Professoras de Jundiaí dão exemplo com projetos que estimulam senso crítico, gentileza e autoestima
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Educação Pública

Professoras de Jundiaí dão exemplo com projetos que estimulam senso crítico, gentileza e autoestima

Elas mostram que sobra amor pela profissão e que a educação tem o poder de mudar o mundo para melhor

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Com projetos que estimulam a gentileza, a autoestima e o senso crítico, professoras dão exemplo em Jundiaí
Arabelle Calciolari, Gisele Masotti e Marila de Moura (Fotos: Reprodução/Youtube / Tribuna de Jundiaí / Arquivo Pessoal)

Com projetos que ensinam a gentileza, estimulam a autoestima e também o senso crítico, três professoras de Jundiaí, cujas histórias foram contadas anteriormente no Tribuna de Jundiaí, merecem ser relembradas neste dia 15 de outubro, Dia dos Professores.

Além da Arabelle Calciolari, uma das 10 profissionais da educação premiadas dentro do ‘Prêmio Educador Nota 10’, em edição que contou com mais de 4 mil inscritos de todo o Brasil, outras professoras de Jundiaí mostram que sobra amor pela profissão.

Nesse sentido, são também exemplos as professoras Gisele Masotti, que trabalhou o tema “Gentileza: seja gentil” com seus alunos de 4 anos, e Marila de Moura, com o projeto “A Frida que há em mim – uma perspectiva do empoderamento feminino”, trabalhado com alunos de 10 anos.

Beatles e questões sociais

Arabelle, que é docente da EMEB Maria Angélica Lourençon, foi notícia frequente na imprensa jundiaiense desde que foi uma das selecionadas para o Prêmio Educador Nota 10. O resultado final saiu no dia 30 de setembro, em cerimônia em São Paulo, colocando ela como destaque nacional.

Ela foi uma das 10 finalistas do prêmio por conta do seu projeto de Língua Estrangeira, ‘Os Beatles – seu tempo e sua história’, trabalhado com os alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I, onde ela colocou em prática o ensino da língua inglesa aliado com outros conceitos, priorizando a exposição dos alunos à língua e ao universo cultural e social que permeia as obras musicais dos Beatles.

Durante o projeto, já realizado com três turmas diferentes, Arabelle apresenta oito canções da célebre banda inglesa, cada uma por meio de um exercício de listening diferente, variando as estratégias. As letras, sem tradução na hora do exercício, ocasionam debates sobre o que as crianças entenderam, construindo a compreensão de maneira coletiva.

Por meio dele, ela quis, mais do que trabalhar a língua inglesa, levar para a sala de aula a história de cada composição, informações sobre o contexto das décadas de 1960 e 1970 e o engajamento político que a banda adotou na época. Assim, a turma entra em contato com questões como a segregação racial e a guerra do Vietnã.

Para ela, mais do que trabalhar a língua inglesa, o intuito é trabalhar questões sociais, fazendo com que as crianças reflitam sobre o mundo em que estão inseridas.

“Meu objetivo é tirar eles da zona de conforto, para fazer com que pensem e reflitam sobre o que a gente já viveu e estamos vivendo. Para que eles saibam que, se eles têm certas liberdades hoje, é porque no passado pessoas lutaram para que esses direitos fossem garantidos”, afirmou a educadora.

A música Blackbird, por exemplo, sucesso dos Beatles em 1968, é inspirada no Movimento dos Direitos Civis dos Negros nos Estados Unidos. Na composição, a mensagem de Paul é “mantenha sua fã, existe esperança” em meio a opressão da época. E, como uma das músicas fixas trabalhadas pela professora Arabelle dentro do projeto, a canção permeia uma série de discussões em sala de aula sobre a questão racial.

“Eu sempre tento, dentro dos meus projetos em sala de aula, falar sobre essas questões. Dentro dessa música, tento mostrar que os Beatles viam o que acontecia no mundo e que essa música foi uma forma da banda de se posicionar contra a segregação. Dentro disso, abordo nomes importantes, como Martin Luther King, por exemplo”, reiterou Arabelle.

Relembre a história aqui.

Gentileza: seja gentil

A professora Gisele Masotti, da EMEB Benedicta Alzira de Moraes Camunhas, que fica no Fazenda Grande, decidiu ensinar sobre gentileza para os seus alunos de 4 anos, com o intuito de resgatar gestos simples de respeito entre as crianças e todos ao seu redor. O que ela não imaginava é que o projeto, nomeado como “Gentileza: seja gentil” renderia tantos frutos e transformaria totalmente o comportamento dos alunos em sala de aula e, até mesmo, em suas casas na relação com os pais e familiares.

“O projeto buscou criar relações mais saudáveis, resgatar gestos simples como dizer um bom dia, um obrigado, um desculpe. Mas o que eu mais queria mais é que saísse dos muros da escola, porque a gente vê muita violência, intolerância e agressividade entre as pessoas. As pessoas andam com pressa, sem ouvir o outro”.

Ela começou passando vídeos para os alunos, explicando sobre o que é ser gentil. Depois, trabalhou livros e rodas de conversa, momentos em que os alunos já verbalizavam e demonstravam que já sabiam como praticar a gentileza. Nesse ponto, as boas ações já ultrapassavam os portões da EMEB e os pais começaram a contar sobre o comportamento dos filhos, momento em que a professora pediu para que esses pais escrevessem relatos.

E as histórias positivas foram várias: filhos que ajudavam a guardar os brinquedos, a colocar roupa suja no cesto, que compartilhavam  o brinquedo com os outros, que ajudavam a avó a fazer uma série de atividades, dentre outras ações diárias.

Depois, os alunos pediram para que a professora fotografasse as gentilezas que eles praticavam no dia a dia escolar. Dentre as práticas, Gisele cita exemplos de alunos que ajudavam os menores que não alcançavam a torneira do banheiro a lavar a mão, o aluno que ajudava o outro que não sabia amarrar o cadarço, dentre outros.

Um dos exemplos mais nítidos de como eles passaram a praticar boas ações é a do respeito com o aluno Rafael, portador de síndrome de down, autismo e outros comprometimentos.

“Ele necessitava de um ambiente com o mínimo de ruído possível, então eu fiz uma roda e expliquei isso para eles, disse que se fizessem barulho ele choraria. E eles se sensibilizaram. Pelo resto do ano eles fizeram silêncio na sala, acolhendo o Rafael. E criança nessa idade a gente sabe como é, fala alto, gosta de se expressar. Durante o futebol, um aluno parava o futebol para que o Rafael pudesse jogar bola. Foi maravilhoso”, relembrou.

Para a professora, o projeto é um aprendizado para a vida e certamente marcou muito os alunos:

“A educação pode sim mudar o mundo, ainda mais se começar pelos pequenos. Durante o projeto eu vi que eles passavam todo o ensinamento para os pais. Ao longo do ano eles foram dando sentido ao que é ser gentil, tornando-se mais acolhedores uns com os outros e mais tolerantes”.

Relembre a história aqui.

A Frida que há em mim

Marila de Moura, professora na EMEB Professora Beatriz Blattner Pupo, no Jardim Novo Horizonte, decidiu trabalhar o projeto “A Frida que há em mim – uma perspectiva do empoderamento feminino” após observar meio em que a escola está inserida, em uma comunidade carente com problemas socioeconômicos.

O projeto é trabalhado desde 2016 com os alunos de 10 anos das salas do 5º ano e aborda aspectos da artista mexicana Frida Kahlo, que figura entre uns dos principais nomes da arte no século XX. A artista, que sofreu um grave acidente aos 18 anos, ficou vários meses em recuperação e passou por 35 cirurgias, tendo sequelas pelo resto de sua vida. Foi no período acamada que ela descobriu a pintura. Além disso, suas obras são caracterizadas por seus autorretratos.

“O intuito era trazer para a sala de aula uma nova visão das mulheres, um novo olhar sobre a história, para inspirar os alunos com histórias de superação, motivação. A educação vai além do português e matemática, nosso papel de professor é também trazer cultura e arte para essas crianças. A arte em si humaniza e nós precisamos humanizar essas crianças”.

Ela ainda diz que a ideia de levar relatos de mulheres para a sala de aula foi devido às inúmeras histórias que escutava dos alunos e alunas. “Muitos contam sobre algumas situações que vivenciam no cotidiano, como violência doméstica, violência verbal e até mesmo casos de violência sexual. Escutar tudo isso e ficar alheia não dava mais”, explicou.

A ideia de trabalhar Frida Kahlo é porque, além de sua história, ela também representa a arte. “O projeto não é apenas sobre uma mulher incrível, mas também sobre uma outra cultura, a mexicana, e também sobre arte. Nós falamos de pintura, de expressividade. Mas eu também trabalhei a vida deles, os relatos pessoais”, relembrou.

O projeto foi então dividido em quatro fases ao longo o ano escolar. Na primeira, eles entraram em contato com a história de vida de mulheres, por meio de biografias e documentários. Além de Frida Kahlo, eles aprenderam sobre Malala Yousafzay, Anne Frank e outros nomes femininos importantes, além de aprendizados sobre a Lei Maria da Penha e outros assuntos pertinentes.

Depois, a professora levou tapetes e colocou no chão. Foi a fase chamada de ‘Olhando para Si’, para que as crianças pudessem olhar, de fato, para si mesmas, a fim de encontrar aquilo que elas mais gostavam, já que existe um sério problema de autoestima observado entre os alunos do bairro.

“As meninas e meninos se sentem feios. A Frida desenha ela mesma. Então pedi para que eles trouxessem espelhos e todos iam se olhar. Eles se deitaram no tapete no chão, liguei uma música, e pedi para que enxergassem o que era mais bonito em si mesmo e nos outros. Eles adoraram a experiência”, lembrou Marila.

Em um terceiro momento a educadora pediu para que os alunos escrevessem sobre alguma mulher que os inspirasse, além dos nomes apresentados em sala.

“Aí foi o ponto primordial e mais emocionante do projeto. Muitos escreveram sobre a mãe, a avó, a tia. Mas teve uma aluna que pediu para escrever sobre ela mesma. Ela foi abusada sexualmente pelo seu padrasto e fugiu do Norte para cá, foi um relato de dor muito grande. E ela contou tudo na carta. Ela se considerou a mulher forte que eu pedi para escrever, a mulher que se superou”, contou Marila.

Eles também visitarem a exposição da Frida Kahlo, em 2018, e se vestiram como a artista – tanto meninos quanto meninas. Eles fizeram a sobrancelha característica da artista. Já elas colocaram flores e um poncho colorido.

Para Marila, um professor pode mudar a vida de um aluno, assim como a educação:

“Nós como professores temos um poder incrível em nossas mãos, podemos mudar vidas. A Malala Yousafzai mesmo disse, em seu discurso ao ganhar o Nobel da Paz, que ‘uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo’, e eu concordo plenamente”, reitera a educadora.

Relembre a história aqui.

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