A China aposta na cooperação para marcar posição no tabuleiro geopolítico
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Opinião

A China aposta na cooperação para marcar posição no tabuleiro geopolítico

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Foto: Canva Pro

As expansões das fronteiras geográficas marcaram a história de muitas nações, e o termo imperialismo passou a ser a pauta dos debates durante séculos. A Franca de Napoleão tentou conquistar toda Europa e talvez unificar em apenas um código de conduta, mas o poder das armas não foi o suficiente para tal desafio. Já a Inglaterra foi além, colocou suas botas imperiais em todos os pontos da terra, foi derrotada pela ganância, apesar de ainda ter muitas regiões subordinadas ao Reino Unido. A sanha da expansão motivou a Alemanha a montar uma máquina de guerra e de mãos dadas com Itália e Japão tentaram impor ao mundo suas vontades e mais uma vez a arrogância das armas sucumbiram diante da resistência e união. 

Com a divisão geopolítica no pós Segunda Guerra, vem a Guerra Fria que marcou a historia recente. De um lado o império soviético liderado pelo sanguinário Joseph Stalin, que não teve pudor em utilizar o poderoso exército vermelho para dilatar seu território e impor um suposto ideal socialista e o resultado foi uma soma de pobreza, segregação e atraso tecnológico. Na oposição a utopia dos russos estava à racionalidade dos Estados Unidos com seus arranjos políticos, muitos dos quais também cruéis para os países atrasados, principalmente na América pobre, Sudeste da Ásia, Golfo Pérsico e continente Africano. O imperialismo norte americano organizou, patrocinou, apoiou e sustentou ditaduras civis e militares com a justificativa de combater o fantasma do comunismo, levando essas regiões a instabilidades politicas, sociais e econômicas, as quais perduram até hoje e são ferramentas para manutenção da submissão ao Império Norte Americano, enquanto assistem as nações do outro lado avançando e se libertando das amarras da ilusão socialista Soviética.

Os interesses econômicos tem tornado possível àunificação de países fronteiriços como ocorridos na Europa com a unificação monetária na Zona do Euro e por aqui na América Latina com o MERCOSUL, o qual parou na fase aduaneira. Tem outros processos de integração regional em formação no planeta, mas esbarram na ausência de consenso. Portanto com o avanço da economia chinesa nesse século, essa nação está conduzindo um processo de integração globalizada, com base na cooperação e sem imposição ideológica. O modelo de desenvolvimento da China permitiu que o gigante asiático conquistasse o posto de segundo PIB do planeta e com atuação na vanguarda de muitas tecnologias até então exclusivas aos países do Grupo dos Sete mais avançados. 

A China está usando os BRICS, do qual faz parte para induzir a formação de um conjunto de países estratégicos para enfrentar o Ocidente, mas sem a força das armas, o que é a lógica até então adotada pelos imperialistas. Esse comportamento chinês de promover o desenvolvimento de outras nações com o investimento principalmente em infraestrutura e compartilhamentos de conhecimentos já é reconhecido como sucesso, pela diplomacia dos países do G7, pois estão se movimentando nessa direção, mas acredito que vão ter dificuldades em seguir essa linha, pois, além da dificuldade em convencer as nações subdesenvolvidas em acreditar em projetos ocidentais compartilhados e sem imposição, não tem a filosofia de promover a paz. 

Jimmy Carter ex-presidente dos EUA, em conversa o também ex-mandatário Republicano Trump, que se mostrava preocupado com o crescimento geopolítico da China, Carter foi enfático ao relatar: Eu normalizei relações diplomáticas com Pequim em 1979, desde essa data você sabe quantas vezes a China entrou em guerra com alguém? Nenhuma vez, enquanto nós estamos constantemente em guerra. E continuou a conversa com muita consciência, deixando claro que, os Estados Unidos são a nação mais guerreira da história do mundo, pois quer impor aos Estados soberanos, que respondam ao governo e aos valores americanos em todo o universo, e quer também controlar as empresas que dispõem de recursos energéticos em outros países. Enquanto a China, por seu lado, está investindo seus recursos em projetos de infraestrutura, ferrovias de alta velocidade intercontinental e transoceânica, tecnologia 6G, inteligência robótica, universidades, hospitais, portos e edifícios em vez de usá-los em despesas militares.

O gigante asiático continua seus movimentos e utilizando sua competente diplomacia e as suas realizações fora das suas fronteiras para sustentar a confiança na “filosofia do desenvolvimento compartilhado” e aproveitou a oportunidade para liderar a 15ª Cúpula dos BRICS em Joanesburgo, África do Sul e aumentar os componentes do Grupo com a adesão de Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, a sejuntar a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Uma vez consolidado será uma integração impar, pois estarão respeitando as diversidades politicas, sociais, religiosas e geográficas, o que é visto como um grande passo para o sucesso do grupo. O Brasil deve utilizar esse movimento para aumentar sua relevância no mundo, e se consolidar como uma potência diferenciada e ainda fortalecer sua liderança no Sul do continente. 

“Toda cooperação humana em grande escala baseia-se em última análise na nossa crença em ordens imaginadas”, Yuval Noah Harari.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

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Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
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