'Sommelier' de vacina? Porque não devemos escolher qual imunizante tomar contra a Covid19
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‘Sommelier’ de vacina? Porque não devemos escolher qual imunizante tomar contra a Covid19

Fake news e desinformação colaboram com dúvidas sobre as vacinas contra a Covid19, mas especialistas afirmam que não é viável “escolher” qual imunizante tomar.

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Montagem com vacinas contra Covid19
Saiba mais sobre as vacinas usadas para combater a Covid19 no Brasil (Foto: Reprodução)

Nos últimos dias, o termo “sommelier de vacina” tomou conta da internet, mencionando posts de pessoas que têm dito não querer se imunizar com determinada vacina contra a Covid19. Os grandes culpados por isso, em geral, são as fake news e a desinformação sobre os imunizantes.

De acordo com especialistas, ouvidos pelo G1, a resposta unânime é de que você não deve escolher qual imunizante quer tomar, por vários motivos. Obviamente, há exceções, como pessoas que não podem tomar certa vacina por um motivo específico como problemas de saúde.

A importância da vacinação para o aumento da cobertura vacinal é essencial, por isso, é bem melhor preparar o braço para tomar qualquer vacina disponível. Além disso, se o imunizante está sendo aplicado nos brasileiros desde janeiro, é porquê as agências especializadas testaram, estudaram e aprovaram suas eficácias contra o vírus.

Confira abaixo motivos que justificam a vacinação com os imunizantes disponíveis:

1) Imunidade individual

Na situação atual da pandemia e novas cepas aparecendo, criar imunidade individual contra a Covid19 é questão de urgência. Ensaios e testes clínicos no desenvolvimento dos imunizantes e comprovações depois da aplicação já mostraram que todas as 3 vacinas aplicadas no Brasil contra a Covid19 (Coronavac, AstraZeneca e Pfizer) têm eficácia suficiente para proteger o organismo de casos graves e de morte pela doença.

Os estudos das diferentes vacinas tiveram, consequentemente, diferentes resultados, e a porcentagem de eficácia delas não poderia ser igual. No entanto, a prioridade agora não é aplicar apenas a vacina com maior resultado para todo mundo ou dar o poder de que o brasileiro escolha sua dose.

“As pessoas têm que entender que é exatamente isso: as vacinas, todas elas, têm eficácias diferentes no nível individual. Quando a gente olha o nível coletivo, todas elas têm uma elevada eficácia para diminuição de gravidade, internação e óbito. Que é o nosso objetivo agora”.destaca a epidemiologista Carla Domingues, que coordenou o Programa Nacional de Imunizações (PNI) de 2011 a 2019.

Coronavac

A Coronavac teve uma eficácia de 50,7% contra casos sintomáticos e evitou 83,7% dos casos que precisaram de atendimento médico, e ainda preveniu internações e mortes por casos moderados ou graves da Covid19, de acordo com os testes clínicos.

O Instituto Butantan realizou um estudo na cidade de Serrana, em São Paulo, com a Coronavac, que mostrou uma queda de 80% nos casos sintomáticos quando 96% da população foi vacinada com o imunizante inicialmente desenvolvido pela farmacêutica Sinovac, na China. Ainda neste estudo, Serrana registrou redução de cerca de 86% nas hospitalizações.

AstraZeneca/Oxford

A vacina AstraZeneca, desenvolvida com apoio da Universidade de Oxford, teve eficácia de 76% contra casos sintomáticos da Covid19, além de 100% de prevenção contra casos graves. Os cientistas ainda descobriram que, se a vacina tiver o intervalo de 3 meses entre as doses, a eficácia era ainda maior.

Depois do início das aplicações, levantamentos mostraram queda de risco de internação em até 94% na Escócia e a vacina ainda pode reduzir a transmissão do vírus da Covid19.

Pfizer

Ensaios clínicos da Pfizer mostraram uma eficácia de 95%, a maior registrada. Depois do início das aplicações na população, os resultados de eficácia foram similares. Os estudos também mostram que a vacina Pfizer é capaz de impedir a transmissão da Covid19, além do quadro da doença.

Janssen

A vacina desenvolvida pelo laboratório de mesmo nome, do Grupo da Johnson&Johnson, recebeu aprovação para uso emergencial no Brasil e a primeira remessa adquirida chegou ao país nesta terça-feira (22), com 1,5 milhões de doses.

Os ensaios clínicos mostraram uma eficácia de 66% em casos sintomáticos e 85% em casos graves da Covid19. A vacina Janssen é uma das únicas que pode ser aplicada em dose única.

2) Não tem vacina o suficiente

No Brasil, não temos vacinas suficientes para essa escolha de imunizante. Por isso, infelizmente, nem todas as pessoas poderão ser imunizadas com a vacina que tem maior índice de eficácia.

“Não existe uma única vacina que tenha a capacidade de produção de garantir que todos os brasileiros fossem vacinados em curto prazo de tempo com a melhor vacina. É por isso que está se vacinando com vacinas diferentes, porque o que a gente quer é ter o maior número de pessoas vacinadas num curto prazo de tempo”, reforça Carla Domingues.

“A gente já está penando para ter vacina. Nós não temos um monte de vacinas disponíveis diferentes para você escolher”, diz a pediatra Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

“Se você vai escolher vacina, provavelmente vai ficar sem vacina. E se você ficar sem vacina, várias pessoas vão ficar sem vacina porque escolheram. E aí a gente não vai resolver essa pandemia nunca”, alerta.

3) Cobertura Vacinal

A agilidade na campanha de imunização de todos os brasileiros ajuda a acelerar e aumentar a cobertura vacinal da população contra o vírus. De acordo com os especialistas, o mais importante neste momento é acelerar a vacinação e, para isso, é preciso imunizar a maior parte das pessoas possível, no menor tempo.

A demora de atingir uma alta cobertura vacinal contra a doença aumenta o tempo em que pessoas não vacinadas podem se contaminar e espalhar ainda mais a Covid19. Isso, consequentemente, aumentaria os casos de infecções, pessoas hospitalizadas e mortes.

A epidemiologista Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo, explica que a velocidade da vacinação é mais efetiva do que qual vacina é aplicada, neste momento da campanha. “É importante as pessoas tomarem as vacinas que tiverem. O que conta é a velocidade. Se conseguir vacinar muitas pessoas de forma rápida, consegue impactar a curva”, explica.

“O que a gente precisa é que as pessoas sejam vacinadas. Se cada grupo que chegar falar ‘não, eu vou deixar [a vacina A ou B] pro outro’, o outro não vai ser vacinado. Não pode ser uma atitude individual”, reforça Carla Domingues.

4) Risco de novas variantes

A aceleração na campanha contra a Covid19 tem um dos objetivos principais, que é evitar a circulação do vírus e novas variantes da doença, que podem ser cada vez mais graves. A transmissão do vírus de pessoa para pessoa faz com que ele se replique, o que aumenta a possibilidade de mutações ou modificações de material genético.

Além de poderem ser mais graves no ataque ao corpo humano, as novas variantes que aparecerem podem ser resistentes às vacinas que temos atualmente nas campanhas de imunização. Já existe o caso da vacina da AstraZeneca que não demostrou muita eficácia contra a variante beta/B.1351 (sul-africana).

Mas, ainda assim, a vacina foi capaz de evitar mortes e casos graves da infecção, como lembra o pesquisador do Instituto do Coração (Incor) da Universidade de São Paulo (USP), o imunologista Jorge Kalil.

“As pessoas não sabem qual é a variante que vai chegar até elas. Nós ainda não temos dados suficientes sobre todas as variantes. O número de novos casos e o número de mortes estão enormes. Tem que tomar o que aparecer; esse momento não é de esperar, é de tomar o que estiver disponível”, afirma.

“Vamos criar variantes novas aqui no país: o Brasil é considerado celeiro de variantes. Até a hora em que a gente vai ter uma variante contra a qual a vacina não vai conseguir proteger. Aí, sim, a gente está com um problema sério”, alerta Ballalai.

5) Reabertura de fronteiras

Até o momento, não houve casos de pessoas imunizadas com vacina específica serem barradas de viajar ou entrar em algum país. A Espanha, por exemplo, reabriu as fronteiras para turistas que estivessem vacinados com qualquer vacina aprovada pela União Europeia ou pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como são todas as vacinas aplicadas no Brasil.

No entanto, brasileiros continuam impedidos, mas pelo fato de o nosso país ser considerado um “risco especial epidemiológico”.

6) Efeitos colaterais

Muitas notícias e informações já circularam sobre riscos de casos de trombose em pessoas que foram vacinadas com a vacina AstraZeneca. No entanto, os riscos são muito raros. Na verdade, é mais provável o desenvolvimento de um coágulo depois da infecção com Covid19 do que com a vacina, de acordo com cientistas da Oxford.

Alguns países ainda vêm substituindo a segunda dose da vacina AstraZeneca por outros imunizantes com tecnologia de RNA mensageiro, como a Pfizer e a Moderna. Ethel Maciel defende que essa possibilidade de combinação deve ser estudada no Brasil.

“Por exemplo, várias gestantes tomaram a AstraZeneca antes de interromperem [a aplicação]. Essas gestantes poderiam tomar agora a Pfizer como uma segunda dose. Já tem alguns estudos de intercambialidade. Inclusive o próprio Ministério da Saúde já tem dados de pessoas que tomaram errando. Poderia completar o esquema de várias pessoas: pessoas que tiveram reação à AZ na primeira”, opina.

7) Responsabilidade Coletiva

Salvar vidas também é uma responsabilidade de todos. Ao tomar a vacina contra a Covid19, a cobertura vacinal aumenta e a circulação do vírus diminui. A sua proteção se estende à pessoas que ainda não podem se vacinar, já que o plano de vacinação está contemplando agora a vacinação por idade em ordem decrescente, e as crianças ou pessoas com problemas de saúde que as impede de serem vacinadas.

“A vacinação é um ato de responsabilidade social – para eu me proteger e proteger todo mundo à minha volta. Quando eu fico escolhendo vacina, estou pensando só em mim”, afirma Carla Domingues.

“Se você atrasa a sua [vacina], deixa o todo ao seu redor desprotegido ou mais desprotegido. Se uma família inteira atrasa a vacina esperando uma vacina que eles acham que vai ser melhor, eles podem todos pegar Covid antes de a vacina chegar. Não tem vantagem nenhuma”, afirma Marcio Bittencourt, da USP.

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