A sociedade brasileira precisa passar por uma “revolução moral” para avançar rumo ao desenvolvimento social e econômico
Conecte-se conosco

Opinião

A sociedade brasileira precisa passar por uma “revolução moral” para avançar rumo ao desenvolvimento social e econômico

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

Publicado

em

Atualizado há

Foto: Canva Pro

O arcabouço literário da ciência econômica vem evoluindo na mesma proporção das mudanças nas relações entre os agentes econômicos. Recorrendo aos manuais atualizados encontrei na obra do economista Francis Fukuyama, uma variável importante para contextualizar a economia atual. No livro “Confiança”, o autor deixa claro como as relações sociais podem influenciar no desenvolvimento de uma economia justa e promover a felicidade universal. Infelizmente essa variável ainda não é debatida pelos formuladores de programas econômicos em sociedades atrasadas, talvez devido à ausência de uma elite estratégica.

Já nas Nações desenvolvidas até examinam o seu desempenho econômico mensurando o bem-estar e a capacidade de competir, observando que o avanço está condicionado por uma única abrangente cultural: O nível de confiança entre os agentes da sociedade civil – empresas, sindicatos, igrejas, clubes, associações comunitárias, Organizações sem fins Lucrativos, mídias e outros. Recorrendo a historia encontramos inúmeros exemplos de sociedades que juntaram forças para superar situações caóticas e outras que foram destruídas devido à escassez de crenças entre os agentes da sociedade.

A queda do Império Romano, da Dinastia Romanov na Rússia e o fim do Reinado de Luiz XVI na França são exemplos de derrocadas, nas quais os interesses individuais corromperam as instituições de caráter coletivo. Na era moderna o Japão destruído e derrotado pela violência da Segunda Guerra Mundial, demonstrou como uma sociedade unida pela confiança pode avançar rumo ao progresso, os nativos aderiram a uma campanha do Imperador e doou ouro para ajudar na reconstrução do país, isso só foi possível porque o “homem público” passava confiabilidade.

Roma nunca mais voltou a ser Império, o povo russo matou a pauladas o ultimo Czar e Luiz XVI foi degolado em praça pública e a boa reputação foi incorporada nos princípios dessas sociedades. O povo japonês construiu uma das mais competitivas economias do planeta, desenvolvendo competências em diversas áreas. Basta observar que em seu pequeno território estão sediados grandes conglomerados industriais que ofertam bens e serviços para o bem estar da humanidade.

O professor Fukuyama afirma que nos casos em que existe um déficit em capital social, essa carência pode ser suprida através da intervenção estatal, tal como o Estado pode retificar uma deficiência em capital humano através da construção de mais escolas e universidades. Obviamente a observação do economista norte americano não leva em consideração sociedades as quais a imoralidade da corrupção está incorporada em toda a sociedade civil.

Faço alusão a empresários que adotam a informalidade como estratégia competitiva, querem mão de obra qualificada sem ao menos investir um centavo na formação e não gostam de regras, bem diferentes do perfil do seu país, onde financiam grandes universidades, contribuem na formação de regramento justo e a inovação é o método para competir. A máxima também serve para os sindicatos conduzidos por autocratas que não pensam no coletivo, oposto das organizações sindicais estadunidenses que lutam pelo equilíbrio das relações entre capital e trabalho.

Quando ele aborda outros organismos sociais como fundações e igrejas, está se referindo ao modelo praticado também nos Estados Unidos, pois, por aqui a coisa é muito duvidosa. No caso brasileiro, a sociedade precisa passar por uma “revolução moral” para avançar rumo ao desenvolvimento social e econômico. E para sustentar esse argumento vou usar a sociologia militar, debatida pelo ex-general e professor Eliot Cohen, da Universidade Johns Hopkins, “de que Exércitos, de modo geral, refletem as qualidades das sociedades das quais emergem”.

Para Cohen, um estado que se assenta sobre corrupção, mentiras, ilegalidade e coerção, esses elementos serão revelados pelo Exército em uma guerra. Portanto se essa máxima atinge as Forças Armadas com códigos de condutas rígidos. Qual o perfil das demais instituições desenhadas por esse povo? “Um povo corrompido não pode tolerar um governo que não seja corrupto.” Marquês de Maricá.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Everton Araújo é brasileiro, economista e professor

Opinião

O petróleo não é o excremento do diabo e sim uma Dádiva de Deus

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

Publicado

em

Por

Foto: Canva

Países do Oriente Médio, Nigéria, Venezuela, Irã, Angola, Congo, Argélia e Rússia são grandes produtores e exportadores de petróleo. Pertencem ou apoiam a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um organismo com viés monopolista e autoritário. Mas além da terra rica, essas nações têm outras características similares como pobreza, concentração de rendas, aversão a institucionalidade democrática e são dominados…

Continuar lendo

Opinião

Opinião por Miguel Haddad: Inundações no RS e o papel das cidades na luta contra o desequilíbrio do Clima

Publicado

em

Por

Visão aérea de Porto Alegre - RS alagada
Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

O Rio Grande do Sul sofre nos últimos dias pela série de inundações devastadoras, resultantes das incessantes chuvas que assolaram a região. Com mais de uma centena de vítimas fatais e milhares de desalojados, estas enchentes se tornaram o pior evento climático da história do estado, desencadeando uma discussão urgente sobre os fatores que contribuíram para essa catástrofe e como…

Continuar lendo

Opinião

A corrupção é uma tempestade permanente e contribui diretamente com o caos provocado pelos desastres naturais

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

Publicado

em

Por

Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

Os Desastres Naturais são fenômenos que geram impactos nas sociedades humanas trazendo consequências graves para as pessoas. Obviamente muitos desses representam o ciclo natural da terra e ainda a ciência não desenvolveu instrumentos precisos de previsibilidade, para ajudar a amenizar os impactos sobre a vida e a economia. Atualmente, alguns eventos climáticos têm aumentado de maneira significativa, e os cientistas levantam hipóteses…

Continuar lendo

Opinião

Agência Moody’s confirma a recuperação da credibilidade da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

Publicado

em

Por

Foto: Canva

As últimas décadas do século XX foram determinantes para a modelagem da ordem mundial vigente e a acumulação financeira condicionando à produtiva e dando origem a um tipo de capitalismo com menor dinamismo e maior instabilidade quando comparado ao sistema vigente no pós-guerra e, além disso, inverteu o sentido de determinação das crises que passaram a originar-se na órbita financeira…

Continuar lendo

Opinião

Planejar a cidade

Artigo por Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí

Publicado

em

Por

Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
Foto: Arquivo pessoal

Ao construirmos uma casa, necessitamos de planejamento e fundações sólidas. Assim também funciona com uma cidade: não há espaço para projetos desorientados, baseados em proposições meramente empíricas e desprovidas de sustentação orçamentária, sem unidade estratégica. O governador Mário Covas dizia que governar exige dizer sim, mas também dizer não. Acrescento que o que se diz, na prática, deve reverberar os…

Continuar lendo