Uma parcela da sociedade brasileira acredita que os produtos estrangeiros tem qualidade superior aos produzidos no mercado interno. Essa crise de confiança tem origem na deficiência dos trabalhadores em dominar técnicas de manufatura, mas tal desconfiança é também estimulada pela ausência de padrões de produção, somado a fraudes na combinação de fatores, as quais levam a pirataria. A origem dos produtos é sempre uma incógnita duvidosa quanto às responsabilidades sociais, juntando a isso as dificuldades de rastreabilidade, além de um Estado omisso que deixam a população desconfiada quanto a qualidade do que está sendo ofertado.. A qualidade dos bens disponíveis é um dos determinantes da qualidade de vida e do desenvolvimento humano, comum em nações denominadas ricas.
A promulgação da Constituição Federal de 1988 houve uma preocupação com as relações de produção e realmente os avanços são incontestáveis. A criação de agências de regulação que além de estabelecer padrões, fiscalizam com o rigor necessário; Porem a sanha irresponsável do atual governo em desburocratizar, na verdade está destruindo todas as conquistas da sociedade brasileira e os sinais de desorganização surgem a cada fato, cito: Cervejas contaminadas matando pessoas, ração para cães com formulação oculta de veneno, autorização para comercializar resíduos de fabricação de alimentos lácteos, carcaças de frango e ossos bovinos para consumo humano. Produtos que na idade média eram descartados e atualmente são usados como matéria prima para adubo e ração animal.
É perceptível que os integrantes do governo não têm compromissos com a organização do país, e nem com o bem estar da sociedade, pois os Ministros da Economia e da Agricultura e Pecuária estão analisando as possibilidades de rever a legislação para liberar o uso de produtos vencidos, com a justificativa de evitar o desperdício de alimentos. Tal boiada passando logo atingirá outras áreas como, medicamentos e a sanitização nas cadeias produtivas de perecíveis e fármacos.
Durante a crise da covid-19 o governo influenciado por alguns empresários irresponsáveis tentou liberar a compra de vacinas pelas empresas privadas, algo inédito no mundo, no entanto o Supremo Tribunal Federal não permitiu. Obviamente o objetivo era imunizar os operários e o restante da população ficaria exposto ao vírus. As tentativas irresponsáveis de retirar a mão sagrada do Estado da organização da sociedade também são notadas no PL 1.293/2021 que nasceu no gabinete do Presidente da República e é apoiado pelas bancadas governistas da Câmara, onde foi aprovado, e felizmente barrado no Senado por parlamentares que perceberam a gravidade do problema.
Acredito que se recordaram da época na qual não havia imunização dos rebanhos e a proteína de origem animal era uma das fontes de contaminação da população. Estamos diante de pessoas desumanas, as quais administram com foco em um modelo econômico informal e predatório, como eram praticados na era medieval, que somente uma casta era beneficiada e a maioria não tinham direitos, apenas deveres. O governo criou a sua realidade paralela para confundir os menos atentos de que somente haverá pessoas com fome, quando faltar mangas nas ruas, como disse a Ministra da Agricultura de Pecuária e parafraseada pelo seu colega da pasta da economia.
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Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.