As utopias dos políticos esbarram nas realidades. Javier Milei daqui a pouco acorda
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Opinião

As utopias dos políticos esbarram nas realidades. Javier Milei daqui a pouco acorda

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Javier Milei
Foto: Reprodução/Instagram/@javiermilei

Uma nação onde um governo, organizado da melhor maneira que proporciona ótimas condições de vida a um povo equilibrado e feliz. Essa ideia estava no imaginário do escritor inglês Thomas Morus e continua movendo a ilusão de muita gente mundo afora. Ele imaginava que era possível uma sociedade organizada de forma racional. As casas e bens seriam de todas as pessoas, que passariam seu tempo livre envolvidos com leitura e arte, não seriam enviados para a guerra e esta sociedade viveria em paz e em plena harmonia de interesses. Esse pensador “fantástico” viveu no século XV e seu pensamento continua servindo de referência para produção de novas obras literárias utópicas, como Anarquia, Estado e Utopia lançada no final do século passado pelo filosofo Robert Nozick. O pensador estadunidense defende um modelo hipotético de Estado, o qual se presta à experimentação sob o novo conceito de Estado mínimo, organização que jamais deve interferir nas trocas voluntárias e nas liberdades.

Esses modelos de organização social realmente são encantadores justamente porque propõem aquilo que a humanidade sonha. Ao serem absorvidos principalmente por políticos populistas tornam-se ferramentas poderosas para enganar as massas prometendo o paraíso sem pecados.

Na América do Sul a população até desconfia das promessas dos políticos, mas, no entanto quando surgem cheias de fantasias impossíveis, muitos pagam pra ver, alguns por não ter mais o que perder e outros por irresponsabilidade. Na vizinha Venezuela um militar das forças armadas firmou compromisso para eliminar as desgraças, mas escondeu que isso ocorreria apenas em sua orbita. Os medos são disseminados por diversos lideres como religiosos, militares, professores, comunicadores e aqui no Brasil o fantasma do comunismo continua sendo usado para assustar principalmente uma parcela da classe média e por ser abstrato estão sempre criando novas faces para ludibriar os dogmáticos. 

O Ex-Presidente Bolsonaro continua encantando milhões de pessoas criando expectativas improváveis, e não se reelegeu justamente porque a realidade foi mais uma vez cruel com os sonhadores. No campo da segurança pública a sociedade acreditou em avanços e não entregou o prometido como fim da progressão de pena, audiência de custódia e redução da maioridade penal. Perdeu popularidade ao agredir as Instituições do Estado de Direito e quando acuado recuava, demonstrando fraquezas. Os seus apoiadores acreditavam em uma ruptura institucional o que lhes permitia agir como um autocrata e sem controles fazer o que bem entendesse como correto e os espelhos podem ser visto de diversos ângulos, de Putin a Recep Erdogan.

A mudança é permanente e a vizinha Argentina que sempre viveu em turbulência econômica e social, apesar de acreditarem que é a elite da região, decidiu apostar nas propostas do economista Javier Milei, o qual promete transformações impossíveis às quais se assemelham a ficção de Morus e Nozick. O estado de alienação em que parte da população do país entrou após a vitória de Javier Milei na eleição presidencial é uma viagem psicodélica e os riscos são enormes, pois as expectativas da população por soluções são breves e para piorar a vida do presidente eleito a realidade do país é cruel.

É sabido que o país platino está passando por sérios problemas sociais e econômicos, como esfacelamento do tecido social provocado por desemprego e queda no poder de compra. A economia apesar de bem diversificada como uma indústria forte e uma agricultura de elevada produtividade não absorve a força de trabalho, o que estimula a informalidade, o desalento e até a violência social.

Milei não terá sucesso rompendo com seus principais parceiros comerciais, como Brasil e China. Perder a soberania monetária adotando a moeda de outra nação é uma aventura e para aumentar o abismo não é detentor de reservas em dólar estadunidense e para aumentar os riscos não terá o controle de um Banco Central, o qual segundo o tal economista mão tem função alguma. Reduzir impostos, privatizar serviços públicos e retirar subsídios de setores estratégicos são outras metas do presidente eleito, mas será o caminho pavimentado para destruir as bases da produção que ainda sustenta a Nação e os efeitos serão extremamente nocivos para toda a coletividade.

Milei é o novo Videla disfarçado de libertário, essa são as palavras de um amigo argentino e segundo ele pode representar uma ameaça à soberania democrática argentina, tal qual o ditador Jorge Rafael Videla, que governou o país entre 1976 e 1981, com a missão de eliminar o “populismo” e levou o país a uma ditadura cruel e irresponsável. Não acredito nessa proeza, pois tentaram por aqui e as Instituições democráticas demonstraram solidez para frear.

A Argentina é uma potência regional, o que não capacita a marcar posição no jogo geopolítico global, então não adianta Milei espernear. Se comparado com o Brasil, seria apenas o Estado de São Paulo, com produto interno bruto e população bem próxima, levando algumas vantagens devido ao tamanho do território, porem está distante no campo social e tecnológico. 

Avante Hermanos, o pulso ainda pulsa.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

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