As cidades paulistas vão pagar o pato na suposta reforma fiscal
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Opinião

As cidades paulistas vão pagar o pato na suposta reforma fiscal

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Foto: Canva

A cota-parte do Imposto sobre Circulação de mercadorias e serviços (ICMS) é a principal receita da maioria dos municípios brasileiros. Muitas cidades têm atributos, os quais permitem uma maior parcela no bolo da produção nacional, esses podem ser provenientes da localização próxima a um grande centro de demanda, possuir uma infraestrutura logística e social privilegiada, ou até mesmo por competência de seus gestores produziu as condições de elevada competitividade para os fatores de produção os quais demandam a formação de setores correlatos e de apoio sólidos.

Essas particularidades locais facilitam as estratégias das empresas para competir e rivalizar nas mesmas condições. É necessário salientar que o governo nesse ambiente tem um papel fundamental que é o de regulação do ecossistema para manter o equilíbrio entre os agentes. Entretanto a mão visível do Estado pode prejudicar essas conexões, basta uma simples mudança na estrutura tributária por exemplo.

Algo que exatamente está sendo defendido pelo atual governador e já é a bandeira de um postulante ao cargo de governador do Estado de São Paulo.

A vaidade dos políticos não pode ficar acima dos interesses dos habitantes de 645 municípios dessa importante Unidade Federativa. Defender uma pauta que vai prejudicar o povo paulista não faz sentido, vai afetar principalmente os municípios que são grandes produtores de bens e serviços e continuam com suas gestões pautadas em construir, promover e manter seus atributos como diferencial competitivo.

É notório que o Estado vem perdendo participação no produto interno bruto nacional e nos últimos anos acelerou, não por competência dos demais entes federados e sim pela incompetência principalmente do ultimo gestor estadual, que para promover o seu projeto politico procurou agradar outras regiões do País, com a descontinuidade de um projeto permanente que nunca foi interrompido, e sempre se ajustou as mudanças nas estruturas capitalistas promovidas pela natureza do sistema.

São Paulo é uma das regiões mais desenvolvidas do planeta, tem índices de desenvolvimento humano elevado, é um grande produtor de inovações tecnológicas, possui um parque produtivo moderno e a Capital do Estado é o centro de decisões da América Latina. As universidades paulistas figuram entre os grandes centros de formação no planeta, é a terra da prosperidade. Entretanto é necessário recuperar a consciência da nossa sociedade, que vem sendo iludida por pessoas sem comprometimento com a região e vem degradando as bases dessa estrutura. Parece ser um projeto de destruição do Estado mais importante do país e tem alguém interessado em transferir para outra região essas competências. 

Inacreditável é a postura do atual governador ao dizer que aceita perder arrecadação, para permitir a migração total da cobrança do tributo, o que deixaria de ser feita no lugar onde os produtos são fabricados (o conceito de origem) para acontecer onde eles são efetivamente consumidos (destino). As modificações nas receitas com a migração do ICMS para o destino, ou seja, os estados consumidores líquidos aumentariam sua arrecadação e seus municípios receberiam mais repasses, pois a eles são destinados 25% do ICMS recolhido.

Já os municípios dos estados produtores líquidos vão usufruir de perdas bruscas, e justamente a maioria desses está aqui. Não vejo vantagem alguma para um Estado que levou séculos para construir essas vantagens e por “bondade” de alguns governantes enviarem para outras regiões. Acredito que assim como o “povo dessa região” prosperou trabalhando muito e elegendo administradores competentes, as demais localidades do Brasil devem seguir nosso exemplo. Em outras áreas podem até falar em “milagres”, mas em economia a lógica sempre será produzir com competência, pois os recursos são escassos. Não queremos, não devemos e podemos pagar o pato.

“Quem num mundo cheio de perversos pretende seguir em tudo os ditames da bondade, caminha inevitavelmente para a própria perdição”. Nicolau Maquiavel, filósofo italiano (1469 – 1527).

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

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Planejar a cidade

Artigo por Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí

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Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
Foto: Arquivo pessoal

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Os efeitos da escravidão promovida pelos colonizadores continuam impedindo o avanço da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

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Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

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Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

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Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

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