A Engenharia de Materiais
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A Engenharia de Materiais

Artigo por António César Galhardi, engenheiro de materiais, especialista em Técnicas da Engenharia de Produção e Doutor em Engenharia Mecânica.

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Engenharia
Foto: iStock/EvgeniyShkolenko

A Engenharia de Materiais é o ramo da Engenharia que estuda e pesquisa novos materiais, além de desenvolver novas formas de uso para os já existentes. O engenheiro especializado nessa área seleciona, especifica e implementa os novos materiais e compostos na indústria e contribui para aumentar a qualidade dos itens fabricados, e com isto contribuir para a melhoria dos processos produtivos. Apesar de não ser um curso tão antigo e tradicional no Brasil, a Engenharia de Materiais vem se destacando nas últimas três décadas, no desenvolvimento de novos materiais, produtos e aplicações. 

A Engenharia de Materiais atua também para que os produtos que chegam até a sua casa sejam confiáveis. Oriunda da físico-química e da física do estado sólido, tem ainda como formação básica, disciplinas como Cálculo; Desenho; Computação; Inovação e Criatividade; Gestão Ambiental e Responsabilidade Social; Sociedade, Cultura e Cidadania;  mas principalmente Física e Química. Após os primeiros anos, se iniciam as disciplinas específicas, dentre elas: Comportamento Mecânico dos Materiais; Propriedades Mecânicas dos Materiais; Química dos Polímeros; Cinética de Transformações de Fases; Tratamentos Térmicos; Técnicas de Análise de Materiais; Processamento de Materiais; Reologia; Corrosão; Análise de Falhas; Ciência dos Materiais; Materiais Compósitos; Reciclagem dos Materiais; Design e Seleção dos Materiais; Corrosão e Proteção Superficial; Engenharia de Superfícies; Materiais Avançados; Projeto em Engenharia.

O Engenheiro de Materiais atua em diversos tipos de indústria, principalmente: indústrias de síntese e de transformação de polímeros, construção civil (louça e metais sanitários, vidros planos, revestimentos cerâmicos), metalmecânica (automobilística), eletrônica, embalagens,  e medicina. De maneira geral, o engenheiro de materiais se especializa em metais, cerâmicas ou polímeros; e em função disto pode atuar nos setores:

  • Pesquisa e Desenvolvimento: estudo de novos materiais, e combinações deles para o aprimorando de propriedades. Explora diferentes alternativas para uma determinada aplicação.
  • Gestão: planejamento, supervisão e a gestão da produção, dos processos de transformação, e das propriedades, desde a seleção da matéria-prima, a definição dos métodos e processos, a aplicação e destino do material.
  • Controle de Qualidade: estabelece padrões e roteiros de testes dos novos materiais e produtos.

A Engenharia de Materiais e a sociedade

A pesquisa e o desenvolvimento na Engenharia de Materiais impactam diretamente na sociedade, à medida em que aumenta a pressão para a otimização do uso de recursos naturais; apoia-se na obsolescência dos produtos para a promoção do crescimento econômico; e a decomposição dos materiais sintéticos pelo planeta. Ao pesquisar, desenvolver e apontar os materiais que serão utilizados, a Engenharia de Materiais assume um papel de responsabilidade pelos itens. E essa escolha não leva em conta apenas a qualidade dos materiais, mas, também, o impacto deles no meio ambiente.

Existe uma preocupação cada vez maior com o desenvolvimento de materiais biodegradáveis e não tóxicos. Além disso, o Engenheiro de Materiais atua no avanço com forte responsabilidade na otimização  de fontes primárias de energia como: petróleo, carvão, gás natural; tanto com relação à sua conservação, como na criação de novos produtos e serviços. As melhorias evolutivas dos materiais influenciam no aumento do desempenho e confiabilidade dos produtos; enquanto o desenvolvimento de novos materiais tem sido fundamental para o desenvolvimento de outros setores da sociedade como: transporte, saúde e energia.

No Estado de São Paulo as Universidades Públicas que oferecem Engenharia de Materiais são: Fundação Universidade Federal do ABC (UFABC); Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR); Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). E privadas: Universidade Presbiteriana Mackenzie (Mackenzie); Universidade São Francisco (USF); Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA).

Atribuições do CREA para o Engenheiro de Materiais

O Ministério do Trabalho, por intermédio do CONFEA, baixou a Resolução no 241/76 em 31 de Julho de 1976, publicada no Diário Oficial da União de 18 de Agosto de 1976, à folha 3.298, Secção I – Parte II; estabelecendo as atribuições do Engenheiro de Materiais, conforme segue: “supervisão, estudo, projeto, especificação, assistência, consultoria, perícia e pareceres técnicos; ensino, pesquisa, ensaio, padronização, controle de qualidade; montagem, operação e reparo de equipamentos e outras atividades referentes aos procedimentos tecnológicos na fabricação de materiais para a indústria e suas transformações industriais; e equipamentos destinados a essa produção industrial especializada, seus serviços afins e correlatos.”
 
A Engenharia de Materiais integra a Modalidade Industrial de Engenharia onde se incluem as Engenharias Aeronáutica, Mecânica, Industrial, Metalúrgica, de Minas, Naval, de Petróleo, Química, de Tecnologia de Alimentos e Têxtil. Essa categoria de Engenheiros está cumprindo uma função catalítica no desenvolvimento de novas tecnologias dentro das metas do Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Governo Federal. 
Centro de Pesquisa da Região.

Na região de Jundiaí-Campinas, está situado o CNPEM, Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Localizado em Campinas-SP, possui quatro laboratórios referências mundiais e abertos à comunidade científica e empresarial. O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) opera a única fonte de luz Síncrotron da América Latina e está, nesse momento, construindo o Sirius, o novo acelerador brasileiro, de quarta geração, para análise dos mais diversos tipos de materiais, orgânicos e inorgânicos; o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) desenvolve pesquisas em áreas de fronteira da Biociência, com foco em biotecnologia e fármacos; o Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) pesquisa soluções biotecnológicas para o desenvolvimento sustentável de biocombustíveis avançados, bioquímicos e biomateriais, empregando a biomassa e a biodiversidade brasileira; e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) que realiza pesquisas com materiais avançados, com grande potencial econômico para o país.

Os quatro Laboratórios têm, ainda, projetos próprios de pesquisa e participam da agenda transversal de investigação coordenada pelo CNPEM, que articula instalações e competências científicas em torno de temas estratégicos. O  CNPEM integra competências singulares em Laboratórios Nacionais para o desenvolvimento científico e tecnológico e apoio à inovação em energia, materiais e biociências. Atua nas seguintes frentes:

INSTALAÇÕES ABERTAS A USUÁRIOS EXTERNOS: compreende a implantação, manutenção, operação e ampliação de instalações abertas singulares, de alta complexidade tecnológica, disponibilizando-as para usuários externos e contribuindo, assim, para a produção de resultados técnico-científicos de alta qualidade

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO IN-HOUSE: reflete o envolvimento de pesquisadores internos em investigações de alto nível, em áreas de fronteira, equiparando o CNPEM a centros de ciência e tecnologia de classe mundial. A Pesquisa e Desenvolvimento in-house envolve execução de programas de pesquisa básica, aplicada e de desenvolvimento experimental definidos internamente ou por instâncias governamentais.

APOIO À GERAÇÃO DE INOVAÇÃO: está relacionado à promoção da inovação no País por meio de interlocução com empresas dos setores produtivos, parcerias em PD&I, transferência de tecnologias e materiais e prestação de serviços tecnológicos.

TREINAMENTO, EDUCAÇÃO E EXTENSÃO: compreende a organização de cursos de capacitação, treinamentos e outras ações educacionais voltadas à formação de pessoal qualificado em áreas e temas de competência singulares dos Laboratórios.

António César Galhardi é graduado em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (1981), Mestre em Engenharia e Ciência dos Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (1985), Especialista em Técnicas da Engenharia de Produção pela Universidade Estadual de Campinas (1992); Doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de Campinas (1998). Pós-doutorado em Administração pela Florida Christian University, USA (2005).

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

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