Conheça Remington, o primeiro cachorro assistente de treinamento atlético do time de baseball da UNC (University of North Carolina). O cachorro golden retriever é um “cão de serviço de alerta médico psiquiátrico de reabilitação”. Ou seja, o pet ajuda os jovens atletas a priorizar a saúde mental.

Remington fazia parte de uma ninhada de uma ONG chamada paws4people, Inc., na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. A entidade cria e treina cachorros para atuar como assistentes da saúde. De acordo com a fundação, estes cães normalmente têm um ou mais certificados de apoio em áreas como mobilidade, serviço psiquiátrico, assistência reabilitativa e visitação terapêutica.

“O papel de Remington é ser alguém que acalma as pessoas, as faz rir, torna a reabilitação divertida”, diz o treinador do time, Terri Jo Rucinski. “Ele ajuda a desestressar as pessoas. Acho que esse é o seu maior papel. Fazer as pessoas rirem e sorrirem quando estão tendo um dia ruim”.

Rotina de Remington no time

O dia do golden retriever e do treinador começa às 7h45 da manhã na clínica de fisioterapia. À tarde, Remi vai para a sala de treinamento atlético e passa um tempo com os atletas durante seus treinos.

O treinador diz que a assistência do cachorro varia, desde abrir e fechar a geladeira para pegar uma bebida para o atleta até trazer a bola de volta para eles enquanto fazem exercícios de arremesso. Mas às vezes, ele é apenas um cachorro mesmo, subindo nas camas com os jogadores durante um tratamento, quando ele sente que os atletas precisam dele.

Além disso, Remi não se limita apenas ao beisebol. O cachorro também ajuda outras equipes esportivas, incluindo lacrosse, futebol e ginástica.

Companhia em momentos difíceis

Durante sua última temporada, o arremessador Dalton Pence estourou seu cotovelo e precisou passar por uma cirurgia. Pence conta que Remington estava lá quando ele recebeu a notícia de que precisaria adiar o início de sua carreira no esporte.

“Ele estava ali ao meu lado, então só de saber disso diminuiu a ansiedade e estresse. [Ele] me confortou”, disse Dalton ao portal SI. “Há muitos bloqueios mentais que um atleta tem ao voltar de uma lesão grave, e ele me ajudou a superar um pouco disso. Eu só ganhei [de volta] confiança através de Remington”.

Saúde Mental

Com certeza, Remi é mais do que apenas o “cão do beisebol”. De fato, desde que chegou à UNC durante a temporada de 2017, o papel do golden retriever se expandiu não oficialmente. Particularmente após a pandemia da Covid-19 e a crise de saúde mental que assola os campus universitários.

De acordo com dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, suicídios e tentativas de suicídio dispararam durante a pandemia entre jovens entre 12 e 25 anos de idade. Além disso, segundo o Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre pessoas entre 15 e 34 anos de idade.

Nos últimos dois anos, duas ondas de suicídio assolaram a universidade norte-americana. Neste período, pelo menos quatro alunos perderam as vidas, inclusive estudantes que faziam parte do quadro esportivo.

Acolhimento de Remi

Madi Pry, jogadora do time de futebol, diz que Remington tem proporcionado conforto aos atletas durante as difíceis conversas desde a morte de uma de suas colegas, Katie Meyer.

“Só ter algo que seja confortável quando se está tendo uma conversa difícil facilita a abertura sobre coisas assim. Se você sente que está em um lugar seguro, então é mais fácil ter essas conversas”, diz ela. “Para mim, Remington se tornou um ombro em que me apoiar se estou ansiosa ou nervosa ou simplesmente não estou tendo um bom dia. Ele me faz sentir bem, estando vulnerável com as pessoas que estão ao meu redor”.

“Todos nós passamos por lutas. Quando você falha, só de olhar para atrás e até mesmo olhar para Remi, ele lhe dá essa atitude positiva. Eu realmente sinto que Remi tem superpoderes”, completou o atleta Pitcher Nick Argento.

Outra jogadora, Shannon, diz que o golden retriever proporciona um caminho para que as pessoas tenham maior consciência de sua própria saúde mental. “Ele pode sentir quando alguém está lutando, seja por causa de um ferimento ou de um dia terrível. Ele proporciona conforto às pessoas, abrindo a porta para Rucinski fazer o check-in com o atleta”, explica.