demanda interna causada pelo Auxílio Emergencial também pressiona os valores para cima. “O problema é anterior ao fornecedor e o varejista. Está nos preços das commodities”, diz.

O consultor de varejo e bens de consumo, Eugenio Foganholo, também acredita que essa negociação já nasce limitada, já que as questões que fazem os preços subirem são macroeconômicas. No entanto, ele não vê possibilidades de ação do governo para resolver essa situação. “Não há solução governamental possível no livre mercado”, diz. Ele entende que essa regulação deve ser feita pelos próprios consumidores ao substituir os produtos caros na hora da compra.

Na queda de braço entre supermercados e fornecedores, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) disse que tem orientado os associados a comprarem apenas o necessário. “A Apas reitera que tem recomendado aos supermercados associados que continuem negociando com seus fornecedores e comprem somente a quantidade necessária para a reposição”, diz em comunicado.

A instituição afirma ainda que orienta que sejam oferecidos aos consumidores “opções de substituição aos produtos mais impactados por esses aumentos provenientes dos fornecedores de alimentos”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Brasil

Mais de 10 mil animais resgatados nas enchentes do Rio Grande do Sul: uma história de esperança em meio à tragédia

ONGs e voluntários unem forças em resgates emocionantes, lutando contra o tempo para salvar vidas.

Publicado

em

Deise Falci e equipe em ação, resgatando animais das áreas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, salvando vidas uma a uma (Foto: Reprodução/Instagram @deisefalci)

A tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul atingiu não apenas pessoas, mas também milhares de animais. No início da catástrofe, os bichos resgatados eram enviados para abrigos. Mas com o aumento do número de animais necessitados, os abrigos logo ficaram lotados. Muitos animais, sem ter para onde ir, foram parar na orla de Porto Alegre, onde se abrigavam…

Continuar lendo

Brasil

Justiça do RS determina retirada de notícias falsas do Facebook

A juíza Fernanda Ajnhorn atua em medida urgente contra desinformação durante calamidade no RS.

Publicado

em

Por

Tecal de celular com app do Facebook
Decisão visa proteger ações de resgate e manter a integridade das operações de emergência no estado. (Foto: Freepik)

A juíza do plantão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), Fernanda Ajnhorn, determinou que a empresa Meta Plataforms, que gere o Facebook, exclua, em 24 horas, as publicações com conteúdo de desinformação que questionam a atuação do estado em ações de socorro às vítimas da tragédia climática que atinge os municípios gaúchos. A ordem atende a uma ação…

Continuar lendo

Brasil

Helicóptero Águia de SP socorre bebê e idosa infartada no Rio Grande do Sul

Mais de mil pessoas resgatadas em uma semana de apoio nas enchentes

Publicado

em

Por

Equipe do helicóptero Águia 33 durante missão de resgate no Rio Grande do Sul, fornecendo auxílio vital em meio à crise de enchentes (Foto: Governo de SP)

Na quinta-feira (9), o helicóptero Águia 33, equipado com UTI aeromédica, realizou duas missões cruciais no Rio Grande do Sul. Primeiramente, transportou um bebê de cinco meses com pneumonia do hospital regional de Tramandaí para a UTI pediátrica em Venâncio Aires. O pequeno paciente necessitava de aparelhos para respiração durante o trajeto. Em seguida, a aeronave viabilizou a remoção de…

Continuar lendo

Brasil

Forças Armadas mobilizam “esforço de guerra” com 20 mil militares no Rio Grande do Sul

Comandantes militares destacam esforço inédito no estado

Publicado

em

Por

Forças armada em atuação nos resgates de vítimas das enchentes do RS
Militares em ação nas áreas mais afetadas do RS (Foto: Ministério Defesa/Divulgação)

Em uma coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (10), o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, junto ao comandante do Exército, Tomás Paiva, atualizaram as informações sobre a "Operação Taquari 2". Esta operação, dedicada ao resgate e contenção dos efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, foi descrita pelos líderes como um verdadeiro "esforço de guerra". "Isso é uma…

Continuar lendo

Brasil

Ação da rede de supermercados Tauste arrecada doações ao Rio Grande do Sul

Em Jundiaí, o Tauste entregou as doações do Fundo Social, para encaminhamento ao Rio Grande do Sul.

Publicado

em

Por

Foto: Divulgação/Tauste

Diante da crise de alagamentos e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, a rede Tauste se mobilizou em uma grande ação solidária para auxiliar as vítimas. Através do programa Tauste Ação Social e em parceria com fornecedores, a empresa arrecadou água, produtos de higiene pessoal e de limpeza para as comunidades afetadas. A rede atuou nas lojas em…

Continuar lendo
Publicidade