“A carta é uma forma de mostrar a importância de um depoimento dela. A carta desdiz muita coisa que foi dita num momento completamente distinto do atual”, destaca a defesa. Ainda de acordo com a defesa, Monique ainda escreveu uma carta emotiva para o filho, mas pediu para que esta não fosse divulgada.
Ela também teria escrito ao delegado Henrique Damasceno, responsável pelo inquérito, para a família dela e para Leniel, pai de Henry. Em um dos trechos, Monique diz que está sendo apedrejada na cadeia. “Todos os dias elas gritam dizendo que vou morrer e que irão me matar, pois acreditam que eu deixava o Jairinho bater no Henry”.
- O primeiro advogado só aceitaria o caso se eles se unissem e combinassem uma versão inventada;
- Esse advogado teria cobrado R$ 2 milhões pela defesa do casal;
- Monique diz que não fazia ideia que estava levando o filho morto para o hospital;
- Que ela tinha passos controlados e era sempre monitorada por orientações do advogado;
- Ainda relata vários episódios em que foi agredida por Jairinho.
Na carta, Monique afirma que, naquele 8 de março, ela acreditava que Henry tinha realmente se acidentado no apartamento. Ela assegura que não tinha ideia que estava levando o filho morto ao hospital. “Em nenhum momento passou pela minha cabeça que meu filho poderia estar sem vida em meus braços”, diz um trecho da nova carta.
Apenas no hospital soube que o filho estava morto, ao receber a notícia de uma enfermeira. “Depois da notícia, a funcionária disse que precisaria da presença da pediatra dele para dar o atestado de óbito e Jairinho por ser médico se prontificou a fazer a fim de ajudar”, escreveu.
Ela também conta que Leniel Borel foi responsável por ir à delegacia, enquanto Monique e Jairinho cuidavam do velório de Henry. Leniel foi ao IML, onde realizavam o exame de necrópsia. A mãe do menino diz que Leniel ligou para ela, dizendo que havia algo de errado com o exame. “Estava constando: laceração hepática, por uma ação contundente e hemorragia interna”, relata Monique.
“E aí eu mostrei pra ela e falei: olha só, Monique. Tá vendo aqui. Isso aqui não é natural. O policial tava próximo e eu falei: isso é natural? Não. Isso é uma agressão. Ela não falou nada, Carlos. Nada ela falou naquele momento. Ficou quieta. Depois foi pra fora do IML ali e ficou chorando com o irmão mas não falou nada”, relembra Leniel.
“Jairinho chegou cedo na minha casa, ficou me fazendo companhia e pediu para perguntar ao Leniel se já tinha havido alguma resposta. Foi quando Leniel respondeu que tudo estava atrasado pois o IML estava sem abastecimento de água. Jairinho ficou indignado e disse que se fosse preciso, compraria um caminhão pipa pra ajudar (…)”, ressalta outro trecho da carta de Monique.
Versão inventada
Segundo a investigação, Jairinho tentou acelerar o enterro do menino, e chegou a ligar para um executivo do hospital e até para o governador, Claudio Castro. À polícia, ambos afirmam que negaram interferir no caso a pedido do vereador.
Em outra parte da nova carta, Monique acusa o primeiro advogado de Jairinho, André Barreto, de montar uma versão mentirosa da morte de Henry para protegê-lo. Ela conta que Barreto separou o casal e fez uma entrevista particular com cada um.
“No dia seguinte, o Dr. André foi até a casa do pai do Jairinho para conversarmos, mas que só aceitaria o caso se nos uníssemos e combinássemos uma versão inventada (…). Na mesma hora eu questionei por que eu não poderia dizer o que realmente tinha acontecido, já que tinha sido um ‘acidente doméstico’ (…). Eu ainda não estava satisfeita e disse que falaria a verdade, que eu não via problema algum (…). Foi quando a família dele disse que aquela seria a única versão! Que o Dr. André era um excelente criminalista, que ele teria cobrado 2 milhões de reais pelo casal (mas que só depois percebi que a defesa era apenas do Jairinho)”, escreveu Monique.
Ela também conta que era monitorada e todos seus passos eram controlados. “Ela estava sim isolada de muitas coisas e ela só pôde ter a noção da realidade muito tempo depois. Por isso a prisão dela representou de fato uma libertação dessa situação”, relatam os advogados novos. A defesa do advogado André Barreto disse em nota que ele nunca alterou a narrativa apresentada pelo casal.
Mesmo estando ao lado de Jairinho até o momento da prisão, Monique relata agora que era constantemente agredida pelo parceiro.
‘Conhecida como manipuladora’
O pai de Henry, Leniel Borel, também recebeu a nova carta, mas diz que não acredita nas palavras da ex-mulher. “Essa Monique coitadinha que apanha e fica quieta. Não. A Monique nunca foi assim. Tá muito bem claro que ela sabia que o Henry tava sendo agredido e não fez nada, né? Não falou e não fez nada”, conta.
“Depois eu vi ali a Monique falando que o Jairo tava manipulando, na verdade é o inverso. A Monique, se você for falar com qualquer amigo da Monique, a Monique é conhecida como manipuladora. Não sendo manipulada”, destaca.