O instrutor de paramotor decidiu utilizar sua experiência para ajudar o meio ambiente: ele lança sementes de ipês enquanto sobrevoa às margens do Ribeirão Baguaçu, em Araçatuba (SP).
Marcelo de Oliveira, 45 anos, é instrutor de paramotor há 15 anos e realiza a ação do bem somente aos finais de semana, quando está acompanhado da esposa, Márcia Moraes, 39 anos.
Ela é a responsável por pilotar o paramotor, enquanto o instrutor pega as sementes separadas antecipadamente e semeia o solo. “Eu preciso da ajuda dela para conseguir espalhá-las, pois não consigo sozinho. Nós sobrevoamos as áreas que possuem pouca vegetação e regiões distantes da cidade”, explica.
As sementes usadas são recolhidas de um pé de ipê plantado no quintal da casa do instrutor, no bairro São Rafael. A ideia de unir a paixão de voar com a responsabilidade ambiental nasceu da vontade de dar uma nova destinação para as sementes, que eram jogadas no lixo diariamente.
“Todos os dias de manhã eu varria um punhado de sementes. Até que eu parei para pensar e comecei a juntá-las. Quando eu percebi, tinha conseguido diversos sacos com sementes. Então, passei a reutilizá-las, porque assim consigo completar o ciclo natural da natureza”, diz Marcelo.
Além de espalhar as sementes durante os voos de paramotor, o instrutor também faz mudas e doa para pessoas interessadas em plantá-las. Por saber que a espécie germina com muita facilidade, ele acredita que o método escolhido trará bons resultados.
“Eu vejo acontecer no meu quintal. As sementes caem e brotam muito facilmente. Enquanto não recebem água, elas permanecem em ‘dormência’ e conseguem ficar intactas durante meses. A quebra da ‘dormência’ é feita com a água e o calor. Então, assim que chover, elas irão germinar”, explica o piloto.
Como surgiu a ideia
O primeiro contato de Marcelo com o esporte foi há 15 anos por meio de uma reportagem exibida pelo Globo Repórter. Antes, ele ganhava a vida como músico, tocando bateria como freelance.
“A matéria contava a história de um casal de biólogos que sobrevoava a região Amazônica utilizando um paramotor. Durante os voos, eles lançavam sementes de castanheiras em regiões devastadas pelo desmatamento”, diz o instrutor.
Depois de se apaixonar pelo paramotor, ele começou a pesquisar sobre o esporte e viajou a São Paulo, onde participou de um curso e aprendeu o manejo dos equipamentos.
Apesar de não ser o principal objetivo de Marcelo, a ação ambiental tem repercutido de forma positiva em diversas regiões do Brasil. Muitas pessoas passaram a procurá-lo para parabenizá-lo.
“Eu realmente não esperava. Alguns moradores de estados diferentes do Brasil entraram em contato comigo querendo enviar sementes de outras árvores, inclusive as nativas. Outros me indicaram pontos para eu espalhar as sementes. Enfim, estou achando muito bacana”, diz o instrutor.
Ao espalhar as sementes de ipês sobre regiões com pouca vegetação, além de contribuir com o meio ambiente, o profissional também espera influenciar outras pessoas.
“Muitos destroem o planeta. Por isso, necessitamos de muitas pessoas com vontade para reflorestar e contribuir com o meio ambiente. Precisamos divulgar cada vez mais trabalhos como este para que outras pessoas percebam que podemos fazer diferença”, completa o instrutor de paramotor.
Fonte: G1