O relatório final da investigação sobre a morte de Lara Oliveira de Nascimento, de 12 anos, aponta que Wellington Galindo de Queiroz, principal suspeito de matar a jovem, enviou um áudio para a namorada depois de cometer o crime.
“Ó, fia. Minha bateria tá acabando, fia. Vou dizer pro cê, fia. É, tá muito perigoso pra mim se apresentar, fia. Não vou me apresentar não, viu fia? Qualquer coisa, você diga que eu terminei com você e fui embora de casa ontem, entendeu? E, assim, eu tô indo pra Agrestina, tá bom?”, disse Welington no áudio.
A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Jundiaí concluiu o inquérito e, ainda nesta semana, o encaminhou ao Ministério Público. O relatório final da investigação contêm cerca de 50 páginas. O documento será avaliado pelo MP, que pode pedir a mudança de prisão temporária para preventiva, bem como, solicitar novas investigações.
Ao todo foram quatro meses de investigações, e, com bases em depoimentos de testemunhas, parentes e do suspeito, além de análises de áudios e câmeras de monitoramento, a polícia concluiu que Wellington Galindo de Queiroz é, até o momento, o principal suspeito do crime.
No fim de julho, policiais da DIG de Jundiaí e de São Paulo foram até o interior de Pernambuco (PE) após receberem a informação de que o suspeito estaria escondido lá, mas ele não foi encontrado.
O caso
A adolescente Lara desapareceu no dia 16 de março, após sair para comprar um refrigerante em uma mercearia a cerca de 600 metros de sua casa. O corpo dela foi encontrado três dias depois, 19 de março, com marcas de violência.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) indicou que Lara morreu por traumatismo craniano causado por ao menos quatro golpes na cabeça. O relatório da DIG, entregue ao MP, apontou que a jovem teria negado qualquer contato com o homem, que aplicou os golpes na cabeça da adolescente para que ela não o denunciasse.
O legista citou a presença de sinais de crueldade e afirmou que provavelmente foi utilizado uma picareta ou um martelo. Além disso o laudo também confirmou que cal foi encontrada no corpo da adolescente.
Em 29 de março, funcionários da mercearia prestaram depoimentos à polícia. As equipes percorreram bairros de Francisco Morato para ouvir mais moradores.
Laudos
No dia 19 de maio, laudos descartaram abuso sexual e uso de entorpecentes na morte de Lara. De acordo com a Polícia Civil, os laudos também deram negativo para testes toxicológico e sexológico. Outro laudo, anteriormente divulgado, apontou que a adolescente morreu devido a um traumatismo craniano causado por ao menos quatro golpes na cabeça.
Suspeito foragido
Wellington Galindo de Queiroz, de 42 anos, é considerado o principal suspeito do crime e ainda continua foragido. De acordo com o delegado, o suspeito havia sido ouvido informalmente por telefone e foi intimado a se dirigir à delegacia e prestar esclarecimentos, mas negou. Após a intimação, a polícia não conseguiu mais contato com o suspeito.
O carro que aparece nas imagens foi encontrado em outra cidade e apreendido. A proprietária do veículo afirmou, em depoimento, que teve um relacionamento com o suspeito, mas que eles não estão mais juntos.
Wellington tem passagens por tráfico de drogas na polícia, além de crime contra o patrimônio, associação criminosa e receptação. O suspeito está foragido desde 28 de março, quando a Justiça decretou a prisão temporária dele por 30 dias pelo assassinato da adolescente.
De acordo com a delegada responsável pela Divisão de Capturas do Dope, Ivalda Aleixo, ele teria passado por São Paulo (SP) no dia 23 de março, na região do Jabaquara. Ainda segundo a delegada, o suspeito possui família em São Bernardo do Campo (SP) e pode ter recebido ajuda para continuar escondido.
Investigação
Mais de cinco mil imagens de câmeras de segurança foram analisadas pela Polícia Civil a fim de identificar e localizar o suspeito de matar adolescente. Em imagens, Wellington aparece dirigindo um carro prata. Elas mostram o momento em que veículo para perto do lugar onde Lara desapareceu, no mesmo dia e próximo ao horário.
Em determinado momento, o suspeito sai do veículo e olha ao redor, em seguida entra novamente no carro e segue caminho. No dia 8 de abril, o delegado responsável pelo caso, Rafael Diório, informou que a perícia descobriu um material suspeito no mesmo carro prata.
Um mandado de busca e apreensão foi cumprido no endereço em que o suspeito morava, em 31 de março. A casa, localizada em Francisco Morato (SP), fica a aproximadamente 800 metros do local onde o corpo da menina foi encontrado.
De acordo com a polícia, a casa parecia ter sido abandonada de forma recente e alguns objetos foram apreendidos para perícia. Outros cinco mandados de averiguação foram cumpridos em endereços possivelmente ligados à ele.
Carta do tio
O tio da vítima chegou a ser apontado como suspeito. Entretanto, através de uma carta, ele negou envolvimento. O parente está preso em Bauru (SP) e diz que estava com a esposa e uma amiga no dia e horário em que a adolescente desapareceu.
“Estou preso por tráfico de drogas e tenho passagem por roubo, mas assassino de criança, não”, escreveu.
‘”No dia da minha saidinha, eu saí de Bauru às 8h e cheguei em casa era 13h. Depois fui até o centro de Campo Limpo com a minha esposa e minha cunhada Renata para comer esfiha e, por chamada de vídeo com a Luana, eu vi a Lara e as irmãs dela. Foi a última vez que vi a Lara’, afirmou em um trecho da carta.
O tio da adolescente foi ouvido em depoimento feito de forma online em 6 de abril. O laudo completo da perícia ainda não foi divulgado pelo Instituto de Criminalística de São Paulo (SP). O carro tinha sinais de limpeza recente por dentro e por fora, segundo a polícia.