“Quem tem fome, tem pressa”
Conecte-se conosco

Opinião

“Quem tem fome, tem pressa”

Artigo por Miguel Haddad.

Publicado

em

Atualizado há

Tigela de comida vazia
Hoje, calcula-se que temos 33,1 milhões de pessoas vítimas de insegurança alimentar grave. (Foto: Stas_V / Canva)

Quem disse essa frase, na década de 1990, foi o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, fundador da ONG Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, que conseguiu, na época, avanços significativos na luta contra a fome no Brasil.

Infelizmente o que vemos hoje é o agravamento do quadro. Em 2018, segundo o IBGE, 10,3 milhões brasileiros estavam em situação de fome.  Em 2020, 19 milhões. Hoje, calcula-se que temos 33,1 milhões de pessoas vítimas de insegurança alimentar grave.  

É verdade que o início deste século tem sido difícil: enfrentamos uma pandemia, seguida de uma guerra na Europa, que afetou pesadamente a cadeia global de suprimentos, gerando uma crise econômica e a disparada da inflação – que impacta principalmente o preço dos alimentos.   E, como se não bastasse, temos pela frente a maior ameaça de todas, o desequilíbrio do clima, que se agrava a cada dia, colocando em risco o futuro da Humanidade.

As medidas contra o aquecimento global, embora lentamente, começam a ser adotadas. A dúvida é se serão implementadas com a urgência necessária para evitar o chamado “ponto de não retorno”, ou seja, quando as ações não forem mais eficazes. 

Quem tem fome tem pressa: nesse quadro, o mais urgente é o enfrentamento dessa situação. As medidas a serem tomadas já estão na mesa, algumas, como o Auxílio Emergencial, o chamado “sistema de bolsas”, já estão em andamento. O problema é que têm prazo de validade: serão encerradas no último dia do ano. Outras, como a garantia de benefícios fiscais a empresas – supermercados, restaurantes e estabelecimentos similares – que incentivem a doação de alimentos e a isenção da carga fiscal dos itens cesta básica, precisam ser implementadas. Por último, mas não em menor importância, criar e incentivar campanhas valorizando a participação da população, de forma solidária, como cada um puder, nesse esforço.

O problema é que a concretização dessas ações, claramente importantes e necessárias, carecem do sentimento de urgência para serem implementadas. 

O que falta, de fato, e que pode mudar esse cenário trágico, é o clamor popular. Foi o clamor popular que, nos idos de 1980, pôs fim à Ditadura. Desde então as grandes mudanças que assistimos se deram em decorrência da presença maciça do povo brasileiro nas ruas, na boa luta, defendendo o interesse nacional. 

Difícil, com a polarização, conseguir essa união agora. Estamos trocando o essencial pelo acessório. Mas temos de persistir. O Betinho, quando começou sua cruzada, tinha com ele apenas meia dúzia de apoiadores. 

Vamos esperar que essa polarização que nos divide, que racha famílias, chegue logo ao fim, e que possamos nos entregar, unidos, à luta pelas causas verdadeiras.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Opinião

Planejar a cidade

Artigo por Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí

Publicado

em

Por

Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
Foto: Arquivo pessoal

Ao construirmos uma casa, necessitamos de planejamento e fundações sólidas. Assim também funciona com uma cidade: não há espaço para projetos desorientados, baseados em proposições meramente empíricas e desprovidas de sustentação orçamentária, sem unidade estratégica. O governador Mário Covas dizia que governar exige dizer sim, mas também dizer não. Acrescento que o que se diz, na prática, deve reverberar os…

Continuar lendo

Opinião

Os efeitos da escravidão promovida pelos colonizadores continuam impedindo o avanço da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

Publicado

em

Por

Foto: Canva

O Brasil em pleno século XXI ainda enfrenta distorções na economia e desigualdade social por causa do longo período escravocrata e pela maneira como ocorreu o processo de abolição. As deformações na economia brasileira foram criadas a partir do momento em que a escravidão foi mantida, pois era a base do sistema legal desprezando o capitalismo como sistema de organização…

Continuar lendo

Opinião

Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

Publicado

em

Por

Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

As projeções para a economia brasileira são positivas e o governo aproveita para promover as suas conquistas dando publicidade para a posição do Brasil no ranking das maiores economias global, e com isso vai camuflando o problema endêmico da distribuição de rendas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024…

Continuar lendo

Opinião

Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

Publicado

em

Por

Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

Continuar lendo

Opinião

Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

Publicado

em

Por

Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

É absurda e danosa à economia a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a cobrança retroativa de impostos não recolhidos no passado em razão de sentenças judiciais definitivas ganhas pelas empresas. Estas terão de despender agora expressivo volume de dinheiro com uma inesperada despesa, para arcar com algo que a própria Justiça havia estabelecido como indevido. É uma…

Continuar lendo
Publicidade