Os desafios de Lula no terceiro mandato
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Opinião

Os desafios de Lula no terceiro mandato

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Mão do Presidente Lula em Faixa Presidencial
Foto: Ricardo Stuckert/PR

O povo brasileiro garante a Luiz Inácio Lula da Silva o terceiro mandato para Presidente da Republica Federativa do Brasil, algo inédito na democracia brasileira. Essa conquista da sociedade ocorre em um momento turbulento no qual uma parcela da sociedade carregada de emoções, vem exigindo ruptura institucional e até o retorno da ditadura militar com a justificativa de garantir a liberdade, o que é uma negação da realidade, mesmo porque um regime ditatorial, somente se sustenta com segregação do livre-arbítrio, a opressão truculenta a oposição e controle da informação. É sabido que a contestação livre e pacifica é filha legitima da democracia.

Luiz Inácio chegou pela primeira vez em 2002 após quatro tentativas, com desafios do tamanho da esperança dos brasileiros que acreditaram na mudança de rota, com a descontinuidade de cinco séculos de domínio do orçamento estatal por representantes das oligarquias atrasadas. A Nação ganhou protagonismo internacional e Lula liderou e organizou o G20, grupo dos vinte países mais ricos do mundo e ajudou a fundar o BRICS para facilitar as relações comerciais do Brasil com os integrantes do bloco que avançavam para romper o subdesenvolvimento social e econômico. A economia brasileira surfava nas ondas dos bons preços das commodities e a equipe econômica de Lula aproveitou para construir pilares sólidos os quais permitiu conquistar o posto de sexta economia capitalista. Apesar dessas conquistas as fraquezas da economia continuava nas classes sociais ascendentes, as quais eram a locomotiva do consumo o que estimulava os empresários a dilatar suas curvas de oferta.

O Brasil alcançou no ano 2008 o posto de quarto maior consumidor de automóveis do planeta o terceiro em vendas de computadores. O consumo de aço e cimento causaram rupturas nas cadeias de suprimentos desses setores no mundo. O mercado interno pujante motivado pelo credito fácil e o aumento da renda permitiu que algumas empresas nacionais ocupassem posições de destaque em suas cadeias produtivas. A Petrobras com a descoberta e exploração das reservas abaixo da camada de sal, era uma das mais cobiçadas do mundo nos mercados de capitais. A mineradora Vale e a siderúrgica CSN também ostentavam bons indicadores e o mercado brasileiro atraiu grandes empresas estrangeiras para ofertar imóveis provocando uma revolução na gestão empresarial, principalmente nesse segmento que até então era dominado por empresas nacionais com administração familiar com capital restrito e baixa produtividade.

A sociedade confiou ao metalúrgico um segundo mandato, e lhe permitiu a continuidade do projeto nacional, que alcançou na economia o pleno emprego dos fatores de produção, o que levou a sociedade a avaliação positiva jamais alcançada por outros governantes. Esse período a frente do Executivo Nacional acumulou credibilidade suficiente para conduzir a primeira mulher ao posto de Presidente da Republica do Brasil e também afirmar a consolidação das estruturas democráticas, as quais foram até utilizadas para interromper bruscamente o ciclo do Partido dos Trabalhadores e alimentar as expectativas de grupos reacionários insatisfeitos com a imposição da Constituição Federal que garante igualdade sem distinção a todos os cidadãos.

Lula chega pela terceira vez nesse século ao Posto maior da Republica após reunir forças democráticas descontentes com o comportamento dos mandatários e as ameaças constantes a Democracia e ao Estado de Direito. Os desafios para o atual governo vão além da inflação persistente, e a insubordinação de alguns agentes do Estado é uma nuvem passageira, assim como o barulho de uma oposição presa a dogmas e alimentada por delírios e mentiras divulgados nas redes sociais. O problema central está nas dificuldades em fazer reformas equilibradas nas Estruturas do Estado, as quais permitam a distribuição de rendas, fim das regalias e estimulem o fluxo de capitais para mover a roda da economia. Entretanto a independência do Banco Central já é percebida como uma das pedras no caminho do projeto progressista do atual governo, mesmo porque esse modelo é mais útil à especulação financeira e pune a produção de bens e serviços devido a aplicação de politicas monetárias contracionistas como a atual. A missão é difícil, mas é possível para esse cidadão brasileiro que tem na dificuldade o combustível para a vitória.“A grande glória da vida não está em nunca cair, mas em se levantar a cada vez que caímos”. Nelson Mandela, líder da Sul Africano.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

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Planejar a cidade

Artigo por Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí

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Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
Foto: Arquivo pessoal

Ao construirmos uma casa, necessitamos de planejamento e fundações sólidas. Assim também funciona com uma cidade: não há espaço para projetos desorientados, baseados em proposições meramente empíricas e desprovidas de sustentação orçamentária, sem unidade estratégica. O governador Mário Covas dizia que governar exige dizer sim, mas também dizer não. Acrescento que o que se diz, na prática, deve reverberar os…

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Os efeitos da escravidão promovida pelos colonizadores continuam impedindo o avanço da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

O Brasil em pleno século XXI ainda enfrenta distorções na economia e desigualdade social por causa do longo período escravocrata e pela maneira como ocorreu o processo de abolição. As deformações na economia brasileira foram criadas a partir do momento em que a escravidão foi mantida, pois era a base do sistema legal desprezando o capitalismo como sistema de organização…

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Opinião

Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

As projeções para a economia brasileira são positivas e o governo aproveita para promover as suas conquistas dando publicidade para a posição do Brasil no ranking das maiores economias global, e com isso vai camuflando o problema endêmico da distribuição de rendas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024…

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Opinião

Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

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Opinião

Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

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Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

É absurda e danosa à economia a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a cobrança retroativa de impostos não recolhidos no passado em razão de sentenças judiciais definitivas ganhas pelas empresas. Estas terão de despender agora expressivo volume de dinheiro com uma inesperada despesa, para arcar com algo que a própria Justiça havia estabelecido como indevido. É uma…

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