Durante a pandemia da Covid-19, muitos estudos surgiram tanto para o desenvolvimento da vacina, quanto para o auxílio na redução da transmissão do vírus. Um deles está sendo realizado por diversas autoridades internacionais, que estão treinando cães para detectar a Covid-19 através do olfato.
Alguns dos países realizando o estudo são: Alemanha, Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Finlândia, Líbano e México. Há algumas semanas, os cães que passaram por esse treinamento iniciaram o rastreio de passageiros em um programa piloto em Helsinque, na Finlândia.
De acordo com Anna Hielm-Bjorkman, professora da Universidade de Helsinque, a capacidade olfativa dos cães podem detectar o vírus da Covid-19 em humanos, pelo menos cinco dias antes dos sintomas aparecerem. “Estamos nos aproximando de 100% de eficácia”, disse.
Na maioria dos países que participam da pesquisa, a ideia é utilizar essa “ferramenta” nos aeroportos ou estações de trem, locais de chegada de pessoas nos países. Dessa forma, podem facilitar a entrada e saída de pessoas sem precisar impor confinamentos e muitas restrições.
Como é feita a detecção?
Mesmo com todas as pesquisas, ainda é inconclusivo saber o que realmente os cães cheiram para detectar a Covid-19. Conforme explicado pela veterinária da Universidade de Adelaide, na Austrália, Susan Hazel, os cães são treinados com amostra de suor de pessoas podem ou não ter se infectado.
“Os compostos orgânicos voláteis que são liberados das amostras de suor são uma mistura complexa. Portanto, é provável que os cães estejam detectando uma mistura particular de cheiros, em vez de compostos individuais”, diz a veterinária. Ainda de acordo com Hazel, os cães têm cerca de 220 milhões de receptores olfativos no nariz. Isso permite que os animais encontrem mínimas alterações em substâncias.
“Não é que o vírus tenha um odor particular, mas a reação que o corpo de uma pessoa tem à infecção pode ser percebida”, disse o veterinário Fernando Madrones, da Universidade Católica do Chile.
Quando uma pessoa é infectada pelo coronavírus, o corpo sobre várias reações metabólicas e são essas reações que produzem compostos orgânicos voláteis. Estes, por sua vez, se concentram em órgãos que são relacionados ao suor. Essa reação ocorre dias antes do surgimento dos primeiros sintomas. Assim, em experimentos em todo o mundo, amostras de urina, saliva e suor têm sido usadas.
Treinamento
Os cães já são treinados para detectar doenças há muito tempo, como diabetes, câncer de mama e malária. A maioria dos métodos de treinamento para detecção de cheiro de pessoas doentes é baseada em estratégias de recompensa. Ou seja, os animais recebem amostras, no caso da Covid-19, de saliva, ao lado de alimentos ou objetos que os cães estão acostumados nos treinamentos. Depois, esse objeto ou alimento é retirado do local e fica no local apenas o cheiro da pessoa doente.
“O próximo processo é alternar essas amostras com outras que não contenham o vírus. Quando reconhecem aquela que contém a amostra positiva, recebem um prêmio”, explica o treinador colombiano, Felipe Valencia.
Quando os cães acusam uma das amostras que não tem o vírus, não recebem a recompensa e os treinadores os motivam a buscar o cheiro da pessoa contaminada. Ainda assim, Valencia explica que a eficácia da pesquisa depende do treinamento que os cães tiveram anteriormente. “Estamos nesse processo há mais de seis meses. E acho que para chegar a um nível confiável de eficácia, devemos trabalhar com os cães por pelo menos quatro meses”, observa.