Até um tempo atrás ainda era possível discutir se o desequilíbrio do clima, como queriam alguns, era uma balela. Infelizmente a sucessão de catástrofes, cada vez mais devastadoras, deixou claro que estamos enfrentando uma ameaça real cujas consequências podem comprometer o futuro da Humanidade.
Em outras palavras: se não tomarmos as providências necessárias, as próximas gerações serão forçadas a viver em um mundo hostil, no qual a luta não será mais por uma vida melhor, mas pela sobrevivência.
Temos algumas vantagens nesse confronto: conhecemos a causa do desequilíbrio do clima – a emissão dos gases que causa o chamado Efeito Estufa – e, consequentemente, qual é a solução: diminuir drasticamente a sua emissão.
O problema é que essa providência contraria interesses poderosos e, de fato, pode desestruturar a economia mundial, baseada em grande parte no uso de combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão. O Governo Alemão, por exemplo – uma coalizão que inclui o Partido Verde – está sendo obrigado a investir pesadamente na mineração do carvão para garantir o combustível necessário para o funcionamento do seu parque industrial.
A boa notícia – que pode significar, não vamos medir as palavras, a nossa salvação – é a chamada Economia Verde. E é impressionante ver o seu avanço e em nosso País as coisas começam a andar nessa direção: no dia 7 de março, um grande evento em São Paulo lançou o Fórum Ambição 2030, promovido pelo Pacto Global da ONU em parceria com a empresa Aya Earth Partners, uma coalizão de entidades e empresas que busca unir os interesses do Capital com o combate às mudanças climáticas.
Como assim? Empresas – que têm como objetivo gerar lucros – empenhadas em um objetivo social? Bem, é aí que entra o Novo Poder, o poder do consumidor, pois é a crescente conscientização da importância da decisão de consumo que está levando as empresas a pactuarem suas atividades tendo como foco as boas práticas, ou seja, visando não apenas o lucro, mas, também, o bem-estar social e a redução da emissão dos gases poluentes. Essa é a nova economia, a Economia Verde.
Isso funciona? Primeiro é preciso entender que já estamos de posse, hoje, da tecnologia necessária para conseguir eliminar os efeitos nocivos dos gases que aquecem a atmosfera. O que precisamos para efetivar essas medidas é o comprometimento por parte das empresas, governos e entidades com essa agenda. Como diz um dos mais respeitados executivos globais, Paul Polman, que fez a palestra de lançamento do Fórum Ambição 2030: “A crise não é de ordem tecnológica. É de ordem moral”.
É aí que entra o Novo Poder. E para que ele possa ser exercido o principal agente é cada um de nós e a nossa decisão de consumo. O recente boicote às vinícolas gaúchas que utilizavam trabalho escravo é uma amostra clara da sua força. Hoje em dia, em escala global, é crescente o número de consumidores que estão dando preferência a empresas que se guiam por boas práticas.
E outras ações podem ser adotadas em nosso cotidiano para exercer o Novo Poder: a redução do consumo de itens descartáveis, o reaproveitamento de materiais, a compra de produtos de empresas que evitam o impacto ao meio ambiente e que utilizam poucas ou nenhuma embalagem, a aquisição de só aquilo que é essencial. Enfim, as opções estão à mesa.
Na realidade, no presente, empresas e entidades que representam os interesses dos consumidores já estão trabalhando em conjunto. Para se ter uma ideia da verdadeira dimensão desse movimento, o Fórum Ambição 2030, que reuniu, em seu lançamento, 500 lideranças empresariais, congrega 185 empresas, ONGs que defendem o consumo consciente e representantes do setor público.
Jundiaí, assim como as demais cidades da nossa Região Metropolitana, tem um papel central nesse esforço. Segundo levantamento estatístico, as cidades são responsáveis por 70% das emissões dos gases que aquecem o meio ambiente.
Há uma luz no fim do túnel. O caminho efetivo para enfrentarmos as mudanças climáticas está dado. Vamos trabalhar para reunir, no mais curto espaço de tempo possível, empresas, poder público e ONGs para tornar nossa cidade – e nossa região – um polo dinâmico de engajamento na nova Economia Verde.
Não por outra razão essa é também a cor da esperança.
Artigo por Miguel Haddad
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