O Brasil ultrapassou, nesta quarta-feira (1), os Estados Unidos no percentual de vacinados com ao menos uma dose contra a Covid-19, com 61,96% da população brasileira imunizada parcialmente. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa. Já entre os norte-americanos, o total é de 60,96%, segundo dados do “Our World in Data”. No entanto, apenas 29,79% dos brasileiros estão totalmente imunizados, com as duas doses das vacinas, e nos EUA o percentual é de 51,77%.

A imunização no país norte-americano avançou rápido no início, mas está estagnada nas últimas semanas. Os motivos passam por questões etárias, divisões políticas, falta de autorização definitiva das vacinas pelas autoridades sanitárias, entre outros. “No início da vacinação, a demanda por vacinas excedeu em muito a oferta e o número de doses disponíveis diminuiu o ritmo da vacinação. Agora, a oferta excede a demanda e uma grande proporção de pessoas elegíveis optou por não ser vacinada”, afirma William Moss, professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins.

“O maior desafio é convencer aqueles que não foram vacinados a se vacinarem”, diz o médico, que também é diretor-executivo do Centro Internacional de Acesso a Vacinas da Universidade Johns Hopkins (JHU/IVAC).

A epidemiologista Denise Garret, vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas, afirma que a vacinação tem características diferentes no Brasil e nos EUA, já que o programa brasileiro sofreu com falta de doses e de coordenação nacional, e o norte-americano enfrenta dificuldades causadas por grupos antivacina. “Em termos de diferença, eu acho que no Brasil o maior entrave foi a disponibilidade das doses, do quantitativo das vacinas, que não foram compradas em tempo hábil. E, lógico, também a desorganização a nível nacional de estratégia, de orientação, de coordenação”, afirma ela, que trabalhou mais de 20 anos no CDC norte-americano.

De acordo com Denise Garrett, o ritmo de vacinação nos EUA, no entanto, está sendo retomado. Com o receio das pessoas em relação à variante Delta e aos números que mostram que os não vacinados são maioria entre hospitalizados e mortos – a pandemia dos não vacinados. “A vacinação voltou a aumentar. Tem muito a ver com a (variante) Delta e com a pandemia dos não vacinados. As pessoas estão querendo fugir dessa pandemia dos não vacinados.”