
Todo jundiaiense tem na lembrança quando a família se juntava ao redor da mesa para comer aquela macarronada aos domingos ou para aquele sanduíche de mortadela, no café da tarde. Na mesa, nessas ocasiões, era lei ter também um refrigerante saboroso, criado aqui mesmo e que até hoje é cultuado por nos remeter às melhores recordações dessa época. É claro que estou falando da famosa Turbaína, com sabor clássico de Jundiaí!
Mas você conhece a história do inventor dessa bebida? Ele é Pedro Pacini, um italiano que se radicou no município em 1929 e por aqui ficou até o fim da vida. Pacini pisou em território nacional dia 20 de novembro de 1915, vindo da pequena cidade de Lucazone, na província de Lucca, na Toscana.
A primeira parada dele foi em Avaré, no interior de São Paulo. Depois, se mudou para Barretos até finalmente chegar aqui para trabalhar na Indústria de bebidas Ferrazzo & Cia, na Vila Arens. Uma curiosidade: o nome Ferráspari veio a partir da sociedade de Ferrazzo com o contador Armando Gaspari.
Paixão pelo trabalho
Pacini era um homem bem magro, de poucas palavras. Ele morou muitos anos na rua Santa Maria, na Ponte São João, e depois se mudou para a avenida Samuel Martins, na Vila Arens, para ficar mais próximo do trabalho que tanto amava.

Era o primeiro a chegar na empresa e o último a sair. Estava sempre trajado com um jaleco branco nos arredores da empresa. Pacini tinha muito amor pelos gatos, também, e tratava inclusive os bichanos que eram abandonado nos arredores.
Muito humilde e simples, jamais se apresentou como o responsável por criar o famoso refrigerante com sabor de todas as frutas (tutti frutti, nome em italiano para se referir à mistura das frutas). Preferia dizer apenas que era químico.

Mesmo não tendo formação para a área, o italiano foi um dos melhores da área que já trabalhou em fábrica de bebidas. Pesquisador incansável, passava dias e noites no pequeno laboratório da empresa e o esforço valeu a pena.
Criações
A Turbaína nasceu em 1932, quando passou a ser encontrada no mercado jundiaiense. Além dela, Pacini também foi responsável por desenvolver o Quinado (uma espécie de vinho), o conhaque com mel e o Bitter (um verdadeiro Campari italiano).
Pedro Pacini recebeu vários prêmios pela invenção e sempre dividia os louros com todos os amigos, colegas e colaboradores. Assim que se aposentou, foi procurado por empresários do setor para vender a fórmula da Turbaína por uma fortuna.

Além de se negar, ainda ficou furioso com a proposta. Os mais chegados contavam que, no momento da proposta milionária, disse em voz alta que a fórmula era um segredo dele e da Ferráspari. “Passe até fome, meu filho, mas sempre seja um homem honrado e de caráter”, dizia ele, relembrando uma frase do pai.
Esse ítalo-brasileiro não só nos deixou o legado desse sabor inconfundível, como também o de uma vida íntegra de trabalho e muita dedicação. Nosso agradecimento ao legado de Pacini e também ao Eduardo Vasques Rodrigues, que é neto de um dos melhores amigos do inventor e nos forneceu as imagens desta história. Muito obrigado!
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Até semana que vem!