Josef Mengele

O médico alemão Josef Mengele, considerado um carrasco nazista, foi operado no Hospital Santa Elisa, em Jundiaí, em meados de 1972. O responsável pela cirurgia foi Eduardo Fredini Junior, médico já falecido que, na época, chegou a ser ouvido pela Polícia Federal.

Ano passado, completaram-se 40 anos da morte de Mengele, que viveu durante 17 anos em São Paulo – escondido em cidades do interior, como Caieiras e Serra Negra, além de Diadema e da própria capital, segundo relatos colhidos ao longo da história.

Conhecido como o ‘Anjo da Morte’, ele era um oficial da SS (Schutzstaffel, a tropa de elite do regime nazista) e foi acusado pelo extermínio de 400 mil prisioneiros, entre maio de 1943 e janeiro de 1945, no campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia.

Mengele (segundo à esquerda) era médico e oficial do exército nazista (Fotos: Acervo Professor Maurício Ferreira)

Assim que a imprensa descobriu que ele se escondeu por muitos anos no Brasil, em municípios paulistas – isso por volta de 1985 – as manchetes estamparam freneticamente esse fato. No dia 11 de setembro de 1985, o Jornal da Cidade trouxe uma entrevista com o médico Fredini, que confirmou com documentos que havia operado em Jundiaí um dos homens mais procurados do mundo.

Outro médico, Antônio Furtado de Albuquerque Cavalcanti, também prestou depoimento pelo mesmo motivo – assim como Fredini, ele reconheceu pelas fotos apresentadas pelos policiais o rosto de Mengele.

No depoimento, Fredini disse que foi procurado no hospital por um homem elegante, que tinha pelo menos 1,75 metro de altura e falava português com certa dificuldade. Mengele, ainda segundo o médico, teria se apresentado como um suíço que vivia no bairro Figueira Branca, em Campo Limpo Paulista.

História do médico que o atendeu foi retratada, na época, pelo Jornal da Cidade

Não há, até hoje, confirmação de que Mengele tenha mesmo vivido no vizinho município. A hipótese mais provável é que ele deu esse endereço com o intuito de ser tratado aqui – nessa época, os hospitais particulares tinham convênio com o INPS (SUS).

Usando o nome de Peter, o nazista precisava tratar de uma doença rara à época, conforme revelou Fredini. Tratava-se de um tumor tricobezoar gástrico (formado por pelos que se alojam no estômago). No caso de Mengele, a doença teria se manifestado após anos engolindo fios do bigode, que se alojaram no intestino.

Alemão foi acusado de exterminar 400 mil pessoas nos campos de concentração, durante a Segunda Guerra

Procurado em todo o mundo, Mengele vivia em fuga. Também, pudera: havia um prêmio pela sua cabeça, na ocasião, estimado em US$ 3,4 milhões – algo em torno de R$ 15 milhões.

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O médico alemão morreu em 1979, depois de um mal súbito na praia da Enseada, em Bertioga. A verdadeira identidade dele, porém, só foi descoberta em 1985, após exumação dos restos mortais no cemitério de Nossa Senhora do Rosário, em Embu das Artes.

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Até semana que vem!