O prioritário desafio do ensino em 2024
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Opinião

O prioritário desafio do ensino em 2024

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

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Rafael Cervone, presidente do CIESP
Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

Foi notável a participação dos alunos do Sesi de São Paulo no PISA 2022 – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, no segmento específico de colégios. Sua performance superou o desempenho nacional do Chile, líder na América Latina, nas três áreas do conhecimento: matemática, leitura e ciências. Anunciaram-se neste mês de dezembro os resultados do exame, que abrange jovens de 15 anos concluintes do Ensino Fundamental II e é coordenado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Infelizmente, contudo, o Brasil, como país, manteve-se em posição muito ruim, repetindo a baixa pontuação que tem obtido desde o início da aplicação da prova, em 2000: 73% dos nossos estudantes não alcançaram o patamar mínimo em matemática, 50% em leitura e 55% em ciências. Dentre 81 nações, ocupamos, respectivamente nas três disciplinas, o 65º, o 52º e o 62º lugares. Em outro ranking recentemente divulgado, o de competitividade do Instituto Internacional para Desenvolvimento de Gestão (IMD), nos classificamos no 60º posto, dentre 64 economias.

Os dois indicadores têm óbvia relação de causa-efeito, pois a qualidade da educação pública, responsável pela formação da maioria dos habitantes, é um dos fatores mais expressivos para a competitividade, também impactada pelo “Custo Brasil”, insegurança jurídica e investimentos insuficientes em pesquisa. No entanto, mesmo que consigamos reduzir os ônus sobre os setores produtivos e criar melhor ambiente de negócios, por meio das reformas estruturais, mais previsibilidade do arcabouço legal e uma consistente política de inovação, continuaremos esbarrando na questão do ensino.

A boa formação escolar, ao contrário do que muitos imaginam na esteira da inteligência artificial e outras tecnologias capazes de executar tarefas humanas básicas, é cada vez mais determinante para a eficiência das empresas e a empregabilidade das pessoas. O saber torna-se essencial para que os profissionais sejam aptos a operar sistemas sofisticados em todos os setores, na indústria, serviços, comércio e agropecuária.

É o que demonstra com clareza uma pesquisa do ManpowerGroup sobre escassez de talentos: 80% dos empregadores do Brasil, abrangendo os distintos segmentos, encontram dificuldades para recrutar os colaboradores que precisam em 2023. A taxa vem subindo desde 2018, permitindo inferir que aumenta de modo simultâneo ao uso crescente de tecnologias, cujo avanço foi grande na pandemia.

A escolarização adequada, em todos os níveis, não se limita à indispensável proficiência pedagógica e acadêmica. Também deve abranger a formação humanística, a sociabilização, a responsabilidade socioambiental e o respeito à diversidade. Mais do que nunca, são imprescindíveis as soft skills, ou seja, as habilidades comportamentais, como resiliência, adaptabilidade, raciocínio, capacidade de solucionar problemas, iniciativa, trabalho em equipe, confiabilidade e autodisciplina.

As salas de aula tornam-se os grandes portais do progresso pessoal e dos países. Prova disso é a Pesquisa de Acompanhamento de Egressos do Senai 2021-2023, de âmbito nacional. Segundo o levantamento, 84,4% dos ex-alunos de cursos profissionais de nível médio da entidade estão empregados. Outro exemplo significativo é o desempenho do Sesi-SP no PISA para Escolas em 2022, anteriormente citado. Sem falar do ensino integrado Sesi-Senai.

Se conseguimos alcançar patamares elevados nas instituições do Sistema S mantidas pelas entidades de classe da indústria, fica claro que o Brasil tem competência para promover a excelência na rede pública, resgatando uma dívida histórica com seu povo. Esperemos que o ano novo, ao lado da regulamentação da reforma tributária, realização da administrativa, juros menores e impulsionamento do programa de reindustrialização, nos traga a redenção do ensino.

Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

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