Professora de Jundiaí cria projeto que trabalha autoestima e superação em alunos carentes
Observando relatos dos alunos, que vivem em uma comunidade carente, a professora criou o projeto “A Frida que há em mim – uma perspectiva do empoderamento feminino”
A educação é, sem dúvidas, primordial para o desenvolvimento das crianças. E, dentre os profissionais da área, alguns deles se destacam e fazem a diferença: um exemplo é a professora Marila de Moura, que realiza um projeto inspirador na EMEB Professora Beatriz Blattner Pupo, no Jardim Novo Horizonte.
Marila é educadora há 12 anos e atua nessa EMEB há 7. Observando o meio em que a escola está inserida, em uma comunidade carente com problemas socioeconômicos, surgiu o projeto “A Frida que há em mim – uma perspectiva do empoderamento feminino”, trabalhado com os alunos de 10 anos das salas do 5º ano, durante os três anos anteriores.
Frida Kahlo é uma artista mexicana que figura entre uns dos principais nomes da arte no século XX. Ela sofreu um acidente aos 18 anos, quando estava dentro de um bonde que se chocou com um trem e o para-choque de um dos veículos atravessou suas costas. Ela ficou vários meses em recuperação e passou por 35 cirurgias, tendo sequelas pelo resto de sua vida. Foi no período acamada que ela descobriu a pintura. Além disso, suas obras são caracterizadas por seus autorretratos.
“O intuito era trazer para a sala de aula uma nova visão das mulheres, um novo olhar sobre a história, para inspirar os alunos com histórias de superação, motivação. A educação vai além do português e matemática, nosso papel de professor é também trazer cultura e arte para essas crianças. A arte em si humaniza e nós precisamos humanizar essas crianças”.
Ela ainda diz que a ideia de levar relatos de mulheres para a sala de aula foi devido às inúmeras histórias que escutava dos alunos e alunas. “Muitos contam sobre algumas situações que vivenciam no cotidiano, como violência doméstica, violência verbal e até mesmo casos de violência sexual. Escutar tudo isso e ficar alheia não dava mais”, explica.
A ideia de trabalhar Frida Kahlo é porque, além de sua história, ela também representa a arte. “O projeto não é apenas sobre uma mulher incrível, mas também sobre uma outra cultura, a mexicana, e também sobre arte. Nós falamos de pintura, de expressividade. Mas eu também trabalhei a vida deles, os relatos pessoais”, relembra.
O projeto
O projeto foi dividido em quatro fases ao longo do ano escolar. Na primeira, eles entraram em contato com a história de vida de mulheres, por meio de biografias e documentários. Além de Frida Kahlo, eles aprenderam sobre Malala Yousafzay, Anne Frank e outros nomes femininos importantes.
“Quando fui trabalhar a Frida, sempre fazia o paralelo com a obra dela. Por que será que ela pintou desse jeito? Por que será que ele só pintava ela? O que será que ela queria dizer? E assim ia questionando os alunos”, continua a professora. Nesse momento eles também aprenderam sobre a Lei Maria da Penha e sobre conceitos como feminicídio.
Marila e a turma de alunos durante o projeto (Foto: Arquivo Pessoal)
No segundo momento a professora levou tapetes e colocou no chão. Foi a fase chamada de ‘Olhando para Si’, para que as crianças pudessem olhar, de fato, para si mesmas, a fim de encontrar aquilo que elas mais gostavam.
“Aqui no bairro existe um problema de autoestima. As meninas e meninos se sentem feios. A Frida desenha ela mesma. Então pedi para que eles trouxessem espelhos e todos iam se olhar. Eles se deitaram no tapete no chão, liguei uma música, e pedi para que enxergassem o que era mais bonito em si mesmo e nos outros. Eles adoraram a experiência”, lembra Marila.
Já no terceiro momento a educadora pediu para que os alunos escrevessem sobre alguma mulher que os inspirasse, além dos nomes apresentados em sala.
“Aí foi o ponto primordial e mais emocionante do projeto. Muitos escreveram sobre a mãe, a avó, a tia. Mas teve uma aluna que pediu para escrever sobre ela mesma. Ela foi abusada sexualmente pelo seu padrasto e fugiu do Norte para cá, foi um relato de dor muito grande. E ela contou tudo na carta. Ela se considerou a mulher forte que eu pedi para escrever, a mulher que se superou”, relembra Marila.
Para finalizar, a professora quis caracterizar os alunos, para tirar uma foto e colocar no mural. As meninas colocaram flores no cabelo e fizeram a sobrancelha característica da Frida Kahlo. Mas e os meninos?
“Os meninos eu estava receosa, mesmo esse sendo um projeto para a sala toda, não apenas para as meninas, afinal, nós precisamos de homens conscientes e que respeitem a mulher. Aí eu perguntei quem queria se vestir também com alguma característica dela e todos quiseram! Fiz a sobrancelha neles e todos participaram da foto. Eles entenderam o universo da arte que estavam inseridos”, diz.
Alunos caracterizados como Frida Kahlo (Foto: Arquivo Pessoal)
Durante o ano os alunos também puderam visitar uma exposição da Frida Kahlo para crianças, em São Paulo. A Prefeitura de Jundiaí fechou um ônibus para os alunos e todos foram gratuitamente conferir de perto as obras abordadas durante o projeto.
Na exposição, os alunos puderam conferir todas as obras abordadas durante o projeto (Foto: Arquivo Pessoal)
Mudança de vida
Para Marila, um professor pode mudar a vida de um aluno, assim como a educação. “Nós como professores temos um poder incrível em nossas mãos, podemos mudar vidas. A Malala Yousafzai mesmo disse, em seu discurso ao ganhar o Nobel da Paz, que ‘uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo’, e eu concordo plenamente”, diz.
Uma das alunas que amou a iniciativa de Marila foi Rhana de Jesus Santos, que gravou um vídeo contanto sobre os aprendizados após um ano de projeto sobre empoderamento feminino e Frida Kahlo. “Me ajudou a perceber que mesmo com todas as dificuldades devo seguir em frente”, disse. E, para Marila, é isso mesmo que significa empoderamento. “É acreditar em si mesmo, é a chance de mudar a sua própria vida a partir disso”, explica.
Premiação e expansão
O projeto de Marila foi premiado, no ano anterior, como uma das iniciativas inovadoras dentro da educação de Jundiaí, por meio do prêmio “Escola Inovadora: eu faço!”. Depois disso, ela passou a difundi-lo em outras escolas e cidades, a fim de que mais pessoas multipliquem a iniciativa.
“Apresentei em Campinas, em uma semana de eventos para mulheres. Também apresentei na Semana da Educação para outros professores. Tenho algumas outras escolas também para ir. E é essa a ideia, difundir, não deixar só aqui. A educação pode mudar o mundo”, finaliza a educadora.
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