Uma matéria veiculada no último dia 11, no Fantástico, exibido pela Rede Globo, sobre a realidade da fome no Brasil, fez muita gente chorar. Um trecho do vídeo mostrou a família de Irapuã de Oliveira Barros, catador de latinhas, que possui uma renda mensal de R$ 20 a R$ 30. A família, moradora da cidade de Japeri, localizada a 40 minutos do Centro da cidade do Rio de Janeiro, é composta por ele, a esposa, a dona de casa Isabela Alves Soares, e 4 filhos: 5, 4, 2 anos e um recém-nascido de apenas 1 mês.
No dia em que a reportagem esteve na casa de Barros a família tinha apenas macarrão para comer no almoço, o que provavelmente foi a única refeição do dia. Quando questionada se a pequena porção seria suficiente para todos, a mãe, envergonhada, respondeu que sim. Mas o pai, no mesmo instante disse, com um olhar triste, que o alimento seria apenas para os filhos. O macarrão, ao invés de servido em pratos, foi dado às crianças em um pote de sorvete e duas travessas de alumínio. Antes da primeira garfada a filha mais velha chorou perante a situação. “Foi uma das cenas mais tristes que eu já vi”, relatou a jornalista Teresa Orrú. “Foi um misto de dor ao ver aquela família naquela situação, e de revolta, por saber que o Rio de Janeiro é o segundo estado mais rico do Brasil e tão mal administrado”, disse. “Chorei muito e fiquei me perguntando como poderia ajudar aquelas pessoas.”
No dia seguinte Teresa falou com uma amiga, que também assistiu à reportagem, e compartilhou dos mesmos sentimentos. “Eu entrei em contato com o repórter Marcelo Canellas, que fez a matéria, e perguntei se haveria uma forma de ajudar aquela família e também outras, que estão na mesma situação. E ele me passou o contato do Comitê da Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria do Município de Japeri.”
Empenhada em ajudar, a jornalista fez um post e compartilhou em suas redes sociais. E teve o retorno de vários amigos, dispostos a colaborar. “Se cada um fizer um pouquinho será muito para aqueles que nada têm. Além disso, não é apenas aquela família que passa necessidade em Japeri”, ressaltou. “Uma das responsáveis pelo Comitê, Rosangela Barros da Silva, me disse que o município é extremamente pobre e tem mais de 200 famílias naquela situação. Infelizmente é apenas a ponta do iceberg.”
A reportagem comoveu pessoas do Brasil todo, que se dispuseram a ajudar de diversas formas. “Criaram um grupo no Whatsapp e todas as doações que o Comitê recebe eles filmam e postam para comprovar que as doações estão sendo entregues às famílias, inclusive em dinheiro”, explicou. Passado mais de uma semana as doações já renderam, além de alimentos, roupas, sapatos, uma geladeira e orientações para a família fazer os documentos, como RG e CPF.
Para Teresa, se essas pessoas forem aguardar ajuda do governo, seja federal ou municipal, morrerão de fome. “Não adianta, entra ano, sai ano, só mudam os rostos. A maneira de governar é sempre a mesma: querem dar o pão, mas não fazem o principal: ensinar a pescar. Por isso o Brasil está cada vez pior. É muita vista grossa para a miséria e muito olho gordo para o dinheiro da população”, analisa.
A família do catador de latinhas mora de favor nos fundos de uma igreja evangélica, e é salva pela caridade. A mãe das crianças até tentou ter direito ao programa do governo federal Bolsa Família mas, por falta de documentos, não foi aceita. Nem mesmo o Auxílio Emergencial, concedido após o início da pandemia, conseguiu.
Pode piorar
O que para você, leitor, pode ser algo tão corriqueiro, como almoçar ou jantar, para mais de 10 milhões de brasileiros não é. Essas pessoas ficam pelo menos um dia da semana sem comer.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (WFP em inglês), a maior agência humanitária da ONU (Organização das Nações Unidas), estima-se que cerca de 5,4 milhões de pessoas passem para a extrema pobreza em razão da pandemia ainda esse ano. O total pode chegar a 14, 7 milhões até dezembro. O que equivale a 7% da população total brasileira. “É algo que entristece qualquer um, exceto quem está no poder, que pode ajudar, mas nada faz para reverter essa situação”, enfatiza Teresa. “Então nos resta fazer nossa parte para amenizar esse sofrimento.”
Doações
Para ajudar tanto a família de Barros como outras na mesma situação, em Japeri, há a opção de fazer uma doação em dinheiro, que será convertido em cesta básica e entregue diretamente às famílias. “Já recebi vários vídeos e fotos das doações sedo entregues às famílias daquela região. A fisionomia deles agora é outra, com alimento na dispensa.”
Também há a opção de enviar produtos, como brinquedos, sapatos e roupas, pelo Correio, diretamente à família do catador de latinhas. “Toda ajuda será bem vinda. Mesmo estando longe podemos doar um pouco e deixar a vida deles um pouco mais confortável.”
As doações de cestas básicas podem ser feitas através de depósito bancário, tanto para o Comitê da Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria do Município de Japeri como para a empresa que vende as cestas. Há 6 tipos de cestas básicas, sendo que a de menor valor custa R$ 95 e a de maior valor R$ 225. Ambas contêm alimentos e produtos de higiene e limpeza (exceto a de R$ 95, que não contempla itens de higiene e limpeza).
As doações podem ser feitas para:
Rosângela Barros da Silva
Banco Bradesco
Agência 3019
Conta corrente 0550865-7
CPF: 834.007.377-04
Telefone: (21) 97303-5743
Ou
Wandjakson Carvalho Cruz
Banco do Brasil
Conta corrente 10740-9
CPF: 030.609.574-28
Telefone: (21) 98321-5215
Quem quiser também pode enviar roupas, sapatos ou brinquedos diretamente à família:
Irapuã de Oliveira Barros
Rua Babilônios, 42, Vila Central, Queimados, Rio de Janeiro. CEP: 26.316-115.
Colaboração Teresa Orrú