O ano de 2020 foi marcado pela pandemia e, segundo dados do IBGE, os impactos deste ano serão sentidos por um tempo. De acordo com o indicador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a expectativa de vida dos brasileiros ao nascer deve cair dois anos. Isso se deve às mais de 190 mil mortes causadas pelo novo coronavírus.
Essa queda é a primeira registrada no país desde 1940. Alguns especialistas da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e do Ipea (Instituto de Pesquisa Aplicada), é estimado que a pandemia reverta a tendência que é observada nas últimas décadas.
Assim, o brasileiro deve perder pelo menos um ano de expectativa de vida, que pode chegar a dois anos. A queda ainda pode se prolongar por mais um ano, dependendo da capacidade do governo brasileiro em relação à vacinação contra o vírus.
Números atualizados
No ano 2000, a expectativa estava em 69,8 anos, e nos últimos 20 anos os ganhos foram lentos, mas ainda assim não havia sido registrada uma queda. De acordo com o IBGE, em novembro deste ano a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era de 76,6 anos. Se não fosse a violência urbana, que costuma vitimar homens jovens, o número poderia ser ainda maior.
“Historicamente, a cada três anos ganhamos um ano de expectativa de vida ao nascer. Agora, vamos perder em um ano o que levamos seis anos para conseguir. Ou seja, não só vamos deixar de avançar como vamos também retroceder”, explica o economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social.
Na pandemia do novo coronavírus, 75% das vítimas fatais são idosos. Em geral, a morte de crianças e jovens impactam mais na expectativa de vida média da população. “Mas o número de mortos foi tão grande, uma quantidade tão desproporcional, que acabou tendo todo esse impacto na expectativa de vida”, diz Neri. “Esse número, 190 mil, equivale a quatro vezes as taxas anuais de homicídios no Brasil; por isso tem esse efeito demográfico gigantesco.”
Impactos na educação
De acordo com os especialistas, outro ponto que merece atenção é a educação neste período de pandemia. Há pelo menos 40 anos, os índices de desigualdade educacional vinha caindo, mas durante a pandemia voltou a subir. Isso se deve à dificuldade enfrentada por muitos estudantes, sobretudo os mais pobres, para estudar fora das salas de aula.
“Entre os jovens de 6 a 15 anos, a média de estudo durante a pandemia foi de 2h18min, muito abaixo das quatro horas mínimas exigidas pela LDBE (Lei de Diretrizes e Bases da Educação)”, afirma Néri. “E a redução foi muito maior entre os alunos de escolas públicas, de renda mais baixa e das áreas mais remotas. No Pará, por exemplo, 42% dos alunos não receberam material, não fizeram estudo remoto por falta de material. Isso reverte totalmente a tendência de redução de desigualdade educacional que vinha caindo há 40 anos.”
Educadores também apontam um maior risco de abandono escolar no próximos anos, principalmente nos últimos anos do ensino fundamental e médio.
Com informações do UOL Notícias.