
Países do Oriente Médio, Nigéria, Venezuela, Irã, Angola, Congo, Argélia e Rússia são grandes produtores e exportadores de petróleo. Pertencem ou apoiam a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um organismo com viés monopolista e autoritário. Mas além da terra rica, essas nações têm outras características similares como pobreza, concentração de rendas, aversão a institucionalidade democrática e são dominados por ditadores violentos que usufruem da qualidade de vida que a grana farta financia e mantém-se no poder por atender aos interesses das nações ricas e grandes consumidoras do ouro negro. Essa riqueza é realmente uma maldição, mas, para a maioria da população desses territórios, que segregados e oprimidos pelos donos do poder, todavia movidos por seus caprichos beneficiam os povos estrangeiros com o sofrimento de seus compatriotas.
No entanto Estados Unidos, Canadá, e Noruega são grandes produtores e exportadores de hidrocarbonetos e não ostentam os atributos negativos dos componentes da OPEP. Obviamente a consciência de povos civilizados não tolera autoritarismo, e já conquistaram o direito de eleger lideranças compromissadas com o bem da coletividade e a manutenção das instituições estatais. É notório que fazem bom uso da riqueza nacional e ao contrário do venezuelano que criou a OPEP não veem o petróleo como excremento do diabo e sim como benção de Deus.
Esse tesouro beneficia direta e indiretamente seus habitantes, não apenas com a disponibilidade de produtos derivados de extrema necessidade para a humanidade, mas também com os subsídios a pesquisa e tecnologia financiadas com os royalties da indústria petrolífera. Outras nações desenvolvidas que a natureza não privilegiou com o recurso, não ficam de fora dessa importante cadeia produtiva e desenvolve sua indústria para beneficiar o óleo bruto adquirido nos mercados que ofertam e não investem em beneficiamento dada a ignorância de suas hierarquias sociais corruptas e satisfeitas com a fartura e não se preocupam em agregar valor e estender a cadeia de derivados.
Se existe alguma maldição na geografia do petróleo não é causada pela fortuna que está no subsolo e sim pela ganância dos que administram as economias na superfície. Olhando para o Brasil apesar das criticas atuais a empresa estatal que explora o cabedal, desde metade do século passado, tem um histórico de competência e eficiência inclusive por superar as dificuldades na exploração em águas profundas. A Petrobras é responsável pelo desenvolvimento da economia brasileira e ganhou mais notoriedade a partir das crises do petróleo na década de 1970 com os boicotes da OPEP.
A empresa no inicio desse século se afirmou na geopolítica do petróleo ao prospectar grandes reservas de óleo nas profundezas do oceano e no desenvolvimento de tecnologia para exploração. Porem apesar do milagre da natureza e da dedicação de uma minoria a sociedade brasileira é castigada pela maldição dos políticos inescrupulosos e apoiada por uma imprensa podre que corroem as estruturas da companhia e depois entregam aos estrangeiros que sugam as riquezas locais e canalizam para abastecer seus mercados carentes da matéria prima.
Portanto as desgraças por aqui e por lá não são provocadas pelas maravilhas da natureza e sim pela crueldade dos humanos. Basta recordar que no caso da Petrobras, sofreu uma tentativa de esfacelamento no governo de Fernando Henrique e após se recuperar nas gestões do Lula, sofreu com a ganancia de corruptores que corromperam agentes públicos e quase destruíram a companhia e para piorar o terrorismo, os homens da Justiça, se aproveitaram da fraqueza das Instituições do Estado Brasileiro e tentaram arrancar o seu pedaço.
A Companhia foi utilizada durante os governos de Temer e Bolsonaro para surrupiar a sociedade com uma politica de preços dolarizada, com o objetivo de capitalizar os grandes acionistas e consequentemente alimentar a espiral inflacionária. Entregaram ao capital estrangeiro algumas estruturas como refinarias, oleodutos e a rede de distribuição de derivados, como a narrativa de que está chegando ao fim a era do petróleo.
A pressão na companhia é constante e usam as oscilações nas bolsas de valores para criticar a gestão atual que é voltada para auxiliar no desenvolvimento do país. A sociedade tem que ser beneficiada pela riqueza da terra boa e não punida pelos interesses da elite como ocorre em outras partes do mundo. O petróleo é uma benção de Deus e tem beneficiar os seus filhos.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.