As revoluções são constantes na economia e a destruição criativa cada vez mais avassaladora, provocando um processo de obsolescência breve com o surgimento de novos produtos e serviços, os quais são determinantes nas relações humanas. Nesse ecossistema de inovações permanentes a ciência econômica acaba de solucionar uma das suas implicações, referente ao princípio da oferta e demanda. Está evidente que a “oferta” cria sua própria demanda e impõe novas relações nas cadeias de suprimentos.
Os grandes conglomerados industriais que surgiram no início do século XX, principalmente nas engrenagens dos setores: automotivo, navegação, petróleo, agricultura, aviação, química, fármacos e armas foram determinantes para que algumas nações continuem dando as cartas no tabuleiro geopolítico. Na esteira do desenvolvimento social e econômico outros segmentos foram surgindo e modificando as conexões entre os povos. O advento da robótica modificou os processos industriais e os vínculos de trabalho. Os avanços na biologia genética e na inteligência artificial ainda não tem como mensurar os impactos para a humanidade, apesar da certeza de que será uma revolução sem precedentes.
A cada dia somos surpreendidos com novas tecnologias e descobertas as quais vão trazendo soluções para os desafios da jornada da vida humana na terra. Diante de tantas novidades desde as modificações nos setores de base como petroquímico com os avanços desde a extração até a logística reversa, a agroindústria com seus enormes ganhos de produtividades com o advento da ciência. O automóvel e o avião sempre evoluindo rumo à perfeição e as inovações com a microinformática que revolucionou as comunicações. Mas a insatisfação é a propulsão que move a humanidade, não satisfeita vai sempre à busca de criar novos produtos e serviços e formar novas cadeias de fornecimentos com dinamismo para capaz de agregar ao produto interno bruto e gerar mais renda para a população.
O mercado de cannabis tem provocado muitos debatesnas sociedades mais avançadas, como Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Austrália e Israel e até aqui no Brasil já tem alguns grupos sociais pressionando para avançar na estruturação da produção de derivados. Ogoverno da Alemanha anunciou um plano legislativo para regulamentar o uso recreativo da planta no país. O projeto visa à liberação do cultivo, posse e consumo individual, acreditam que além de gerar muitos empregos e renda, vai eliminar os problemas da ilegalidade com o tráfico do produto.
Nos EUA um projeto de lei, chamado SAFE Banking Act, propõe liberar os serviços financeiros e facilitar os negócios em todo o território americano. O texto já foi aprovado sete vezes na Câmara dos Representantes, porém, está travado no Senado. A aprovação desta lei é vista como uma legitimação da indústria no país. Mesmo com diversos estados liberando o uso medicinal e recreativo, o setor ainda caminha às margens, porém otimistas e a luz está no mercado de capitais com as ações do setor de cannabis ganhando fôlego depois de pedido de reclassificação de risco nos EUA, isso é um grande passo para a legalização no país. Na prática, a mudança tira a maconha de uma classificação de risco elevado, junto a substâncias como heroína e ecstasy, para uma classificação de baixo risco, com potencial medicinal.
O New Frontier Data, uma empresa de análise de dados sobre a indústria da cannabis, estima que o setor possa valer US$ 72 bilhões em 2030, com a legalização Mesmo sem a legalização federal ou a aprovação do SAFE Banking Act, a indústria continua crescendo. Para 2023, é esperado um aumento de vendas mundiais de 15%, para US$ 37 bilhões. Com esses movimentos mundo afora será quase inevitável àsociedade brasileira ficar fora do debate de legalização da droga e a organização de um mercado promissor.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.