A causa principal da inflação brasileira na era moderna é a pobreza
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Opinião

A causa principal da inflação brasileira na era moderna é a pobreza

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Representação de inflação
(Foto: chocorutn/Freepik)

A literatura econômica apesar da sua grandeza, ainda não trouxe nenhuma abordagem sobre o fenômeno da inflação causada pela pobreza. Talvez porque esse evento ocorre exclusivamente em países subdesenvolvidos, e não desperta interesses para desenvolver uma base literária sólida com o objetivo de compreender, solucionar e prevenir esse problema.

A queda na renda em países ricos não é estrutural e logo é corrigida com o aumento da produtividade dos meios de produção e com efeitos positivos na renda da sociedade, gerando equilíbrio nas curvas de demanda e oferta. No combate a inflação os remédios são aplicados a partir de diagnósticos baseado em causas como pressão da procura, aumento de custos de produção e especulação preventiva dos produtores repassando custos futuros.

Portanto se por ventura não resolver a patologia os sintomas aponta para algo desconhecido, obviamente a doença é incógnita. Observando a reação dos agentes que buscam adaptação ao ambiente hostil, está caracterizado que a causa da inflação em mercados subdesenvolvidos é ausência de escala de vendas proveniente das oscilações bruscas na renda dos grupos sociais. Observam também que a maioria da população tem seus salários corroídos pelos aumentos dos preços dos bens de subsistência, como comida, água e energia. 

Pleno emprego dos fatores é função de produtividade, uma vez em elevação continuada gera procura por bens e serviços, estimulando o aumento na capacidade de oferta do conjunto de produção e a elevação dos investimentos diretos e consequentemente aumento no nível de rendas. Geralmente o governo adota politicas de estímulos para equilibrar as variáveis da demanda agregada. Para estimular o consumo das famílias, reduz impostos e disponibiliza credito, no caso brasileiro atualmente os efeitos serão quase nulos, pois apenas uma minoria tem renda tributada e baixo risco para viabilizar empréstimos e financiamentos.

Esse cenário já é o suficiente para inviabilizar investimento produtivo, o qual daria dinamismo, pois é o combustível que faz a roda da economia capitalista girar. Na atual conjuntura é mais racional tributar o setor exportador e isentar a importação de tecnologias para corrigir as imperfeições nas cadeias produtivas e recuperar e eficiência de setores importantes.

Na pratica os empresários para se defender da instabilidade econômica adota suas estratégias de defesa como: elaborar preço de vendas em dólar norte americano, redução da produção para eliminar o risco de estoque, estabelecem prazo longo para entrega de produto acabado. As mudanças são inúmeras que chegam até a provocar o fenômeno da “reduflação”, ou seja, diminuir o produto para não aumentar o preço. Infelizmente esses movimentos quebram elos das correntes produtivas diminuindo a eficiência dos ofertantes.

Em uma economia de mercado a estabilidade social depende também do acesso à renda por toda a coletividade e o desenvolvimento econômico está condicionado à produtividade dos meios de produção, algo possível mediante uma pedagogia universal e sensível às transformações da sociedade globalizada.

O Brasil é a sexta população do planeta e tem recursos de produção suficientes para avançar, mas esbarra na dificuldade dos produtores em sair da defensiva e elaborar planejamento em longo prazo, devido aos riscos diversos e os mais graves é o empobrecimento dos trabalhadores e a incapacidade do Estado em ofertar serviços públicos básicos de qualidade, traçar planejamento econômico sem amarras politicas e interferir na economia para corrigir as imperfeições geradas pelo dinamismo dos mercados tudo isso são primordiais para formar uma sociedade solida e igualitária.

“Creio que tenho prova suficiente de que falo a verdade: a pobreza”. Sócrates Filósofo Grego, 469-399 a.C.

Everton Araújo, brasileiro, economista e professor 

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

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Os efeitos da escravidão promovida pelos colonizadores continuam impedindo o avanço da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

O Brasil em pleno século XXI ainda enfrenta distorções na economia e desigualdade social por causa do longo período escravocrata e pela maneira como ocorreu o processo de abolição. As deformações na economia brasileira foram criadas a partir do momento em que a escravidão foi mantida, pois era a base do sistema legal desprezando o capitalismo como sistema de organização…

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Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

As projeções para a economia brasileira são positivas e o governo aproveita para promover as suas conquistas dando publicidade para a posição do Brasil no ranking das maiores economias global, e com isso vai camuflando o problema endêmico da distribuição de rendas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024…

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Opinião

Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

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Opinião

Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

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Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

É absurda e danosa à economia a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a cobrança retroativa de impostos não recolhidos no passado em razão de sentenças judiciais definitivas ganhas pelas empresas. Estas terão de despender agora expressivo volume de dinheiro com uma inesperada despesa, para arcar com algo que a própria Justiça havia estabelecido como indevido. É uma…

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Opinião

‘Policiais são, talvez, os profissionais mais fiscalizados e não saem às ruas para cometer excessos’, diz especialista

Opinião de André Santos Pereira, Presidente da ADPESP, Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo

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Policiais Militares de SP
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O governo de São Paulo planeja lançar, até maio, um edital para a aquisição de 3.125 câmeras corporais portáteis para a Polícia Militar, visando incorporar tecnologias avançadas e melhorar a segurança pública. O anúncio vem após críticas direcionadas à Secretaria de Segurança Pública sobre possíveis abusos cometidos em operações da PM no litoral de SP. A Operação Verão terminou nesta…

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