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Opinião

O Brasil pode vencer essa rodada

Artigo por Miguel Haddad

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Miguel Haddad
Foto: Arquivo Pessoal/Miguel Haddad

Como estamos habituados às conquistas do nosso futebol, a maioria dos brasileiros imagina que estamos falando da Copa Sul-Americana ou Libertadores, que estão sendo disputadas agora.

Na realidade estamos nos referindo a uma outra rodada, que está igualmente acontecendo agora e na qual somos também – e essa é uma boa notícia – um dos favoritos: a corrida por uma posição no topo da Nova Economia, na qual o ativo principal é a capacidade de limpar a nossa atmosfera, sequestrando os gases poluentes.

O Brasil, por sua capacidade única de eliminar de forma massiva esses gases, tem o que precisa para se tornar uma nação líder nesse novo mundo. Nenhuma nação tem condição igual.

Estamos, como estiveram os sauditas sobre o seu mar de petróleo quando foi inventado o motor à explosão. Voltaram o olhar para o futuro, deixaram para trás a miséria e garantiram a posição chave que ocupam hoje no cenário mundial.

Embora tenhamos todas as credenciais para estar no pelotão de frente nessa nova rodada do modelo econômico do Planeta, nos falta o essencial: o apoio da torcida a esse novo modelo. Ao invés de torcer pelo interesse nacional – tornar o Brasil um país vencedor, livre da miséria, da fome, da rabeira dos rankings que avaliam educação, saneamento básico e qualidade de vida – o que vemos é um país polarizado, dividido entre esquerda e direita, como se tudo o que importasse fosse a vitória deste grupo sobre aquele e não o que está acima de tudo isso: tornar nosso país uma nação próspera, livre da fome e da miséria.

O historiador Jorge Caldeira – autor, entre outros, do livro “Mauá – um empresário do Império”, no qual expõe com clareza por que perdemos o bonde da Primeira Revolução Industrial e nos tornamos uma nação retardatária – em recente artigo no jornal O Estado de S. Paulo (“Atração de capital ou feirinha fóssil?”, 31/maio 2023, p. A4), volta a nos alertar para o risco que corremos agora, de perder novamente a oportunidade de fazer nosso País avançar para a primeira linha dessa nova economia mundial.

Segundo Caldeira “hoje US$50 trilhões, 30 vezes o PIB do Brasil, são capital que só se torna investimento, renda e emprego quando aplicado seguindo cláusulas ambientais”. E mais: “Esse modo de aplicar dinheiro é inteiramente privado. Nenhum governo ou qualquer lei obrigam os proprietários de capitais a agir dessa forma. Não é dinheiro de caridade ou muito menos de aplicações em utopias. Trata-se dos melhores capitais do Planeta: os maiores aplicadores são gestores dos ativos de seguradoras, fundos de pensão institucionais ou administradores de grandes fortunas. Tipicamente, gente de risco AAA. Raramente aparecem no Brasil”.

Para deixar claro o equívoco que estamos a cometer ao insistir em um modelo econômico que depreda o meio ambiente e investe seus recursos em combustível fóssil, Caldeira nos dá um exemplo: “A economia ligada a combustíveis fósseis tem, mundialmente, as mesmas oportunidades de futuro que tiveram os fabricantes de máquinas de escrever com o advento dos computadores”.

Os dados que ele levanta falam por si: “Para quem não conhece a linguagem econômica informo: Na COP 27 (O Brasil vai sediar agora a 30ª COP – Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas) foram fechados negócios calculados em US$ 300 bilhões, uns 200 Agrishows somados”.

E conclui: “Até lá o Brasil terá aprendido a nova linguagem da economia do mundo e parado de chutar capital ou vai ser sede de uma feirinha fóssil para os admiradores das últimas plataformas de petróleo num mar de energia renovável”.

Em resumo, temos de voltar o nosso olhar para o futuro. Jundiaí é bem um exemplo disso: foi a partir dessa perspectiva de longo prazo que tomamos medidas que nos garantiram, ao longo de décadas, abastecimento de água, saneamento básico e qualidade de ensino público, fundamentos do desenvolvimento de nossa cidade, hoje em 2º lugar no ranking das melhores cidades do país, segundo o Índice da Gestão Municipal 2021 (IDGM) da consultoria Macroplan, de 2021, publicado pela revista Exame.

Se insistirmos nessa polarização, defendendo os interesses desta ou daquele grupo ao invés de defender o interesse nacional de modo a atrair essa massa de investimentos que podem nos tornar, finalmente, uma nação desenvolvida, perderemos novamente, como perdemos no passado, essa oportunidade e colheremos o mesmo resultado.

Nosso futuro será conforme a posição que o povo brasileiro tomar agora. Vamos eliminar essa polarização nefasta, deixando o apoio à esta ou àquela facção de lado e decidir o nosso futuro de forma sensata, cerrando fileiras em torno do que é de fato melhor para o País.

Artigo por Miguel Haddad

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

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