Favelas e comunidades: oportunidades de negócios
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Opinião

Favelas e comunidades: oportunidades de negócios

Por Miguel Haddad

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Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

No Brasil mais de 17 milhões de brasileiros vivem nas favelas, em moradias precárias, sem saneamento básico, dependendo muitas vezes da caridade para atender suas necessidades básicas. Na sua esmagadora maioria são pretos, ou seja: ainda por cima, são vítimas da discriminação racial. 

Tem havido algum progresso no enfrentamento do preconceito racial no Brasil. Um marcador visível desse avanço é o aumento de modelos negros na publicidade. A instituição da renda básica, por outro lado, é um paliativo importante, assim como o sistema de cotas, responsável pelo crescente número de pessoas negras nas universidades e em cargos públicos. Jundiaí foi a primeira cidade brasileira – um título que muito nos honra – a estabelecer, há vinte anos, o critério de cotas nos concursos municipais.  

Essas medidas concorrem para diminuir o sofrimento, mas a verdade é que não resolvem de fato a situação da população que mora nas favelas. Não têm tração capaz de fazer, no curto prazo, esse contingente progredir e passar a encarar o futuro com esperança. 

Surge agora, e essa é uma boa notícia, uma nova vertente capaz de dar dinamismo a esse processo. Segundo Renato Meirelles, do Locomotiva Instituto de Pesquisa, o Data Favela – programa de pesquisas da entidade – aponta que as classes C, D e E, maioria nas favelas e periferias, representam 165 milhões de brasileiros e movimentam cerca de R$ 1,7 trilhão de massa de renda. Segundo Meirelles “eles são a maioria do mercado e não existe líder de venda que não esteja próximo desse público”.

Boa parte desses consumidores são atendidos por pequenos negócios locais. Na realidade, como diz uma liderança da comunidade, o empreendedorismo começou nas favelas como meio de sobrevivência. Esses microempreendedores não contam, todavia, com nenhum incentivo e orientação, e não têm acessos a financiamentos. Incentivar o empreendedorismo da periferia seria uma alavanca poderosa não apenas para as comunidades, mas para a economia como um todo.

A boa notícia é que isso está começando a acontecer. Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (CUFA) e CEO da Favela Holding, recentemente anunciou o lançamento de um fundo de capital de risco de R$ 50 milhões, batizado de Favelas Fundos, destinado a startups de comunidades que tenham projetos e soluções em diferentes segmentos, como logística, gastronomia, marketing, tecnologia e saúde.

Um exemplo do sucesso do empreendedorismo nas favelas é a ATW Delivery Brands, uma franquia que teve início em uma favela de Vitória, no Espírito Santo, e hoje é a maior rede de dark kitchen – restaurantes que contam apenas com cozinha, não têm salão para consumo local e fazem suas vendas por delivery – do mundo.

O pioneirismo de iniciativas como a ATW Delivery Brands abre caminho para milhares desses microempreendedores, que limitam sua área de atuação ao mercado local – gerando renda suficiente apenas para sustentar suas famílias – ambicionarem um crescimento inédito. 

Politicamente, esse conjunto – ações do Estado sendo complementadas por iniciativas do mercado, no encaminhamento de uma solução para um grave problema social – deixa claro a importância do pragmatismo, ou seja, independente de crenças e ideologias, o que vale é o resultado, o que funciona. Sem discursos de ódio, sem paixões, sem torcidas organizadas, sem preconceitos, esse deveria ser o norte da nossa bússola política.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

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Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

As projeções para a economia brasileira são positivas e o governo aproveita para promover as suas conquistas dando publicidade para a posição do Brasil no ranking das maiores economias global, e com isso vai camuflando o problema endêmico da distribuição de rendas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024…

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Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

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Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

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Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

É absurda e danosa à economia a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a cobrança retroativa de impostos não recolhidos no passado em razão de sentenças judiciais definitivas ganhas pelas empresas. Estas terão de despender agora expressivo volume de dinheiro com uma inesperada despesa, para arcar com algo que a própria Justiça havia estabelecido como indevido. É uma…

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‘Policiais são, talvez, os profissionais mais fiscalizados e não saem às ruas para cometer excessos’, diz especialista

Opinião de André Santos Pereira, Presidente da ADPESP, Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo

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Policiais Militares de SP
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O governo de São Paulo planeja lançar, até maio, um edital para a aquisição de 3.125 câmeras corporais portáteis para a Polícia Militar, visando incorporar tecnologias avançadas e melhorar a segurança pública. O anúncio vem após críticas direcionadas à Secretaria de Segurança Pública sobre possíveis abusos cometidos em operações da PM no litoral de SP. A Operação Verão terminou nesta…

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Opinião

A destruição criativa é o grande desafio para os gestores públicos e privados

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Foto: Canva Pro

São muitas as teorias para explicar, definir, entender, analisar, ensinar, antecipar e justificar os movimentos dos mercados. Porém nesse breve relato vou ousar em buscar nas leis da física uma reflexão para tais problemas. Isaac Newton físico inglês disse: “Todo corpo tende a permanecer em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo e uniforme a menos que uma força…

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