Cadeia de fornecimento desalinhada e a nova ordem econômica
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Opinião

Cadeia de fornecimento desalinhada e a nova ordem econômica

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Indústrias
Foto: Wirestock/Freepik

A quebra de elos em algumas cadeias produtivas esta provocando muita preocupação na sociedade brasileira. Segmentos importantes da economia nacional estão sendo afetados negativamente por esse movimento. A indústria automotiva vem interrompendo sua produção e atrasando a entrega do produto final por falta de componentes, consumidores de cerveja que não encontram a sua marca preferida nos pontos de venda e o motivo é a falta de embalagem, na construção civil as empresas estão adiando lançamentos por precaução devido à falta de materiais básicos, na agricultura a escassez é de matéria prima básica como fertilizantes e defensivos.

Essas rupturas em uma ou mais etapas na oferta agregada, tem efeitos devastadores para todos os interessados. As incertezas oriundas dos efeitos da crise sanitária e dos conflitos geopolíticos tem afetado a economia globalizada, pois muitas companhias empresariais têm seus processos de produção universalizados como estratégias competitivas e buscam explorar os melhores atributos de cada região na geografia econômica.

A fragilidade dos fundamentos econômicos em alguns países causa insegurança e desestimulam os investimentos diretos e até mesmo os indiretos. A fuga de capital na bolsa de valores e a transferência de plantas produtivas para mercados mais seguros já é uma forte demonstração do agravamento da realidade brasileira. 

O Brasil vem enfrentando problemas diversos como queda no investimento externo direto, debandada de empresas estrangeiras, saída de investidores externos da bolsa, declínio na demanda de bens consumo duráveis e imediatos, desemprego elevado, queda na renda da população, divergências com as tendências da economia moderna, moeda desvalorizada, degradação do tecido social, crise sanitária sem controle, devastação ambiental, aumento de preços de alimentos e commodities, instabilidade politica e falta de clareza quanto à competência dos agentes políticos para criar soluções para vencer os obstáculos. 

A direção para o Brasil seguir poderá ser adotar modelos de politicas públicas similares as que foram implantadas nos Estados Unidos da América, que estão criando as condições para se reposicionarem na disputa geoestratégica marcada pela consistente e acelerada ascensão da China, que avança para ocupar o lugar de maior economia do planeta. Várias medidas adicionais previstas pelo governo americano, o reconhecimento explícito de que a crise não será superada e o país não poderá voltar a ser competitivo, se não reconstituírem sua classe média, distribuírem renda, eliminarem a pobreza, gerarem empregos decentes e sindicalizados, assegurarem direitos trabalhistas e investirem em serviços públicos e no Estado de Bem-Estar.

Essa reconfiguração do modelo capitalista está evidente a necessidade de um Estado organizado, forte e flexível sustentado por uma sociedade em constante evolução. O ecossistema empresarial sofre mudanças constantes e a concentração de atividades é uma logica para a sobrevivência no capitalismo circular e também para encurtar as relações na cadeia produtiva para evitar rupturas bruscas e prolongadas. Algumas regiões do planeta deverão ser beneficiadas por essa revolução mesmo porque a indústria aditiva já permite a aglomeração da produção em pontos geográficos específicos com abundância de vantagens comparativas. 

A nova ordem mundial é exatamente a desconstrução do capitalismo globalizado e liberal, a invasão da Ucrânia pela Rússia vai acelerar a reorganização de blocos econômicos sólidos e com baixa dependência. Os países da América Latina uma vez rompendo as amarras com a potencia do norte poderá ganhar poder de negociação nessa regionalização do sistema capitalista. Mas o comportamento das elites locais sinaliza para o aumento da submissão aos anseios do Clube de Paris.

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

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O petróleo não é o excremento do diabo e sim uma Dádiva de Deus

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Países do Oriente Médio, Nigéria, Venezuela, Irã, Angola, Congo, Argélia e Rússia são grandes produtores e exportadores de petróleo. Pertencem ou apoiam a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um organismo com viés monopolista e autoritário. Mas além da terra rica, essas nações têm outras características similares como pobreza, concentração de rendas, aversão a institucionalidade democrática e são dominados…

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Opinião por Miguel Haddad: Inundações no RS e o papel das cidades na luta contra o desequilíbrio do Clima

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Visão aérea de Porto Alegre - RS alagada
Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

O Rio Grande do Sul sofre nos últimos dias pela série de inundações devastadoras, resultantes das incessantes chuvas que assolaram a região. Com mais de uma centena de vítimas fatais e milhares de desalojados, estas enchentes se tornaram o pior evento climático da história do estado, desencadeando uma discussão urgente sobre os fatores que contribuíram para essa catástrofe e como…

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Opinião

A corrupção é uma tempestade permanente e contribui diretamente com o caos provocado pelos desastres naturais

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

Os Desastres Naturais são fenômenos que geram impactos nas sociedades humanas trazendo consequências graves para as pessoas. Obviamente muitos desses representam o ciclo natural da terra e ainda a ciência não desenvolveu instrumentos precisos de previsibilidade, para ajudar a amenizar os impactos sobre a vida e a economia. Atualmente, alguns eventos climáticos têm aumentado de maneira significativa, e os cientistas levantam hipóteses…

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Opinião

Agência Moody’s confirma a recuperação da credibilidade da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

As últimas décadas do século XX foram determinantes para a modelagem da ordem mundial vigente e a acumulação financeira condicionando à produtiva e dando origem a um tipo de capitalismo com menor dinamismo e maior instabilidade quando comparado ao sistema vigente no pós-guerra e, além disso, inverteu o sentido de determinação das crises que passaram a originar-se na órbita financeira…

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Planejar a cidade

Artigo por Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí

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Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
Foto: Arquivo pessoal

Ao construirmos uma casa, necessitamos de planejamento e fundações sólidas. Assim também funciona com uma cidade: não há espaço para projetos desorientados, baseados em proposições meramente empíricas e desprovidas de sustentação orçamentária, sem unidade estratégica. O governador Mário Covas dizia que governar exige dizer sim, mas também dizer não. Acrescento que o que se diz, na prática, deve reverberar os…

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