Crise é um fenômeno natural do sistema capitalista
Connect with us

Opinião

Crise é um fenômeno natural do sistema capitalista

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

Published

on

Atualizado há

carteira com moedas de 1 real
Foto: user3802032/Freepik

O sistema capitalista por natureza está fadado a passar por ondas de otimismo e crise, essas ondas são provenientes do processo de evolução de sistemas anteriores, no qual o equilíbrio está justamente nessas flutuações. A depressão econômica tal como ocorrera no final do século XIX seguida por um rosário de desemprego, inflação e falências, ataca sem nenhuma causa visível. Os fenômenos ecológicos ou a guerra não podem ser responsabilizados por ela.

As sociedades industriais, muitas vezes, antes dos abalos se manifestarem, encontram-se num clima de euforia plena quando então, em um instante, como se fora um castelo de cartas, desabam. Desta maneira, as crises, parecem exercer uma espécie de maldição pairando sobre a vida moderna, segundo a qual, obrigatoriamente, depois de um período de exuberância e de  progresso a sociedade fatalmente é ameaçada por forças ocultas e pouco inteligíveis, mergulhando então no pessimismo e na desesperança. Como se no amplo mar da vida uma enorme onda de otimismo deve ser sempre seguida pelo refluxo da maré baixa do desânimo geral.

Recorrendo aos teóricos que debatem tal situação, na dialética de Marx, quanto mais o capitalismo avançava, menos gente era proprietária, mais estreitava o número dos poderosos e menos sobrava aos demais. Mediante esse desequilíbrio o economista judeu apontava que o colapso do capitalismo estava próximo.

Dois séculos após a morte de Karl Marx, a acumulação da riqueza está a cada dia mais aparente e como demonstra o relatório da Oxfran “A Desigualdade que Mata”, os dez humanos mais ricos do mundo dobraram suas fortunas durante a pandemia enquanto a renda de 99% da humanidade cai.

Isso pode ser explicado por um darwinismo social, no qual os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores chances de sobrevivência do que os menos ajustados, deixando um número maior de descendentes. Compreendendo que os meios de produção serão sempre controlados pelas mesmas famílias que reduzem a mais valia da força de trabalho.

No século XX, diversas interpretações sobre a essência das crises surgiram, quase todas atentas ao comportamento dos ciclos econômicos de prosperidade e depressão. Entre elas, os estudos do economista soviético Kondratiev que assinalava que elas obedeciam a um longo ciclo de cinco décadas, motivados por transformações tecnológicas, acompanhadas por demoradas depressões que se estendiam depois por décadas.

O pensador russo influenciou o economista austríaco de origem judaica Joseph Schumpeter.  Esse inseriu na matriz das causas da crise econômica, a variável tecnológica.  O capitalismo, para ele, desenvolvia-se em razão de sempre estimular o surgimento dos empreendedores. A inovação provocaria ondas de prosperidades e consequentemente a destruição de técnicas anteriores.

A expansão da tecnologia não perdoa os acomodados no ecossistema empresarial. Modelos de negócios, equipamentos, empresas, profissões, técnicas de processos de produção, serão massacrados pela expansão inovadora. Exigindo adaptações da sociedade a esse novo ambiente. Em todos os segmentos é possível observar essa destruição da invenção por ela mesma provocando até indignação a maioria das pessoas, como exemplos a evolução nos meios de comunicação de massa e na mobilidade.

Portanto a crise é um fenômeno inerente ao sistema de organização social da produção capitalista. Será que a evolução da sociedade vai surgir uma nova estrutura menos excludente? 

Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Opinião

Exportar não pode ser só um negócio da China

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).

Published

on

Rafael Cervone
Rafael Cervone é presidente do CIESP (Foto: Divulgação)

A divulgação recente dos resultados da balança comercial de 2024 evidencia um contraste marcante entre as economias da China e do Brasil. Enquanto o superávit do país asiático alcançou o impressionante recorde de US$ 992 bilhões, com um crescimento de 21% em relação ao ano anterior, o nosso foi de US$ 74,6 bilhões, representando o segundo maior saldo da história, mas com uma queda significativa de…

Continue Reading

Opinião

Por que menos é mais na era da saturação visual

Artigo por Lais Lumes, designer especialista em branding essencialista e fundadora do Lais Lumes Brand Studio.

Published

on

Lais Lumes
Foto: Arquivo pessoal

Estamos vivendo em uma realidade onde somos bombardeados por mais de 5.000 mensagens publicitárias todos os dias, por isso muitas marcas estão descobrindo que o caminho para se destacar não é gritar mais alto - é comunicar com mais clareza. Nós que somos consumidores, especialmente pós-pandemia, mostramos (e vemos) um aumento pela preferência de marcas que comunicam de forma mais…

Continue Reading

Opinião

Los Angeles em chamas e o alerta vermelho para o planeta

Artigo escrito por Miguel Haddad

Published

on

Incêndios em Los Angeles
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Os incêndios florestais que envolvem Los Angeles neste início de 2025 estão causando uma devastação sem precedentes. Pelo menos cinco vidas humanas já foram perdidas, além da dizimação da fauna e flora, construções reduzidas a cinzas e mais de 100 mil pessoas forçadas a abandonar suas casas. Ventos intensos espalham rapidamente as chamas, dificultando os esforços de combate e levando…

Continue Reading
Advertisement
Pular para o conteúdo