Tudo é imposto, em todos os lugares, ao mesmo tempo
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Opinião

Tudo é imposto, em todos os lugares, ao mesmo tempo

Rafael Cervone é engenheiro, empresário e o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).

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Rafael Cervone

Há um ano, por ocasião do Dia de Tiradentes, 21 de abril, escrevi artigo lembrando que a Inconfidência Mineira, movimento pelo qual morreu o herói nacional, foi motivada principalmente pela cobrança do Quinto (20% do ouro extraído) e a Derrama, determinação de que todos os impostos atrasados fossem pagos de uma só vez. Abordei o tema, naquele outono de 2022, fazendo analogia com a campanha eleitoral, na qual os então candidatos à presidência da República e ao Parlamento prometiam realizar a reforma tributária, solucionando a antiga e crônica expropriação dos brasileiros pelo voraz apetite pecuniário do Estado.

Infelizmente, nosso país jamais conseguiu solucionar a questão. Acendeu-se uma luz com a Constituição de 1988, que extinguiu alguns impostos federais cumulativos, mas abriu a porteira das possibilidades de se criarem múltiplas taxações, exploradas ao máximo pela União, estados e municípios. Hoje, temos elevadíssima carga, de aproximadamente 33% do PIB, que lembra o título do filme de Daniel Kwan e Daniel Scheinert, ganhador do Oscar em 2023, pois se tributa “tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo”.

Embora pareça obra de ficção, a transferência de dinheiro da sociedade e dos setores produtivos ao Estado, por meio da receita fiscal, é uma dura realidade, que agrava o “Custo Brasil”, desestimula o nível de atividade e implode a competitividade das empresas e da nossa economia. No ano passado, quando escrevi sobre o tema, o calendário político, como sempre ocorre, havia paralisado a tramitação das propostas de emendas constitucionais referentes à reforma tributária: a PEC 45, na Câmara dos Deputados, e a 110, no Senado. Isso jamais deveria acontecer, pois a agenda eleitoral não pode atropelar as prioridades.

O presente governo comprometeu-se com a realização da reforma. A primeira etapa, até outubro próximo, deverá tratar do imposto único e a segunda, dos incidentes sobre a renda e outras taxações, dentre elas a Contribuição Previdenciária Patronal, cuja desoneração – esperamos – deverá ser definitiva. É determinante que esse cronograma seja cumprido pelo Executivo e o Congresso Nacional, pois seguimos carentes de um sistema tributário indutor e não restritivo ao crescimento sustentado, que estimule investimentos, o consumo, as exportações, o empreendedorismo e a geração de renda e empregos.

Somente os impostos são responsáveis por R$ 270 bilhões anuais que as empresas gastam a mais para operar no Brasil em relação à média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), conforme estudo do Boston Consulting Group e entidades de classe. Por isso, defendemos uma reforma que simplifique o pagamento, ponha fim à guerra fiscal entre unidades federativas e reduza a carga. Também é essencial a taxação isonômica de todos os setores, sem que se aumente o que cada um já paga. Hoje, a indústria de transformação, embora represente 11,3% do PIB, responde por cerca de 30% do bolo total da arrecadação.

A reforma tributária é crucial para que nossa economia cresça de modo mais robusto. Assim, precisamos realizá-la já, juntamente com a administrativa. Esta também é necessária para que o Estado seja mais racional e produtivo e menos dispendioso para os contribuintes. Transcorridos quase 35 anos da promulgação da Constituição de 1988 e 231 da execução de Tiradentes, seguimos esperando, ansiosos, um sistema de impostos/fiscal que pare de enforcar o povo brasileiro.

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O futuro dos idosos: desafios e soluções

Artigo escrito por Miguel Haddad

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Idosos dançando em par
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O envelhecimento populacional é uma realidade inegável, e suas repercussões já são percebidas de maneira contundente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2050, cerca de 2 bilhões de pessoas terão mais de 60 anos, representando um quinto da população global. No contexto brasileiro, dados do Ministério da Saúde alertam para a crescente proporção de idosos, prevendo…

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A direita antipatriota continua vendendo o Brasil para a China comunista

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Dois homens iniciando um aperto de mãos com uma bandeira da China e uma bandeira do Brasil em cima de uma mesa
Foto: Canva Pro

Uma suposta ameaça comunista no Brasil é frequentemente levantada pela direita para, com frequência, justificar ações autoritárias e ameaças à democracia. Essas ideias vagas ainda têm força, mesmo sem histórico de um “projeto comunista” que tenha chegado a ameaçar o Estado brasileiro. Diante da dificuldade de construir planos consistentes para avançar o Brasil, usam a pecha do anticomunismo como um ponto de unificação das direitas na sua diversidade.  O discurso…

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Privatização de setores estratégicos, ameaça à democracia, o desenvolvimento e a liberdade

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Foto: Canva Pro

O professor e historiador Donald Cohen, lançou a obra "Privatization of Everything" com uma forte reflexão sobre o papel do setor privado na sociedade global.  Para ele a privatização de empresas estratégicas nada mais é que entregar à iniciativa privada a autoridade, o controle e o acesso a bens públicos, muitas vezes extremamente necessários à população. O especialista também mostrou…

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Dia da Indústria: CIESP Jundiaí alerta para desafios e destaca importância da educação

O Dia da Indústria reflete a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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Marcelo Cereser, diretor do CIESP Jundiaí, durante evento oficial, vestindo um terno escuro e camisa clara, expressando seriedade.
Foto: Divulgação/CIESP Jundiaí

No próximo sábado, 25 de maio, o CIESP Jundiaí comemora o Dia da Indústria, uma data que convida todos os empresários a refletir sobre a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. “A indústria é um dos pilares fundamentais da economia nacional, gerando empregos, inovação e crescimento. No entanto, enfrentamos, diariamente, desafios significativos que precisam…

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O petróleo não é o excremento do diabo e sim uma Dádiva de Deus

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Foto: Canva

Países do Oriente Médio, Nigéria, Venezuela, Irã, Angola, Congo, Argélia e Rússia são grandes produtores e exportadores de petróleo. Pertencem ou apoiam a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um organismo com viés monopolista e autoritário. Mas além da terra rica, essas nações têm outras características similares como pobreza, concentração de rendas, aversão a institucionalidade democrática e são dominados…

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