Capitalismo brasileiro em apuros com o financiamento de comida
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Opinião

Capitalismo brasileiro em apuros com o financiamento de comida

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Prateleiras em supermercado
Foto: khunkorn/Canva

A elite capitalista percebeu que o comportamento de consumo de massa é fundamental para a expansão da produção de bens e serviços, e utilizam os meios de comunicação para estimular às mudanças de hábitos que dão origem a acumulação de cultura material na forma de bens, locais de compra e consumo. O resultado está no aumento cada vez maior do lazer e das atividades de mercado que embora sejam bem vistas para a manutenção do sistema, pois além de manter a hegemonia dos grandes conglomerados empresariais, é também uma forma de manipulação ideológica e controle “sedutor” da população distanciando qualquer alternativa de organização das relações sociais opostas.  Apesar dos benéficos imediatos para o individuo, o consumo patológico, a exploração predatória dos meios de produção e a agressão ao ecossistema do planeta, são as causas dos desequilíbrios nas relações sociais globais e com consequências drásticas principalmente para a base da pirâmide.

A diferença de status determinado pela posse de um determinado produto de elevado valor agregado e raro eleva a sensação de poder e proporciona a penetração em outro grupo social, e para tal aquisição muitas vezes os consumidores se utilizam de produtos financeiros ofertados nas praças. Esse conjunto de indivíduos que tem poder de endividamento financiam seus luxos, os quais ao ostentar seus padrões de consumo, alimentam expectativas em toda a sociedade. O mundo das coisas cria alternativas de prazer, seduz pela necessidade de pertencimento e leva a uma felicidade breve, pois o descontentamento é permanente e logo vai à busca de uma nova aquisição para atender o ego. As classes sociais da base da pirâmide são movidas pela esperança de que um dia pode brilhar nos holofotes da luxuria e fantasia diante das casas de apostas olhando a sequência quase infinita de números, que divulgam os grandes prêmios das loterias, e acreditando no quase impossível diante do espelho dos afortunados, o que mais desejam é uma cesta de produtos raros para a entrada no paraíso do consumo.

Enquanto essa glória material não é alcançada, a maioria vai à busca daquilo que seus grupos sociais colocam como supérfluo, ou seja, frequentar uma praia, fazer um churrasco regado a carnes classificadas como nobres e bebidas consideradas exclusivas para o grupo, além de exibir algumas poucas posses financiadas a perder de vista comum em economias periféricas.

Nas nações capitalistas ricas o trabalhador é um dos pilares da riqueza do país, pois é o detentor da força de trabalho que vai mover a roda da economia, é quem demanda a oferta de bens e serviços do produtor. Esse fluxo circular se mantem equilibrado justamente porque a venda da força de trabalho gera renda suficiente para estimular a destruição da invenção e proporcionar a revolução. Com base nessas premissas é possível analisar o mercado brasileiro, o qual a grande maioria dos trabalhadores não tem renda suficiente para atender as suas necessidades fisiológicas, e como crédito teoricamente pode ser adicionado à renda, os poucos que ainda tem acesso a esse benefício, está utilizando para financiar a comida e a moradia.

O futuro não é nada promissor principalmente para o sonho de 26% dos brasileiros que dependem de bônus do governo para se alimentar segundo um conceituado instituto de pesquisa. E outro dado preocupante vem de um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontando que o endividamento alcançou 79,3% das famílias brasileiras em setembro do ano corrente. Obviamente a origem da inadimplência nesse momento foi à elevação na taxa de juros, que dificulta o pagamento integral do cartão de crédito por exemplo. Outro fator a ser observado é o comportamento da classe média, que corre em busca de crédito, para manter o padrão de vida afetado pela inflação de custos.

Acredito que o Brasil precisa encontrar um modelo de desenvolvimento social e econômico, que possa respeitar a sua diversidade civilizatória, ao invés de impor ideais pautados no valor das coisas acima da vida. Sem uma ruptura no pensamento do empresário brasileiro os benefícios do modelo de organização social da produção capitalista, ficarão restritos a uma minoria, a qual segrega a maioria absoluta da população para manter os seus privilégios. Raspas e restos não interessam…

A nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças, do que nos nossos bolsos.  Arthur Schopenhauer  filósofo alemão 1788.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

Opinião

O futuro dos idosos: desafios e soluções

Artigo escrito por Miguel Haddad

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Idosos dançando em par
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O envelhecimento populacional é uma realidade inegável, e suas repercussões já são percebidas de maneira contundente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2050, cerca de 2 bilhões de pessoas terão mais de 60 anos, representando um quinto da população global. No contexto brasileiro, dados do Ministério da Saúde alertam para a crescente proporção de idosos, prevendo…

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Opinião

A direita antipatriota continua vendendo o Brasil para a China comunista

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Dois homens iniciando um aperto de mãos com uma bandeira da China e uma bandeira do Brasil em cima de uma mesa
Foto: Canva Pro

Uma suposta ameaça comunista no Brasil é frequentemente levantada pela direita para, com frequência, justificar ações autoritárias e ameaças à democracia. Essas ideias vagas ainda têm força, mesmo sem histórico de um “projeto comunista” que tenha chegado a ameaçar o Estado brasileiro. Diante da dificuldade de construir planos consistentes para avançar o Brasil, usam a pecha do anticomunismo como um ponto de unificação das direitas na sua diversidade.  O discurso…

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Opinião

Privatização de setores estratégicos, ameaça à democracia, o desenvolvimento e a liberdade

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Foto: Canva Pro

O professor e historiador Donald Cohen, lançou a obra "Privatization of Everything" com uma forte reflexão sobre o papel do setor privado na sociedade global.  Para ele a privatização de empresas estratégicas nada mais é que entregar à iniciativa privada a autoridade, o controle e o acesso a bens públicos, muitas vezes extremamente necessários à população. O especialista também mostrou…

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Opinião

Dia da Indústria: CIESP Jundiaí alerta para desafios e destaca importância da educação

O Dia da Indústria reflete a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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Marcelo Cereser, diretor do CIESP Jundiaí, durante evento oficial, vestindo um terno escuro e camisa clara, expressando seriedade.
Foto: Divulgação/CIESP Jundiaí

No próximo sábado, 25 de maio, o CIESP Jundiaí comemora o Dia da Indústria, uma data que convida todos os empresários a refletir sobre a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. “A indústria é um dos pilares fundamentais da economia nacional, gerando empregos, inovação e crescimento. No entanto, enfrentamos, diariamente, desafios significativos que precisam…

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Opinião

O petróleo não é o excremento do diabo e sim uma Dádiva de Deus

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Foto: Canva

Países do Oriente Médio, Nigéria, Venezuela, Irã, Angola, Congo, Argélia e Rússia são grandes produtores e exportadores de petróleo. Pertencem ou apoiam a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um organismo com viés monopolista e autoritário. Mas além da terra rica, essas nações têm outras características similares como pobreza, concentração de rendas, aversão a institucionalidade democrática e são dominados…

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