Eficiência Energética: Veículos Elétricos
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Eficiência Energética: Veículos Elétricos

Artigo por Paulo Ricardo Maltauro,
Engenheiro Eletricista, responsável técnico pelo escritório de projetos Malta Engenharia.

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Carregamento de carro elétrico

Como muitos dos avanços tecnológicos desfrutados, os veículos elétricos são um velho sonho da humanidade, que encontra suas raízes na história e que poderia ter uma boa nota através da ficção científica. Veículos elétricos são aqueles acionados por pelo menos um motor elétrico. Como há dezenas de milhões de veículos convencionais circulando no país, estes veículos podem reduzir consideravelmente desperdícios de combustíveis sobretudo de origem fóssil.

No início do século XX, já circulavam nas ruas muitos veículos elétricos a bateria, mas o aperfeiçoamento dos motores a combustão interna acabou tornando este tipo de propulsor padrão no mercado, a pequena capacidade de armazenamento das baterias, seu peso e o tempo elevado para carga limitaram o uso dos veículos elétricos ao atendimento de necessidades específicas e em áreas restritas.

No final do século, porém, observou-se um renascimento dos elétricos estimulado inicialmente por incentivos governamentais e normas que restringem emissões de poluentes. Embora o número de veículos elétricos ainda seja pequeno, o estágio de experiências já se encontra ultrapassado e as vendas crescem rapidamente pelas vantagens apresentadas: alta eficiência energética que proporciona custos operacionais inferiores aos convencionais e elevado conforto, isto é, baixo ruído e ausência de vibrações.

As vantagens dos veículos elétricos sobre automóveis comuns são muitas. A primeira delas é sua eficiência energética. A economia é o triplo em relação à gasolina, com menos partes móveis, o custo do km rodado é o menor do mercado: R$ 0,07/km/Elétrico X R$ 0,27/km/gasolina tendo um veículo 1.0 básico como referência, um veículo a combustível fóssil possui muito mais itens a serem avaliados em uma manutenção preventiva, e isso gera tempo parado e indisponibilidade de uso, enquanto o carro elétrico oferece manutenção preventiva, rápida e eficaz.

O rendimento de um motor a diesel é, no máximo, de 43% contra 96,4 de um motor elétrico de potência acima de 370 kW, o que mostra claramente o benefício de um motor elétrico em comparação ao motor a combustão, principalmente quando pensamos no meio ambiente, pois não emite gases e ruídos, e utiliza energia limpa e renovável.

Tipos de veículos elétricos

Os veículos elétricos podem ser classificados em cinco famílias de acordo com a forma como a energia elétrica é disponibilizada a bordo:

A Bateria – A energia é fornecida por um conjunto de baterias que são recarregadas na rede elétrica.

Híbrido – A energia é fornecida por um gerador a bordo que é acionado por um motor a combustão. Estes veículos também usam sistemas de bateria e capacitores para acumular energia elétrica, permitindo que o motor a combustão só opere nas condições ótimas ou fique desligado. Recentemente surgiu o conceito de veículos “plug in”, isto é, veículos que podem ser ligados à rede elétrica para carga de baterias e dispõem de motor/gerador a bordo para carga das baterias, extensão da autonomia e/ou adição de potência em ladeiras e arrancadas mais fortes.

Célula a Combustível – É suprido por células a combustível, equipamento eletroquímico que transforma a energia do hidrogênio diretamente em eletricidade. Esta tecnologia é objeto de muita pesquisa na atualidade e diversos fabricantes apostam nela como o futuro dos veículos. 

Ligado a Rede ou Troleibus – A energia é fornecida pela rede elétrica. Trata-se do tipo mais presente no Brasil (estado de São Paulo). Entretanto, devido ao alto custo da rede e dificuldades de trânsito, não há previsão de expansão.

Solar – A energia é fornecida por placas fotovoltaicas. Restrito ao ambiente das universidades que trabalham com as FV, é pouco provável que eles venham se transformar em um veículo de uso prático pelas restrições de tamanho dos veículos que limitam a dimensão dos painéis e consequentemente sua potência.

Veículos Autônomos – Temos ainda uma subcategoria nos veículos elétricos que são os veículos autônomos, envoltos em muita polêmica principalmente pela tecnologia embarcada que é a inteligência artificial, muitos apostam que este sim será o futuro no que diz respeito à mobilidade sobre rodas. O veículo autônomo é aquele (não precisa ser necessariamente um carro, podendo ser um caminhão, uma moto ou qualquer outro meio de transporte) que dispõe de um sistema de orientação que lhe permite ir a algum lugar, de forma independente e sem a intervenção de um motorista humano.

A visão computacional, a inteligência artificial e a conectividade sem fio são as principais tecnologias que permitiram, durante uma década, que os veículos autônomos avançassem a passos largos. Parte deste desenvolvimento tecnológico já pode ser desfrutado por alguns motoristas que possuem esse tipo de veículo novo disponível no mercado, por exemplo, os carros que estacionam sozinhos.

A penetração dos veículos elétricos no mercado se dará de forma espontânea, pelas suas virtudes na medida que os consumidores percebam claramente suas vantagens. A dificuldade é que se trata de uma mudança de paradigma, um processo de adaptação doloroso para os atores tradicionais e que necessita superar barreiras de mercado e culturais. 

Nunca se vendeu tantos híbridos, mas, nos elétricos, o Brasil ainda está bem desconectado do mundo. No ano passado, tivemos recorde, com aumento de 66% na venda de eletrificados e chegamos a 1% da frota brasileira. Só que, se comparar com resto do mundo, vemos que a Noruega tem 80% da frota e a Alemanha tem 20%, assim como é a média do restante da Europa. No mundo, está 5%.
 
Eles consideram só elétricos e híbridos plug-in [que permitem o carregamento por tomada], que, aqui, ainda estão com 0,3% do total. Então, a gente compara o mundo com 4,6% da frota e percebe que realmente estamos muito desconectados. Perdemos para a Colômbia, que é um mercado dez vezes menor que o nosso e vendeu 50% mais carros elétricos, e para a Costa Rica, que é 100 vezes menor e vendeu 622 veículos, contra 801 totalmente elétricos no Brasil.

Em relação ao futuro a invasão dos carros elétricos nos mercados de países que ainda não estão tão preparados para receber a tecnologia de forma maciça, como o Brasil, será gradual, apesar disso ela acontecerá, e não terá mais volta. Diante de um cenário que cedo ou tarde chegará, surge uma dúvida bastante pertinente: afinal, o que acontecerá com os carros a combustão quando veículos movidos a gasolina não forem mais produzidos? 
 
Infelizmente, ainda não há uma resposta definitiva para quem está aflito com essa questão. No entanto, o panorama que vem se desenhando não parece ser muito animador para quem hoje olha para o mercado de carros elétricos e torce o nariz, tanto pelas questões dos altos preços, falta de infraestrutura, etc. quanto por, simplesmente, preferir o ronco dos potentes e beberrões motores a combustão.
 
Paulo Ricardo Maltauro – Engenheiro Eletricista, responsável técnico pelo escritório de projetos Malta Engenharia (CREA 5069040190).

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

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