Jundiaí tinha "carteira de habilitação" para charreteiros e bebedouros faziam sucesso

Olá! Nesta semana, vamos relembrar a Jundiahy – assim mesmo, com “h” e “y” – que era movida a cavalo. Há registros do acervo, inclusive, que mostram as autorizações dadas na época pela Prefeitura para quem tinha charrete (vamos falar sobre isso mais à frente).

Era comum vermos profissionais como entregadores de pão e leite, verdureiros e mascates usando a tração animal para vender os produtos, além do transporte de pessoas propriamente dito – feito pelos chamados “charreteiros”.

Outro ponto que fazia sucesso naquela época, obviamente, eram os bebedouros usados para matar a sede dos animais. Alguns até serviam como ponto turístico e tinha gente que abusava, se banhando neles (coitado dos cavalos!) como nesse flagrante abaixo, na rua Abolição, na década de 1980.

banho bebedouro
Água usada para matar a sede dos cavalos virou banheira, na época

Nos anos 1930, o bebedouro do Largo São José era sucesso nas tardes. Na imagem abaixo, dá para ver o Bazar São José atrás da praça anunciando móveis, tapetes e cortinas.

Há um carroceiro ali, hidratando e descansando o cavalo, enquanto crianças brincam na água do chafariz. Vemos operários trabalhando na rede elétrica, pessoas conversando… se virar à direita, seguimos para a rua Rangel Pestana, perto do Grêmio C.P.; à esquerda, descemos a Vigário J. J. Rodrigues para um passeio na “Vilarens”.

São Bento
Bebedouro no Largo São Bento, na década de 1930: tardes bucólicas

Em 1939 – Charrete de aluguel parada no ponto de ônibus da rua Barão de Jundiaí esquina com a rua Padroeira. Ali funcionava a Escola Normal de Jundiaí, na época dirigida pela professora Ana Pinto Duarte Paes.

charrete
Parada de charrete no ponto de ônibus da rua Barão de Jundiaí, esquina com a rua Padroeira

Em 1969, Carlos Viotti ao lado da carroça de verduras e legumes, na Vila Argos Nova. Reparem no terreno ao fundo da foto – ali, mais tarde, foi construído o Hospital Paulo Sacramento.

charreteiro
Charreteiro na Vila Argos Nova

Para ter controle em relação às charretes e aos donos dos animais, a Prefeitura na época instituiu um documento. Era a carteira de habilitação da época, onde constavam os dados de todo mundo – veja dois modelos abaixo:

autorização cavalo
Documento tinha dados do dono do animal e que tipo de veículo era usado

 

habilitação charrete
Notem que havia até a identificação de quem foi o examinador para a autorização do uso da carroça

Outro bebedouro muito famoso era o da avenida Doutor Olavo Guimarães, na Vila Arens. Ele ficava próximo da igreja, bem em frente de onde hoje funciona a agência da Caixa Econômica Federal. Estaria em pé até hoje, tenho certeza, como um símbolo daquela época se não fosse um motorista de Corcel que, num acidente, o destruiu.

bebedouro vila arens
Bebedouro da Vila Arens, com a igreja ao fundo: acidente destruiu a relíquia

Em 1949, as irmãs Cecília, Lucy, Terezinha e Ana Maria Zottini posaram para foto na praça Doutor Domingos Anastasio (Largo São José ), ao lado do bebedouro para cavalos. A foto é de Toninho Zottini.

Zottini
Irmãs na praça do Largo São José, em 1949

Como ainda não havia veículos, os falecidos eram também transportados pelos cavalos. Abaixo, vemos uma carroça fúnebre usada pela Funerária Bonifácio, até o final dos anos 1950. Servia, também, para cultos religiosos.

carroça fúnebre
Para os sepultamentos da época, a carroça era usada no transporte dos caixões

Me lembro que, no início dos anos 1970, vereadores votaram uma lei que obrigava os proprietários de animais para que colocassem “fralda” nos cavalos – assim o estrume não ficaria espalhado pela cidade.

Tanto os bebedouros quanto os veículos de tração animal foram ficando raros à medida em que a cidade foi crescendo e os cavalos substituídos pelos automóveis.

Espero que tenha gostado e peço que ajude a preservar nossa história: envie fotos antigas e participe do grupo no Facebook.

Até a semana que vem!

[tdj-leia-tambem]