A Justiça do Trabalho do Brasil atrapalha a produtividade da economia
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Opinião

A Justiça do Trabalho do Brasil atrapalha a produtividade da economia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Martelo de juiz e balança da justiça
Foto: freedomz/Freepik

O Reino Unido está testando a redução na jornada de trabalho com o objetivo de aumentar a produtividade da produção e o bem-estar dos trabalhadores. O projeto, anunciado como a maior redução de jornada de trabalho do mundo, visa ajudar as empresas a reduzir o tempo de trabalho sem cortar salários ou renda. Testes semelhantes estão sendo realizados na Espanha, Islândia, Estados Unidos e Canadá, e estão programados para começar na Austrália e Nova Zelândia.

Esses avanços nas relações entre patrões e empregados são fundamentais para construir uma sociedade justa e equilibrada. Mas para ter êxito nessa missão, as instituições constituídas devem atuar com isenção na regulação, fiscalizar sem agredir e as intervenções devem ocorrer somente em casos de conflitos de interesses, justamente com o intuito de construir um ambiente favorável para todos.

É uma relação de extrema confiança entre os atores envolvidos, algo muito distante das relações entre capital e trabalho em países como o Brasil, que tem um conjunto de Leis atrasadas e legisladores omissos e preguiçosos, que preferem fazer remendos, os quais prejudicam os dois lados e transformam a Justiça do Trabalho em Tribunal Penal de exceção permitindo que juízes tomem decisões de acordo com o seu humor.

É grande o “apelo” para induzir o cidadão brasileiro para empreender, agências governamentais fazendo belas peças de publicidade, políticos falando com emoção sobre o tema, raros casos de sucesso sendo usados pela mídia para atrair novos aventureiros e com essas estratégias os perigos ficam escondidos na euforia de um sonho de sucesso. Analisar riscos econômicos e financeiros tem vários modelos que se bem aplicados permitem uma tomada de decisão racional.

Mas a insegurança jurídica não é possível mensurar, pois a mesma tem origem em um sistema com excessiva burocracia e sem lógica para mercados globalizados e competitivos. A Consolidação das Leis do Trabalho foi editada no ano 1943, época em que era comum a existência do exercício de funções laborais em condições sub-humanas e até de escravidão. Por isso, a lei trabalhista foi criada exatamente para ser protecionista e, assim, facilitar os meios de prova dos direitos alegados pelo trabalhador em esfera judicial.

Mas a sociedade avançou e as transformações são inevitáveis, porem não houve progressos nessa área de grande importância, e os ousados empresários continuam perambulando em aguas turvas infestadas de crocodilos. Empresa de grande porte tem estrutura jurídica e provisão monetária para se defender, mas esses recursos deveriam ser usados para aperfeiçoamento do capital humano, se o Estado brasileiro fizesse reformas não arranjos para atender determinados caprichos.

O pequeno empresário por sua vez, desprovido de estruturas jurídicas e sem margens de lucros para prevenção financeira, fica a mercê da rigidez de um código de conduta trabalhista punitivo. Muitos sem aporte financeiro para fazer os acordos propostos nas audiências em instancias local, são condenados e sem condição recursal, pois requer um deposito financeiro, passam a fugir da Justiça Trabalhista e sem meios para se defender, pode perder até a liberdade de conduzir um veiculo automotor, de possuir bens e ter uma conta corrente em um banco, levando uma vida indigente.

Alguns operadores da Lei comentam que é mais fácil defender um criminoso de alta periculosidade na Justiça Penal, a um empresário condenado nos antiquados Tribunais Trabalhista. Portanto são urgentes mudanças gerais e irrestritas nessa área muito importante para o desenvolvimento da economia. Pois sem isso a informalidade será utilizada como sobrevivência para empresários e os burocratas do Estado vão agir como justiceiros, acreditando que a punição vai equilibrar o jogo.

E nesse embate o trabalhador e o pequeno empreendedor ficam a mercê da vontade de legisladores retrógrados e sem compromissos com o avanço da sociedade. Precisamos de uma regulação estatal que estimule a produtividade dos fatores de produção, equilibrando os conflitos entre empresas e trabalhadores. “Primeiro vem o estômago, depois a moral”, Bertold Brecht, filósofo alemão.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

Opinião

Planejar a cidade

Artigo por Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí

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Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
Foto: Arquivo pessoal

Ao construirmos uma casa, necessitamos de planejamento e fundações sólidas. Assim também funciona com uma cidade: não há espaço para projetos desorientados, baseados em proposições meramente empíricas e desprovidas de sustentação orçamentária, sem unidade estratégica. O governador Mário Covas dizia que governar exige dizer sim, mas também dizer não. Acrescento que o que se diz, na prática, deve reverberar os…

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Os efeitos da escravidão promovida pelos colonizadores continuam impedindo o avanço da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

O Brasil em pleno século XXI ainda enfrenta distorções na economia e desigualdade social por causa do longo período escravocrata e pela maneira como ocorreu o processo de abolição. As deformações na economia brasileira foram criadas a partir do momento em que a escravidão foi mantida, pois era a base do sistema legal desprezando o capitalismo como sistema de organização…

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Opinião

Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

As projeções para a economia brasileira são positivas e o governo aproveita para promover as suas conquistas dando publicidade para a posição do Brasil no ranking das maiores economias global, e com isso vai camuflando o problema endêmico da distribuição de rendas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024…

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Opinião

Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

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Opinião

Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

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Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

É absurda e danosa à economia a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a cobrança retroativa de impostos não recolhidos no passado em razão de sentenças judiciais definitivas ganhas pelas empresas. Estas terão de despender agora expressivo volume de dinheiro com uma inesperada despesa, para arcar com algo que a própria Justiça havia estabelecido como indevido. É uma…

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