O presidente Jair Bolsonaro afirmou na última terça-feira (12) que decidiu não tomar vacina contra covid19, a justificativa é que a imunização, para ele, “não tem cabimento”. O chefe do Executivo alegou que a decisão é pelo fato de já ter sido infectado pela doença e supostamente ter um alto nível de anticorpos. A declaração foi feita ao programa Os Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan.
“Eu decidi não tomar mais a vacina. Eu estou vendo novos estudos, e minha imunização está lá em cima. Para que vou tomar? Seria a mesma coisa que você jogar R$ 10 na loteria para ganhar R$ 2. Não tem cabimento isso daí”, disse o presidente.
De acordo com as autoridades de Saúde, porém, mesmo quem já teve covid deve ser imunizado contra a doença. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), ligada à OMS, recomenda a vacinação dessas pessoas “independentemente de terem apresentado sintomas ou ficado muito doentes”.
A organização diz que a vacina reforça o sistema imunológico do corpo contra a covid, mesmo para aqueles que já possuam alguma imunidade, como diz Bolsonaro. O presidente contraria também o próprio Ministério da Saúde, que recomenda que todas as pessoas se vacinem contra covid, mesmo aquelas que já tiveram a doença.
Em abril deste ano, o Chefe de Governo afirmou que pretendia tomar a vacina “por último”, depois que todas as pessoas “apavoradas”, como ele as classificou, recebessem suas doses.
O presidente também continuou a fazer críticas à utilização do “passaporte da vacina” por Estados e municípios, se queixando ainda de não ter as decisões relacionadas à pandemia centralizadas em seu governo.
No início da pandemia, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que compete aos governadores e prefeitos a definição de medidas restritivas. Bolsonaro disse demonstrar sua desaprovação em conversas com os ministros da Corte com quem tem proximidade. “O prefeito, na ponta da linha, é quem decide as medidas restritivas a serem adotadas. As consequências disso podem ser as piores”, afirmou.
Em relação à CPI da Covid, que provavelmente irá incluí-lo como indiciado em seu relatório final, Bolsonaro afirmou que a comissão faz “barbaridade” ao procurar indícios de corrupção em seu governo. Ele se defendeu das suspeitas que medeiam a compra da vacina indiana Covaxin, um dos principais temas tratados pela investigação no Senado, e disse notar desgaste em seu governo pelo fato de “baterem” na tecla de que ele poderia ter comprado vacinas em 2020. “Qual país do mundo comprou vacina ano passado?”, indagou em sua defesa.
‘Não mandei nenhum ministro agir contra Mendonça’
Bolsonaro também comentou o desentendimento entre o pastor Silas Malafaia e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, em torno da aprovação de André Mendonça para vaga no STF. Apoiador do presidente, Malafaia acusa o ministro de trabalhar contra a nomeação do ex-advogado-geral da União para a Corte.
Segundo o pastor, Ciro estaria articulando o nome de Alexandre Cordeiro de Macedo, presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para a vaga, e teria inclusive discutido o assunto em jantar com o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
“Não dei ordem para nenhum ministro trabalhar contra o André Mendonça, muito pelo contrário, e, se isso aconteceu, não tenho conhecimento. Agora, jantares existem aos montes em Brasília. Prefiro não jogar lenha na fogueira”, disse Bolsonaro.
O presidente confirmou que a indicação do ex-AGU é um aceno à sua base de apoio evangélica, e disse que, se aprovado, Mendonça vai ter atuação na Corte alinhada aos interesses desse grupo. “Ele vai ser contra as pautas progressistas, vai defender a família lá dentro”, disse.
Fonte: Estadão.